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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

06 dezembro 2017

Masturbação Teológica: Puxa, Encolhe e não Chega a Canto Algum



O “Drama do Gondim”, que diz ter abraçado a teologia apofática, não é novo, não é, sequer, dele, apenas, não tem qualquer originalidade, é o drama do homem diante do inexplicável, do êxtase do absurdo de um Deus que ama a quem dele se aproxima com fé, sem questões outras, crendo no imponderável, fazendo a dúvida sucumbir e a razão desvanecer ante a imensidão do amor que se manifesta na Graça.

De certo, diverte-me tanta polêmica com a questão do Gondim, debates inflamados, “teólogos” monolíticos defendendo sua ortodoxia calcificada, agressões espontâneas, paixões ideologizadas. O sábio do Eclesiastes daria gargalhadas de nossas questiúnculas, tomaria um bom vinho e apreciaria a nossa barbárie pseudo intelectual.

Escrito há 3.000 anos atrás, o texto do sábio oriental já apresentava os devaneios de quem não tem medo de pensar e inquirir a existência em busca de, ao menos, algumas poucas respostas. No capítulo 9, versos 2 e 3, ele nos expõe o drama humano, numa afirmação basilar, que carrega o desconsolo de todos nós. Afirma o pensador: “Todos caminham rumo a um mesmo destino, tanto o justo quanto o ímpio, o bom e o mau, o puro e o impuro, o que consagra sacrifícios e louvores e o que não os oferece. O que acontece com o homem bom, ocorre também ao pecador; e o que faz juramentos passa pelas mesmas circunstâncias que aquele que evita jurar. Este é o mal que paira sobre tudo o que se realiza debaixo do sol: todos nós estamos expostos ao mesmo destino”.

A perplexidade do autor do extraordinário texto sapiencial é a minha, a sua, a nossa! Quem ousar olhar para além do muro, quem abrir o entendimento para degustar outros saberes e não se afogar numa teologia minimalista, vai se deparar com a mesma questão, pois a dualidade do texto bíblico por ora nos revela um Deus que intervém na história, muda planos, usa circunstâncias, altera destinos, subverte a lógica, realiza o milagre, ao mesmo tempo em que, em outras situações, permite que o caos se estabeleça, que o inusitado nos surpreenda, que o pior plano seja executado, que a razão sucumba, que o justo morra, que a questão se revele irremediável e inamovível.

E tem explicação? Tem não! Deus não é para ser explicado, é para ser crido, o justo não viverá pelo método, mas pela fé, isso é tão elementar que avançar um milímetro para além é blasfêmia e arrogância.

Deixa, então, o Gondim crer no que ele quiser, eu prefiro a sua honestidade de confessar sua incapacidade de crê na cartilha protestante reformada do que a hipocrisia travestida de segurança dogmática dos que defendem a providência de um lado e se contorcem em angústias noturnas do outro, sem conseguir explicar o óbvio da vida. Queria ver essa gente diante da calamidade de enterrar um filho, ou ao receber a notícia do câncer metástico, que confere ao enfermo três meses de vida, se ainda encararia a “providência” da mesma forma. Na prática, minhas convicções teológicas não conseguem, sequer, explicar porque nasce o são e o cego, quanto mais questões singulares da vida, posto que a tragédia do outro é sempre suportável para quem assiste a calamidade da calçada da arrogância teórica.

Assim, podemos chamar de teologia apofática ou teologia da negação aquela que apregoa um Deus que não pode ser definido ou explicado, como bem disse Karl Barth, isso acontece por que ele é o “Totalmente Outro”. A teologia autofágica, por sua vez, é aquela que se basta, que come a si mesma, que se alimenta de um deus criado, um deus a semelhança do homem, com a razão humana, com as inquietações e angústias dos seres humanos, um deus para consumo da religião, ensimesmado, malicioso, cheio de cabrestos morais, ranzinza, neurótico, empestado de ódio pela criação, vingativo, que precisa mostrar seu poder mandando maldições e despejando saraiva e fogo sobre a humanidade perdida.

Certo, mesmo, estava o sábio do Eclesiastes, que num texto de apenas 12 capítulos questiona Deus, faz asseverações realistas, permite-se realizar conjecturas absurdas, contraria a teologia vigente, assume contornos epicuristas, apropria-se de questões ateístas, veste-se com a dúvida, flerta com a loucura, toma um porre de desrazão e conclui, como não poderia deixar de ser, dizendo: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: teme a Deus e guarde os seus mandamentos”, ou seja, ainda que todas estas inquietações me habitem, pois sou feito do barro das contradições, Ele continua sendo bom, Ele continua sendo Deus!

Portanto, creia-me, o Todo Poderoso está no mesmo lugar de sempre e o seu amor ainda é a razão de tudo ser e existir. O mais, meu bro, é masturbação filosófico-teológica de quem, na verdade, nunca quebrou uma unha e não sabe que o chão da vida é feito de perdas, dramas e dores... CM

Carlos Moreira

20 novembro 2017

Desculpe, mas Eu não Quero ser um "Ministério"



No meio cristão é muito comum você ouvir a expressão “Esse é o meu ministério, a cruz que tenho que carregar”. Sim, para muitos, viver a fé é carregar pesos, é sofrimento, é amargor de espírito e fastio de alma.

Quando esse entendimento se torna o farol da consciência, todo caminho é de pedra e todo chão é terra rachada e seca.

Creia: eu não quero ser um “ministério” na vida de ninguém, não quero ser tolerado, não quero receber um amor “piedoso”, culpado, imposto. Eu não quero ser um “ministério”, não desejo ouvir palavras embaladas em meias verdades, não quero andar com quem me assassina todo dia no coração, que me censura com olhares velados e me despreza com abraços falsos e risos toscos. Não, me desculpe, eu não quero ser um “ministério” em sua vida, não desejo sua compaixão de ocasião, motivada por uma espiritualidade que se professa com arrogância, uma santidade que exclui, um sentimento de pertencimento a uma casta da qual só os “iluminados” podem fazer parte.

Assim, deixe-me longe de tudo isso, não me dispense, sequer, um minuto de atenção, como bem disse o Cazuza, “Estou farto da caridade de quem me detesta”, portanto, fique longe de mim se, por algum motivo, me tornei um saco de chumbo nas suas costas ou um azorrague rasgando a sua carne.

Que se acheguem a mim os impuros, os imperfeitos, os “desviados” da religião, gente que abraça com vigor, que senta em mesa de bar e dá risada dobrada, que liga nas noites frias e diz coisas que só os poetas embriagados são capazes de falar. Sim, quero ser o alvo de flechas de amor, quero ser transpassado pela solidariedade de quem sabe o que é lamber o chão da vida porque a queda se tornou inevitável, estou em busca de gente sem pedigree espiritual, mas com coração de carne, gente que não tenha a plástica religiosa e a performance do templo, aqueles que desprezam a homilética teológica que se tornou glacê para compor um discurso que congela até o sangue nas veias.

A verdade é que cansei dessa santidade feita de madeira de cedro, cansei de gente que não enverga, que fez da letra sagrada uma arma para matar o outro, que se sente bem em excluir e que ama os primeiros lugares na fila da indulgência e do cinismo. Quero andar com os profanos que se alegram com coisas simples, com os caídos que ainda sabem sorrir do nada, com os pecadores que despejam sentimentos que aquecem a gente em dias sombrios, com os desvalidos que sentam no meio fio quanto a noite chega, só para dizer “Eu estou por aqui...”.

Definitivamente, e me perdoe por tal, mas eu não quero ser um “ministério” na sua vida...


Carlos Moreira



07 novembro 2017

Linha Cruzada: Quem Entrou no seu Caminho e Alterou sua História?

Não há coisa mais poderosa na vida e que é capaz de alterar o caminho de um homem ou uma mulher do que certos encontros humanos. Sim, há pessoas que, ao cruzarem o nosso caminho, produzem uma alteração, por vezes definitiva, da rota existencial que já estava previamente traçada. Como pastor, sou testemunha destes fatos, de como a entrada de alguém em nossas narrativas pessoais pode, por vezes, ser desastrosa, afetando nossas relações mais próximas, mudando nossa matriz de valores, podendo nos levar a tomar decisões precipitadas e que venham a produzir desdobramentos na área profissional e financeira. Já assisti o desastre que certos indivíduos proporcionaram na história de outros, de como o caminho de gente boa foi alterada para pior, em alguns casos, inclusive, de forma irreversível, o que gerou verdadeiras tragédias. Isso já aconteceu com você? Você acha que não há mais volta? Que não tem, mesmo se livrando de vínculos adoecidos que se estabeleceram, como voltar a ser a pessoa que você era antes? Assista esta mensagem e compreenda como se constrói a anatomia da tragédia neste tipo de situação. Previna-se!


 

01 novembro 2017

O Engano Religioso Cria a Fé no Deus-Diabo

Você sabe o que são Gárgulas? Trata-se de esculturas que eram colocadas na cobertura dos prédios, sobretudo aqueles em estilo gótico, justamente no encontro das calhas de drenagem das águas das chuvas. Serviam, na verdade, como um recurso arquitetônico e artístico, mas acabaram se projetando para muito além disso... Na idade média, as Gárgulas elas eram vistas como figuras demoníacas e monstruosas, em formato meio humano, meio animal e, segundo crenças antigas, foram colocadas nas Catedrais Cristãs para agir como uma espécie de amuleto para afastar o mal, como se fossem guardiãs da igreja com vistas a manter espíritos malignos à distância. Outra crendice atribuída as Gárgulas era a de que elas serviam como protetoras dos sacerdotes e dos crentes contra seres malignos que quisessem entrar no santuário, era uma tentativa de fazer medo ao demônio com seu próprio veneno. Talvez para nós, que fazemos parte da sociedade contemporânea, esse tipo de crença seja algo totalmente incompatível, ainda que não raras correntes religiosas trabalhem com elementos mágicos e místicos em suas liturgias e ofícios. Mas, há 10 séculos atrás, essas crenças eram sustentáveis, ainda que nos pareçam contraditórias. A questão é: como compreender a presença de demônios na fachada da igreja? Que tipo de fé pode suportar a convivência pacífica entre as imagens dos santos, do lado de dentro das catedrais, e de monstros, do lado de fora? Que tipo de espiritualidade bizarra é essa que faz as coisas de Deus se travestirem com a aparência daquilo que é atribuído ao diabo? Convenhamos, o mal não pode ser combatido com o próprio mal, nem as trevas com a escuridão! Não se expulsa Satanás em nome de Belzebu, nem se combate a maldição com o agouro! Mas o fato é que o engano religioso tem esse poder de produzir na vida das pessoas uma enorme contradição, ou seja, o indivíduo é levado a praticar um tipo de fé na qual Deus fica parecido com o diabo e onde as práticas realizadas em seu nome nada têm a ver com Jesus e com o Evangelho. Seu Deus se parece com quem? Essa é a questão que trataremos nessa mensagem. Assista!


 

05 outubro 2017

Brasil, Mostra a Tua Cara!

“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua Nação”. 2 Crônicas 7:14 Na semana em que a Exposição de Arte do Santander gerou mais protesto e revolta do que a denúncia do Procurador Geral da República sobre a organização criminosa da qual o Presidente da República faz parte, fica exposta uma questão inquietante: o que nos resta esperar da Nação Brasileira? Somos vítimas de nós mesmos, de séculos de exploração, de subserviências culturais históricas, de um sistema empresarial predatório que vem desde a Colônia, das eternas convalescências no sistema de educação, de uma classe política promíscua e a serviço das grandes fortunas, de uma democracia mantida artificialmente, que manifesta uma retórica na Constituição e uma prática social perversa, que só fez produzir entorpecimento de mente e coração, desigualdade e injustiça. Diante da falência absoluta da moral, dos bons costumes, da ética, dos valores mínimos necessários a uma sociedade funcionar e sobreviver, cabe-nos questionar: onde está a Igreja de Jesus Cristo diante desta situação? O que ela tem a dizer? Quem são seus representantes? Que legitimidade possui? Como a população enxerga seu papel e seu valor diante das crises? Diz a Escritura, que sem arrependimento não há misericórdia. Sim, sem confissão de culpa e quebrantamento, Deus não se move a favor de ninguém, entrega-nos a nós mesmos, silencia em profunda tristeza, permite que “devoradores” entrem na cena da existência humana para destruir aquilo que ainda está de pé. Por isso, na história de Israel, o profetismo foi tão significativo, pois o confronto dos reis – em sua representação política – e dos sacerdotes – em sua representação religiosa, não podia ser negligenciado, sob pena de extermínio na Nação. Olho para este cenário e choro diante da falta de quem possa representar a voz de Deus. Estamos diante da mesma realidade de Isaías, quando o Senhor exclamou: “A quem enviarei? Quem há de ir por nós?”. Assista a mensagem!


 

03 outubro 2017

Marionetes Humanas: Quando os Deuses Manipulam as Pessoas

“Não há povo tão bárbaro, tão primitivo, que não admita a existência de Deus ou um deus ou vários deuses, ainda que se engane sobre sua natureza.” Cìcero, filósofo romano do século I a.C. Quando estudamos sobre a história das religiões na civilização humana, percebemos como a crença de que os deuses determinam o destino das pessoas – tanto lhes fazendo o bem quanto o mal – é algo presente na fenomenologia da fé. Desde o Egito antigo até os nossos dias, a medida em que a razão humana destruía os mitos divinizados, outros deuses surgiam em seu lugar, pois a necessidade de crer num ser transcendente é algo intrínseco ao ser humano. Foi assim que as divindades cananeias, ligadas a agricultura, foram sendo substituídas pelos deuses assírios-babilônicos voltados para a guerra. Em seguida, divindades persas habitando camadas espirituais e os mitos gregos em forma de monstros foram sucumbindo as descobertas da física, da matemática e da filosóficas a partir do século III a.C. Surgia, assim, o panteão dos deuses greco-romanos, onde houve hibridização entre o divino e o humano. Na idade média, o cristianismo dominou boa parte do mundo civilizado, mas a revolução industrial e científica do século XVI, associada ao iluminismo, fez com que a crença em um mundo teocêntrico fosse, paulatinamente, eliminada, preparando o caminho para o que vemos agora na idade contemporânea, que é o surgimento de um novo deus, criado pelo homem, capaz de satisfazer suas demandas e prover respostas às suas questões: a inteligência artificial. Em todas estas etapas do desenvolvimento humano, contudo, o que temos em comum é a crença de que deuses e demônios interferem em nosso destino e mexem com nossa vida. A eles são atribuídas nossas conquistas e tragédias, o bem e o mal que nos sucede debaixo do sol, o que nos torna, irremediavelmente, marionetes nas mãos de seres metafísicos, peões indefesos no tabuleiro da vida, peças de joguete manipuladas pelo humor de seres que habitam outras dimensões. Você sente isso? Acredita que o que lhe sucede de bom na vida é a premiação de Deus, ou de forças do bem, e o que lhe ocorre de ruim é castigo e punição dos demônios, ou das forças do mal? Em seu maniqueísmo, você perdeu sua autonomia de ser, tornou-se apenas um pirilampo sendo marionetado pelas forças que existem nos multiversos do cosmo? Assista e mensagem e torne-se livre pelo poder de Jesus!


 

30 setembro 2017

Toda Nudez Será Perdoada



“... Percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si ”. Gn. 3:7.

O texto revela o nascimento da consciência humana, agora capaz de discernir não somente o bem, mas também o mal. Adão e Eva estavam nus desde sempre, mas não se percebiam nus, não havia neles uma preocupação pudica ou moral, nem um sentimento erótico quanto a esse fato.

Como sabemos, Gênesis 3 possui uma narrativa mítica, mas serve, perfeitamente, para demonstrar como se deu o processo de construção de nossos valores, uma vez que se utiliza da nudez como forma de estabelecer conceitos como “certo” e “errado”. Desta forma, levando-se em consideração uma consciência em estado ainda infantil, não seria possível usar uma analogia muito diferente desta, portanto, a nudez ali não é a questão principal, uma vez que o ponto a debater não é a moral religiosa que herdamos da cultura judaico-cristã, nem muito menos algo ligado a sexualidade, mas, como o nosso olhar constrói o que, para nós, é certo ou errado, é bem ou mal.

Ora, eu não sou Deus, não sou capaz de julgar sem um viés entre o que é bom e o que não é, uma vez que estou aculturado e impregnado pela cosmovisão do mundo que habito. Eu não sou absoluto, como ele, mas relativo, meu olhar só consegue compreender as coisas a partir daquilo que já está instalado em mim como consciência pois, de outra forma, o que olhasse nada poderia me dizer.

Assim, quando o texto do Gênesis estabelece o conceito da moralidade (bem/mal) ele o faz da perspectiva humana, foram Adão e Eva que se perceberam nus, não foi Deus quem os avisou de tal fato mandando que se vestissem, donde se depreende que a moral religiosa não tem nada a ver com a Ética do Reino de Deus.

A não percepção desta verdade subjacente, a qual se encontra para muito além do “estar nu”, foi o que estabeleceu o paradigma que se ancorou na força do pressuposto religioso, o que fez com que o corpo, sobretudo os órgãos sexuais, fossem censurados e tidos, por nós, como meios pecaminosos.

Na verdade, o trato da igreja com o corpo e a sexualidade está fartamente influenciado pelo pensamento filosófico agostiniano que, além de neoplatônico, está "afetado" pelo seu próprio censo moral. Assim, o cristianismo tem estabelecido para si uma moral que é cultural e temporal, mas o Evangelho nos chama a viver a ética do Reino, atemporal e universal.

O corpo, portanto, não é feio, nem a nudez pecado, como querem ensinar os líderes religiosos, o que fez o homem ser expulso do paraíso não foi o sexo, nem o estar nu, mas o desejo de ser igual a Deus, a liberdade sem responsabilidade, a independência egoísta.

Tudo isto que disse até aqui foi para que eu pudesse afirmar que nudez é uma coisa e erotismo é outra. A nudez é a manifestação expressa da beleza do corpo, o erotismo, por sua vez, tem a ver com a forma como eu vejo a nudez, pois está pigmentado pelos meus conceitos e valores, minha visão de mundo e da vida.

Não é o corpo que é erótico, é a alma, como bem definiu a poetiza e filósofa Adélia Prado. O mal, portanto, não está naquilo que eu vejo, mas no “como” eu vejo, não está na nudez, mas como essa nudez se traduz em mim a partir de meus sentidos e dos conteúdos que eu carrego.

Fica, portanto, a dica, para quem quer andar livre, sem questões morais, mas tendo sempre o bom senso e a boa consciência como companheiros de jornada: olhe com amor, pois, sem amor, até o belo lhe parecerá feio. Traduzindo isto nas palavras insuperáveis de Jesus: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luz”...


Carlos Moreira


19 setembro 2017

"CURA GAY"?



Durante a era clássica, Estado e Igreja criaram e mantiveram estabelecimentos de controle e exclusão com vistas a neutralizar “devassos”, “feiticeiros” e outros desviantes para que não tivessem contato com a sociedade.

Em seu livro sobre a “História da Loucura”, Michel Foucault nos expõe essa realidade dramática e revela que, entre os “desviantes”, estavam também ou loucos, portadores da desrazão e, por isso, necessitados de ser isolados dos demais. A regra, portanto, visava o extermínio social, algo como: já que não consigo lidar com isso, então melhor que eu ampute essa gente do viver civilizartório.

A decisão de ontem de um Juiz Federal sobre liberar profissionais da saúde mental a exercer a chamada “Cura Gay”, ou seja, o uso de métodos não reconhecidos cientificamente para buscar erradicar a natureza homossexual de pessoas assim assumidas, ao meu ver, estabelece grande retrocesso no trato com a situação e os direitos dos homossexuais, além de representar, ainda que sutilmente, a necessidade de confinar, senão numa cela, mas num “diagnóstico”, aquele que não é igual a mim.

A decisão representa um desejo presente no inconsciente coletivo brasileiro, impregnado por questões religiosas ultra-conservadoras, que afirma algo como: “Já que não podemos trancá-los, institucionalizá-los ou amordaçá-los, vamos tratá-los como doentes, assim enquadramos seu comportamento como patologia e reforçamos nossa tese de que essa gente se constitui seres com “defeito de fabricação”.

Na verdade, o que está posto lida com a questão da homossexualidade como comportamento, e não como orientação, algo totalmente diferente, pois o comportamento pode ser mudado, a orientação não, pois representaria uma violência contra a natureza do indivíduo.

Eu tenho a certeza de que, profissionais sérios de saúde que lidam com estas questões, uma vez procurados por alguém com dificuldades com sua sexualidade, farão o possível para ajudar sem que a causa tenha contornos ideológico-religiosos. Contudo, uma vez que o Estado legisla sobre algo, e dá certa "legalidade" ao tema, abre precedentes não só jurídicos, mas sociais e filosóficos, para que haja o recrudescimento da questão e um retrocesso em conquistas adquiridas com muita dor e sofrimento.

Assim, repudio a decisão, repudio a cassação, repudio o preconceito, repudio a tentativa de tornar igual quem é diferente, e repudio a tese religiosa de que Deus não ame o homossexual não existindo para ele a possibilidade da salvação. Em Jesus, não há héteros ou homossexuais, a Graça foi derramada sobre todos, para todos e quem a abraçar terá a chance de celebrar, no último dia, a Festa do Perdão!

Portanto, não estamos diante do auxílio a pessoas que não estão confortáveis com sua condição sexual, mas do uso de métodos de "regressão", através de instrumentos não científicos, que na esmagadora maioria dos casos se revelaram inócuos e só serviram para aumentar traumas e medos, com vistas a tornar o indivíduo "normal" segundo um olhar profundamente ideologizado.

Quem quiser deixar de ser gay que deixe, por livre e espontânea vontade, e que busque meios sadios para tal, quem quiser ser, assumindo-se como de fato é, que seja, e que a sociedade respeite a escolha de cada um, pois ser homossexual nem é doença, nem crime, nem atentado a nada ou ninguém.

Carlos Moreira






14 setembro 2017

Esqueletos no Armário: o que a Vida Encerrou e Você Insiste em Manter

“Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio”. Ec. 7:8. A sabedoria da vida nos ensina que o tempo pode ser um bom companheiro. Sim, o tempo é capaz de melhorar as pessoas, amadurecê-las, torna-las aptas a enfrentar as situações mais incontornáveis. Assim, o fluxo natural da existência deveria ser aquele que faz com que os cabelos brancos e as rugas sejam proporcionais a um coração quebrantado e um espírito manso. Mas nem sempre é assim... Eu tenho participado da história de muitas pessoas. Como pastor, aconselho decisões difíceis, me envolvo com dramas impensáveis, por vezes, vejo-me exposto a realidades dramáticas. E em tudo isso, que se constituí vasto material para minha própria aprendizagem, me dá tristeza quando percebo que o tempo, ao invés de produzir seus desdobramentos próprios no indivíduo, apenas o tornou pior, mais enrijecido, mas ensimesmado, mas prepotente. Surpresa maior é quando se trata de alguém que afirma conhecer a Deus, pois a síntese da mensagem do Evangelho passa pela reinvenção do ser, pela ressignificação da consciência e por uma nova matriz de valores, o que desemboca, de forma inconteste, na encarnação de uma outra história existencial. Como é trágico ver que, em muitas situações, a vida encerrou o caso e nós ainda insistimos em dar continuidade ao processo. Quando isso acontece, figuradamente, é como se estivéssemos pendurando esqueletos no armário, permitindo que a alma se torne um ossuário, um depósito de faturas pendentes contra as pessoas que nos magoaram ou mesmo nos fizeram mal. Viver assim é carregar um fardo que não nos deixa nem na hora da morte, pois os fantasmas do ódio, da inveja e da amargura teimam em nos visitar a cada manhã. Assista a mensagem e fique livre e em paz!


 

Apenas, Símbolos...



Jesus, em sua forma de ensinar, usou símbolos da cultura judaica, sobretudo, nas suas parábolas.

Foi assim que o vimos falar do grão de mostrada, do cordeiro, do pão, da videira, da água, do óleo, do peixe, todos elementos ligados a agricultura e a pecuária, base de sobrevivência do povo judeu.

Na verdade, o Galileu sabia que era muito mais fácil eles entenderem argumentos doutrinários a partir de imagens projetadas do cotidiano, e ele não se furtou a usar estes recursos.

Mas nada em Jesus é sacralizado a não ser a vida. Sim, pois em seu tempo, havia diversos objetos de culto no Templo, como a bacia, a mesa da proposição, o véu do reposteiro, os candelabros e o altar do incenso. Eram ornamentos belíssimos, obra de artífice, mas não se vê o Senhor fazendo apologia ou adoração a nada que fosse inanimado.

Portanto, ainda que eu entenda que os símbolos nos ajudam a compreender certas verdades, também compreendo que a única coisa que devemos tornar santa é a vida, preciosa que é aos olhos de Deus. A vida é o culto e os símbolos deste culto estão presentes na vida: graça, misericórdia, perdão, bondade, solidariedade.

Eu sei que a tradição da igreja sacralizou diversos símbolos e os tornou objetos de culto a Deus. No cristianismo, como em outras religiões, existe uma enormidade de artefatos sobre os quais se atribui a personificação do sagrado.

Mas, no Evangelho, nós não encontramos nada disso. Para Jesus, sagrado é aquilo que se carrega no coração e na consciência, e não a representação da obra humana em forma de totem.

Não desmereço os símbolos da fé que herdei, mas não os trato com nenhuma reverência que vá para além do reconhecimento de sua historicidade. Eu defendo a sã doutrina, não um crucifixo, defendo os valores do Reino, não um altar de madeira ou de pedra, defendo as Escrituras, não as representações de afrescos e pinturas, ainda que retratem personagens da fé.

Desta forma, os verdadeiros símbolos que os discípulos de Jesus carregam são: o seu Sangue, aspergido em nossa consciência, que propicia a remissão de pecados, o selo do seu Espírito em nossos corações, penhor da salvação e a manifestação dos valores do caráter de Deus, materializados em nossas ações.

Como podemos ver, todos são símbolo invisíveis e intangíveis, para que nada nem ninguém possa roubar a glória que é, única e exclusivamente, de Deus. Desta forma, quem quiser que brigue por causa de símbolos, eu, todavia, prefiro fazer com que o grande símbolo ainda continue sendo o amor...

Carlos Moreira


20 agosto 2017

A Tristeza é Combustível!



“Não se mexe em time que está ganhando”, diz a sabedoria popular e os 200 milhões de técnicos brasileiros, mas se mexe em time que está perdendo! Sim, a perda é construtiva, é inspiradora, é renovadora e pode nos impulsionar na vida, nos catapultar a novas experiências.

Como filhos dos gregos, que somos, aprendemos a só valorizar a vitória, as conquistas, a buscar um tipo de felicidade platônica, aquela que constrói a existência idealizada, longe das aflições e tribulações corriqueiras do chão da vida.

Vejo as pessoas passarem seus dias tentando evitar a dor, o sofrimento, a decepção. Buscam, a todo custo, uma forma de se blindarem contra aquilo que não produza prazer ou satisfação, fogem de decisões difíceis, escolhem atalhos, evitam o confronto.

Eis aí está a nossa tragédia! Pois a tristeza é combustível, degustá-la é preciso, ela pode trazer-nos momentos preciosos, é capaz de aguçar a consciência, de nos levar a reflexão, ao reconhecimento do erro, a ponderação e até ao ócio criativo. Não a toa, diz o sábio do Eclesiastes: “Com a tristeza do rosto, se faz melhor o coração”.

De fato, é na solidão e na cinza das horas que aprendemos valores mais excelentes para o existir, é quando falimos que damos o valor devido ao trabalho, quando nos separamos entendemos o quão precioso é ter alguém para partilhar a dureza dos dias, e quando adoecemos passamos a valorizar mais a saúde e o bem estar.

Eu lembro que na década de 1980, a IBM passou por uma grave crise e precisou se reinventar. Ela perdeu terreno para a Microsoft e para a Apple, duas empresas de “fundo de quintal”, criadas por jovens empreendedores, mas que despontaram para ser protagonistas na nova era da microinformática, aproveitando o espaço deixado pela gigante dos computadores. Mas o aparente fracasso, levou a companhia a buscar novas alternativas e a se requalificar e, em menos de uma década, a IBM já despontava novamente como uma das “big five” da tecnologia mundial.

Creia: a tristeza tem um valor inestimável! Muitas das produções de gênios da modernidade e da era contemporânea se deram em meio a depressão e melancolia, a solidão e a profunda tristeza. Foi o caso do maestro Beethoven, do pintor Van Gogh, da escritora Clarice Linspector e do filósofo Nietzsceh. Vinícius, o nosso “poetinha” da Bossa Nova, afirmou certa feita que pra se fazer um samba era preciso um bocado de tristeza, pois a dor é o tempero da poesia e das grandes composições.

Você está triste? Então pegue a sua dor e crie algo novo, reveja conceitos, revisite ideias que foram descartadas, pinte uma tela, escreva um poema, faça uma canção, produza uma inovação, abra um negócio, mande flores para a mulher que não lhe dá bola, tome um banho de chuva, saia do casulo e abrace a vida, pois ela, certamente, lhe recompensará.

Portanto, não se deixe vencer pelo pieguismo, não seja auto-indulgente, nem sucumba ao vitimismo, pegue sua tristeza e entre na passarela, cante o coro em voz alta: "Foi um rio que passou em minha vida, e meu coração se deixou levar". 



Carlos Moreira





15 agosto 2017

Acumuladores: Quando o Entulho da Vida faz mal ao Coração

“Dai e dar-se-vos-á”, disse Jesus. O princípio ensinado, diferente do que se pensa, não é que você não pode ter, ou que a riqueza é um problema em si, a questão é de distribuição, a advertência é contra o acúmulo, quanto a ter em demasia e também ao fato da mente se viciar na apropriação que produz avareza e egoísmo, pois quando repartimos, exercitamos um lado pouco desenvolvido em nós: a generosidade. Mas o homem insiste em caminhar na contramão de Deus, quer construir a sua própria “Torre de Papel”, gasta a vida para ajuntar, conquista o mundo inteiro e perde a sua alma, enriquece e adoece, o que ganha nos negócios, gasta no psiquiatra, o que entre pela boca como ambição, entra igualmente em pílulas contra depressão e ansiedade. Por isso o Galileu advertiu: “Não acumulem riquezas na Terra...”. Temeridade, todavia, é imaginar que ele falava apenas do acúmulo do vil metal. De forma alguma! Jesus apenas exemplificou, pois disse que “Onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração”, ou seja, falou que tudo que acumulamos na vida se torna aquilo que faz com que a existência gire em seu entorno. Assista a mensagem e alivie o coração das cargas que a existência produz.


 

01 agosto 2017

A Igreja e a Geração dos Mortos-Vivos

Na idade média, era prática comum enterrar as pessoas dentro de igrejas. Famílias influentes, ricas e poderosas, tinham seus próprios jazigos nos corredores e assoalhos das catedrais, assim como bispos e autoridades sacerdotais também. Ser sepultado neste “solo sagrado”, de preferência em locais próximos ao altar, era privilégio para poucos. Com a pandemia da peste negra na Europa do século XIV, que dizimou aproximadamente 75 milhões de pessoas, o sepultamento em igrejas tornou-se algo inviável por questões de saúde pública, e assim surgiram os cemitérios como nós os conhecemos hoje. Eu tenho considerado a igreja dos nossos dias como cemitério de gente, com uma distinção fundamental em relação ao passado: hoje as pessoas estão sendo enterradas vivas, elas vão sendo sepultadas cirurgicamente: primeiro mata-se quem o indivíduo é, sua singularidade, depois castra-se seus sonhos, algema-se sua mente, reprime-se suas vontades, até que ele se torna um ser sem alma, sem paixão, sem alegria, sem vitalidade, sem brilho no olhar. Sim, neste tempo, a religião criou a “Fábrica dos Zumbis”, uma indústria de produção em série de mortos-vivos, gente que não tem o menor entendimento do que significa o Evangelho e, muito menos, o que implica seguir a Jesus. E assim milhões vão se arrastando pela vida, maltrapilhos de afetos, amputados de generosidade, leprosos de coração, dessensibilizados, eles ouvem, mas não compreendem, veem, mas não discernem, estão hipnotizados por uma ideologia que mata sem que o indivíduo sinta dor. Assista a mensagem e permita-se confrontar pelo Espírito!


 

27 julho 2017

Um Dia de Cada Vez



“Basta para cada dia seu próprio mal”. São palavras de Jesus e ele sabia bem o que estava dizendo.

Sim, por que você pode suportar o acúmulo de problemas de um dia, uma desilusão, um plano frustrado, um momento de ira, um desacerto conjugal, a chatice do chefe, o engarrafamento, o preço do combustível, mas você não pode suporta essas coisas quando elas se acumulam, quando se somam na linha do tempo e se transformam nos dramas da semana, do mês, do ano, e de muitos anos...

Quem faz isso, já sabe o resultado: adoece. Adoece o corpo, por que somatiza as dores acumuladas e adoece a alma, com depressão, ansiedade e pânico. Só uma pessoa que pensa ter alma de lata, coração de pedra e nervos de aço pode alimentar a ilusão de suportar o acúmulo de problemas que estão relacionados às dinâmicas da existência. De certo, pessoas normais, certamente, sucumbirão a essa rotina perversa, pois não há musculatura espiritual que suporte viver esses dramas para além de um único dia!

“Não se ponha o sol sobre a vossa ira”, foi outra dica de Jesus. Veja como ele trata do hoje, como não projeta nada nem para frente, nem olha para trás. Trocando em miúdos as palavras do Galileu: não deixe que aja acúmulo do mal no ser, pois o volume destas coisas intoxica a gente, produz infecção generalizada e nos inviabiliza para a vida.

Ora, é certo que os problemas humanos estão sempre contidos entre o ontem e o amanhã, pois nós sofremos pelo que já foi e ansiamos pelo que ainda virá, simplesmente, esquecemos de viver o agora!

Portanto, seja feliz hoje, ou seja infeliz hoje, amanhã, tudo pode mudar, não prolongue nada, zere a conta no final do dia, deixe as mágoas e desilusões escorrerem pelo esgoto, fique livre do mal, saia leve, deite em paz, durma tranquilo, aquele que governa o Universo está olhando para você, e ele sempre conspira para lhe fazer o bem.



Carlos Moreira










25 julho 2017

O Suicida vai para o Inferno?



Se eu acredito que Deus condenará um suicida ao inferno de fogo? Jamais. Quem sai da vida porque viver é pior do que morrer deliberou um ato extremo para tentar encontra paz e pacificação. Certamente, o Pai o acolherá e lhe enxugará dos olhos toda lágrima.

A maior parte dos que sustentam a condenação do suicida o fazem baseados numa afirmação de Paulo na carta de 1ª Coríntios capítulo 3 versos 16 e 17. Ora, para mim, o simples fato de Jesus nunca ter tocado no tema já abre um precedente insuperável para que nós não tentemos legislar nada, onde ele calou. Mas vamos ao texto:

1ª Co. 3:16-17 (Versões de Almeida no Brasil)
Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós.

Agora, o mesmo texto na versão King James, considerada uma das melhores versões da bíblia, fora o original grego.

1ª Co. 3:16-17 (Versão King James)
Não conheceis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém contaminar o templo de Deus, Deus o destruirá; Porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.

A palavra “destruir”, que aparece nas citações acima, do grego φθείρω (phtheiró), pode ter em sua tradução a aplicação de mais de um sentido. Contudo, no texto em questão, ela é melhor traduzida quando usamos a palavra “corromper”. Para perceber o que digo, esse mesmo verbo – φθείρω – é utilizado em passagens como 1ª Co. 15:33, 2 Pe. 2:12, Ap. 19:2 e Ef. 4:22.

Quando Paulo faz a analogia asseverando que nós somos o templo de Deus, ele fala a uma plateia de gentios recém convertidos, que era a maioria da composição dos membros da igreja de corinto. Ora, essa gente estava acostumada a conviver com templos pagãos, pois na cidade havia, ao menos, 12 deles.

Mas a ilustração não servia apenas aos gentios, mas também aos Judeus, pois a ideia de “corromper” era a mesma de “contaminar”, e o Judeu bem sabia o que significava a contaminação do templo, pois em sua história isso já havia sido feito por Epifânio Antíoco, rei da Síria, que profanou o segundo templo.

Então, quando Paulo fala sobre “corromper/contaminar” o templo, que agora não é mais uma obra humana, um empreendimento de pedras, mas o nosso próprio corpo, tornado santuário, ele está tratando de questões éticas e morais, da entrega do corpo a depravação, a diluição do ser, o extravio da alma, a profanação da consciência, o que se compatibiliza com todos os outros textos onde o verbo citado aparece.

Assim também, o mesmo verbo – φθείρω – que aparece na parte (b) do versículo “Deus o destruirá; Porque o templo de Deus, que é você, é santo”, precisa ser adequado quanto a sua tradução, pois, em nossa língua, destruir não o compatibiliza nem com o Espírito do Evangelho, nem com o total da citação. Assim, depois de consultar alguns exegetas, percebi que minha ponderação estava coerente, pois eles aplicam a parte (b) do versículo o sentido de “ruína”, ou seja, se nós nos corrompermos ao ponto de profanarmos nosso próprio corpo, alma e espírito, Deus nos entregará a nós mesmos e nos deixará entrarmos num processo de falência que nos levará a ruína.

De fato, não precisa ser um especialista para perceber que esta posição tem muito mais a ver com Jesus e com o Evangelho do que a tese de que Deus vai matar alguém, seja por que motivo for, até mesmo porque o texto não trata de suicídio, mas de devassidão e diluição do ser.

Portanto, quanto mais estudo, mais vejo que é preciso estudar e que analisar textos de forma simplista, sem um cuidado hermenêutico adensado, olhando para as várias traduções, para a mesma palavra aplicada a mais de um contexto, em livros distintos, etc, é algo perigoso. 

Por isso, mantenho firme minhas convicções e dou aqui alguns poucos, mais bons argumentos, para tal.


Carlos Moreira



O Apocalipse é Logo Ali! - Parte 2

Desde tempos imemoriais o homem ouve falar sobre o “Fim do Mundo”. Na verdade, creio que cada civilização carrega em si o potencial de produzir sua própria destruição e, analogamente, o epílogo da raça humana sobre a Terra. Mas é certo, olhando para a história, que este potencial nunca foi tão mensurável e factível quanto em nossos dias. O tema, como não poderia deixar de ser, desperta o interesse particular de religiosos, filósofos e historiadores, entre os quais não faltam opiniões extremadas, profecias fatalistas e análises pessimistas. Como pregador do Evangelho e pensador deste tempo, minha opinião é que a espiral dos fenômenos precursores da “Segunda Vinda de Jesus” está se adensando num movimento irreversível. Que a humanidade vive fluxos e refluxos culturais em tempos distintos, nós já constatamos, mas parece que o ponto de mutação para os “dias do fim” foi ultrapassado, ou seja, não há mais retorno. Diante destas premissas, questões instigantes se levantam urgindo por elucidações tais como: qual o papel da igreja diante de tudo isto? Que tipo de olhar devemos ter sobre a existência para não sermos surpreendidos, como na parábola das “Virgens Néscias”? Quais poderiam ser os indicadores históricos, sociais, econômicos, políticos e religiosos que apontam para os eventos do fim? O que diz a Escritura sobre a anatomia destes eventos? São pontos polêmicos, mas nós vamos analisa-los com coragem e discernimento, com a Palavra aberta, fé e boa consciência. Assista!


 

21 julho 2017

Católicos X Evangélicos: Seis por Meia Dúzia.



Evangélicos criticam as procissões católicas e fazem a “Marcha para Jesus”.

Criticam os santos católicos e adoram os artistas gospel.

Criticam as velas católicas e pedem fogo do “espírito” para incendiar a igreja.

Criticam as vestes dos sacerdotes e usam Armani e Ermenegildo Zegna.

Criticam que os católicos não leem a bíblia, enquanto eles leem e não entendem.

Criticam o Papa, mas aceitam presidente de denominação.

Criticam a adoração a Maria e adoram Paulo, Lutero e Calvino.

Criticam catedrais suntuosas e fazem templos para 20 mil pessoas.

Criticam o uso do crucifixo, mas não se constrangem com shofar e menorá.

Criticam o terço e ao mesmo tempo ouvem o Cid Moreira lendo os Salmos.

Criticam a “Ave Maria” e oram o “Pai Nosso” como um mantra.

Criticam o celibato, enquanto se separam por qualquer coisa.

Criticam o purgatório, mas não se cansam de mandar todo mundo para o inferno.

Criticam missa de sétimo dia e fazem culto im memoriam.

Criticam o batismo de criança, mas permitem que adultos se batizem sem saber o que fazem.

Criticam as romarias e fazem campanhas e correntes de oração.

Criticam os símbolos romanos e ungem copo com água, sal e lenço.

Criticam a salvação pelas obras, mas são incapazes de realizar obras que testemunhem a fé.

Criticam a simonia, mas cobram dízimos para ensinar a prosperidade.

Criticam a penitência, mas vivem disciplinando os “desviantes”.

Criticam a confissão individual de pecados a um sacerdote, mas não se constrangem de fofocar publicamente sobre a vida do pastor.

Criticam os dogmas, mas aceitam a “tradição da igreja”.

Criticam os teólogos católicos e leem o “Poder da Mente” de Lair Ribeiro.

Criticam a crisma e fazem profissão de fé. Criticam o canto gregoriano e aceitam orações histéricas em línguas estranhas.

Criticam a entronização do santíssimo sacramento, mas aceitam a entrada da arca da aliança.

Criticam o turíbulo, mas aceitam gelo seco para apresentações de música e dança.

Criticam o altar, mas aceitam o púlpito de acrílico.

E eu, quanto mais vivo, mais me torno cético quanto a tudo isso...


Carlos Moreira





Gente Também "Trava"




Eu comecei a lidar com computadores há 31 anos atrás. Vi a geração dos mainframes morrer e os microcomputadores assumirem seu lugar.

Coisa ainda comum nos dias de hoje, há décadas passadas os computadores travavam absurdamente, ou por erro do sistema operacional, ou por problemas de disco e memória, ou por conta do processador, por vezes, as três coisas juntas.

Reiniciar máquinas é tarefa fácil, quase sempre funciona, ou seja, elas voltam ao normal. Difícil é reiniciar pessoas... Sim, gente quando “trava”, quando dá “tela azul”, quando perde o encanto, a noção, quando quebra por dentro, ou fica sem chão, quando deprime, sucumbe, não reinicializa facilmente.

Eu nasci numa família de depressivos, convivi com a depressão desce muito cedo em casa, vi meu pai e minha mãe morrerem deprimidos, eles estavam “travados” para a vida, já não era possível reinicializá-los.

Ora, por que estou falando sobre isso? Por que vejo uma geração inteira acostumada a acionar botões e ver resultados imediatos. Vivemos no tempo dos cliques, desde aquele que aciona o controle remoto da TV, até o botão que dispara a foto no celular, tudo é instantâneo, basta você clicar!

Mas as pessoas não reagem a partir de “cliques”, a alma não pode ser reindexada automaticamente, não se ressensibiliza um coração machucado pela dor, pela humilhação, pela exploração ou descaso, num passe de mágica.

Quando as pessoas “travam” é preciso cuidar delas com paciência, pois a melhora é lenta, os passos são curtos, as falas são frágeis, os gestos são tênues. Portanto, lembre-se: botões foram feitos para as máquinas, as pessoas precisam de toques, de afagos e abraços, de palavras suaves, de incentivo e confiança.

Diferente dos computadores, que podem ter suas memórias trocadas, pessoas precisam lidar indefinidamente com tudo o que está gravado na alma, não há como dar “deltree”, ou reformatar, a única saída é ajuda-las a recuperar os “setores” danificados, e isso leva tempo... às vezes, uma vida inteira. Por isso, se seu computador travar, reinicialize, mas, se alguém próximo a você "travar", sensibilize-se...


Carlos Moreira




20 julho 2017

Coisa de Amigo...



Não lhe proponho perfeição, mas lhe proponho honestidade.

Não lhe proponho condescendência com seu erro, mas lhe proponho lhe dizer a verdade.

Não lhe proponho não fazer críticas, mas lhe proponho ser gentil ao fazê-las.

Não lhe proponho estar sempre com sorriso no rosto, mas lhe proponho ter a cara que o dia permitir.

Não lhe proponho estar sempre à mesa ao seu lado, mas lhe proponho quando estiver, estar por inteiro.

Não lhe proponho entender todos os seus dramas, mas lhe proponho ouvi-los com atenção e respeito.

Não lhe proponho fechar com você em suas escolhas, mas lhe proponho está no final do trilho para abraça-lo se alguma delas não tiver sido acertada.

Não lhe proponho elogios rasgados na frente dos outros, mas lhe proponho um cantinho todo especial no segredo do meu coração.

Não lhe proponho uma relação que não vai produzir feridas, mas lhe proponho colocar remédio nas mágoas que eu provocar.

Não lhe proponho lhe procurar quando você estiver errado, mas lhe proponho lhe receber toda vez que for buscado.

Não lhe proponho não termos desentendimentos, mas lhe proponho sempre a reconciliação.

Se isso lhe interessa, então nós podemos ser amigos...


Carlos Moreira

19 julho 2017

O Apocalipse é Logo Ali! - Parte 1

Desde tempos imemoriais o homem ouve falar sobre o “Fim do Mundo”. Na verdade, creio que cada civilização carrega em si o potencial de produzir sua própria destruição e, analogamente, o epílogo da raça humana sobre a Terra. Mas é certo, olhando para a história, que este potencial nunca foi tão mensurável e factível quanto em nossos dias. O tema, como não poderia deixar de ser, desperta o interesse particular de religiosos, filósofos e historiadores, entre os quais não faltam opiniões extremadas, profecias fatalistas e análises pessimistas. Como pregador do Evangelho e pensador deste tempo, minha opinião é que a espiral dos fenômenos precursores da “Segunda Vinda de Jesus” está se adensando num movimento irreversível. Que a humanidade vive fluxos e refluxos culturais em tempos distintos, nós já constatamos, mas parece que o ponto de mutação para os “dias do fim” foi ultrapassado, ou seja, não há mais retorno. Diante destas premissas, questões instigantes se levantam urgindo por elucidações tais como: qual o papel da igreja diante de tudo isto? Que tipo de olhar devemos ter sobre a existência para não sermos surpreendidos, como na parábola das “Virgens Néscias”? Quais poderiam ser os indicadores históricos, sociais, econômicos, políticos e religiosos que apontam para os eventos do fim? O que diz a Escritura sobre a anatomia destes eventos? São pontos polêmicos, mas nós vamos analisa-los com coragem e discernimento, com a Palavra aberta, fé e boa consciência. Assista!


 

18 julho 2017

A Quem você Segue: a Jesus ou a Igreja?



Jesus destruiu as burocracias do judaísmo e a igreja reeditou-as no cristianismo. Sim, Jesus não usava vestes diferenciadas, nem a túnica dos fariseus, nem a elaborada veste sacerdotal, mas a igreja fez suas capas, suas togas, suas alvas para se comparar aos reis medievais, para produzir opulência ao invés de consciência.

Jesus não criou hierarquias entre os discípulos, disse que todos eram amigos e irmãos, e que o maior serviria os demais, mas a igreja elitizou o clero, hierarquizou a fé em cargos eclesiais, politizou a relação entre os “ordenados”, fez diferenciação entre os iguais.

Jesus era um homem das ruas, dos encontros humanos, das paragens nas casas dos amigos, das preleções na beira do mar ou ao pé da montanha, mas a igreja “converteu” as catedrais pagãs do império romano em “casas de oração” e não parou mais de fazer edificações portentosas e lúgubres, que demandam uma soma infindável de dinheiro para serem mantidas, muitas das quais mais parecem cemitérios, vazias e escuras.

Jesus proveu tudo o que precisava para o seu ministério através de ofertas espontâneas, porque vivia em simplicidade, mas a igreja precisa que o carnê dos dízimos seja pago regularmente para que a engrenagem funcione e os custos vultosos da estrutura sejam arcados pelos fiéis.

Jesus enfatizou, em todo tempo na sua mensagem, que os pobres fossem cuidados, como foi no caso da multiplicação dos pães em Betsaida, mas a igreja criou um ministério de ação social para que meia dúzia de visionários faça um sopão uma vez por mês ou visitas esporádicas a presídios e hospitais, a estrutura fica a semana inteira fechada ao invés de servir a circunvizinhança com serviços sociais e voluntariado.

Jesus usou o discipulado como ferramenta fundamental de ensino, não apenas esclarecendo textos das Escrituras, mas usando a sua própria vida como referência, mas a igreja criou programas de massa para entreter as pessoas, uma agenda de atividades que faz o indivíduo permanecer anos na comunidade sem saber, sequer, o que é arrependimento de obras mortas.

Jesus agiu profeticamente denunciando a exclusão, a injustiça, a opressão, quando visitou as aldeias miseráveis da galileia curando enfermos, expulsando demônios e dando de comer aos famintos, mas a igreja se alia ao poder estatal para obter vantagens e benesses, cria bancadas no Congresso para defender os interesses de denominações poderosas, não os da população.

Jesus reprovou, veementemente, o comércio do sagrado quando foi ao templo de Jerusalém, aquele shopping da religião de Israel onde tudo era feito por dinheiro, com glacê de espiritualidade, mas a igreja faz culto a Mamon, vive de realizar campanhas e congressos para arrecadar fundos para pastores morarem em mansões e viajarem de jatinho, ela transformou o Evangelho num negócio, e Jesus num produto comercializável, o templo virou um cassino-caça-níquel, onde todo tipo de bizarrice é feita para se levantar grana.

Jesus se misturou com as pessoas, visitou aldeias de samaritanos execrados pelos judeus, comeu com pecadores, bebeu com publicanos, permitiu que prostitutas o seguissem, fez amigos entre os imprestáveis, mas a igreja prega que os crentes devem sair do mundo, devem viver num universo paralelo, uma vida entre as paredes do templo, evitando lugares públicos onde a existência acontece, fugindo dos incrédulos, apartando-se dos perdidos, platonizando a fé, que vira apenas um discurso verborrágico.

Jesus quebrou as tradições da religião de seus dias, como a guarda do sábado, as etiquetas comportamentais, as dietas de alimentos, os rigores com a higiene, mas a igreja reeditou tudo com a exigência de usos e costumes “sagrados”, roupa adequada ao manequim religioso, castração de alimentos, bebidas, reprimendas quanto à maquiagem, ou fazer uma tatoo, ou cortes de cabelo, todo tipo de controle plástico, mesmo que não exista qualquer preocupação com a postura ética.

Jesus afirmou: “Ouvistes o que foi dito...” e, na sequência: “Eu porém vos digo...”, e ressignificou a Lei de tal forma a manifestar a Graça de Deus, mas a igreja pegou o código de Moisés e fez edições seletivas, ressuscitou prescrições, fez adição de etiquetas, republicou códigos vexatórios, costurou o véu do templo e profanou a Cruz e o Sangue do Cordeiro.

Eu poderia passar o dia todo escrevendo o que Jesus fez, e a igreja desfez, e o que Jesus desfez, e a igreja refez. E aqui cabe a pergunta: você segue a Jesus ou a igreja? Sim, pois a igreja de Jesus não é isto que aí está, a igreja de Jesus, que não tem placa, nem endereço, nem estatuto, nem templo, segue como deve ser, vencendo as portas do inferno e anunciando a Salvação, mas a instituição é tudo isso que eu disse acima, de forma simplista, e ainda muito mais!

Portanto, posso entender se você hoje for um refém deste sistema pelo fato de não compreender estas questões que expus palidamente, mas não consigo entender você, que sabe de tudo isso, continuar colaborando para que o câncer se prolifere e mate gente que ainda não discerniu nem o que é salvação.

Paulo teve coragem de largar o judaísmo, mesmo com o alto cargo de fariseu que possuía, uma vez que percebeu que era cego, mas que havia visto a Luz de Jesus e do Evangelho. Ele passou a andar na contramão e a ser chamado de herege e desviante, mas não negociou a revelação que havia recebido. Você tem coragem também?


Carlos Moreira



11 julho 2017

Híbridos e Mutantes: a Última Fronteira da Civilização

Quando em 1960, Manfred E. Clynes usou o termo “Ciborgue” – um ser dotado de partes orgânicas e cibernéticas – já se referia a possibilidade de se estabelecer uma conexão entre os seres humanos e as máquinas, entrelaçar mente e matéria, o que abriria uma nova fronteira para a civilização. Hoje, olhando para as possibilidades da biomecânica, da engenharia genética e da inteligência artificial, percebemos o quanto Clynes foi assertivo em suas considerações. Ora, além das questões técnicas e éticas que envolvem essa grande revolução, meu olhar deseja ir em direção a um campo pouco considerado nestas circunstâncias: as implicações espirituais e psicossociais. Que estamos diante de uma nova era, onde os seres serão meta-gênero, não há mais dúvidas, é só olhar a anatomia do que ocorre nesse tempo do ponto de vista das questões da identidade sexual. Mas o que se nos apresenta, conjuntamente, é a hibridização do ser humano com as máquinas, algo que vai alterar violentamente a maneira como a sociedade humana viverá nos próximos séculos. Será o fim da civilização como a conhecemos hoje, sobreposta que será pelo despertar de uma nova civilização. Mas qual a fenomenologia que está por trás de tudo isso? Como identificar o processo e discernir os seus desdobramentos e impactos sobre o mundo? E o mais importante: isso será bom ou ruim para as nossas vidas? Questões complexas que exigem um olhar cuidadoso, mas nós vamos em busca das respostas, olhando para as Escrituras e analisando o que Deus tem a nos revelar sobre tudo isso. Será que começamos a viver o tempo sobre o qual Jesus afirmou: “O amor se esfriará de quase todos”? Assista e tire suas próprias conclusões.

 

03 julho 2017

A Anatomia das Possessões

Diferente do que muitos imaginam, o mundo espiritual é real e extremamente complexo, ele é organizado, tem objetivos traçados e está em constante movimento. Conforme as Escrituras, é habitado por seres de outra dimensão, com uma tessitura corpórea diferente da nossa, mas com inteligência e vontade próprias. Esses seres espirituais estão, em todo o tempo, em busca de realizar conexões com o mundo material, de achar meios para se expressar, simbiotizar espíritos, ocupar mentes, possuir corpos. A fenomenologia demoníaca é de difícil identificação, uma vez que, não raras vezes, é confundida com manifestações clínicas associadas à epilepsia, esquizofrenia e a loucura clássica. Na idade média, era comum atribuir aos fenômenos psíquicos o vaticínio de uma manifestação espiritual, pois a igreja sempre tenta reprimir o que não consegue explicar e busca combater, por vezes com as armas erradas, aquilo que sai do padrão industrial comportamental doutrinário. Mas o que é possessão? Como identifica-la? Quem pode ser possuído? Como se chega a esse estágio? Há níveis de possessão? São questões instigantes e raramente tratadas no meio religioso de forma séria e equilibrada. Ora, a demonologia, que é a parte da teologia que estuda estas manifestações, está infestada de teorias sensacionalistas, de impregnação mística e de elucubrações bizarras. Portanto, tratar deste tema requer cuidado, mas ignorá-lo ou coloca-lo na periferia não é algo que devamos fazer. O diabo foi vencido na Cruz, mas ele é o “Príncipe deste Mundo”, ou seja, tem permissão para atuar aqui e, mesmo não possuindo poder, faz um estrago estrondoso. Assista a mensagem e aprenda a lidar com esses fenômenos espirituais.

 

28 junho 2017

O Diabo Mora ao Lado



Judas foi “ordenado” por Jesus, ele andou no grupo dos 12 apóstolos, orou pelos enfermos, expulsou demônios, ajudou a distribuir pão para os pobres, fez missões nas aldeias miseráveis da galileia, participou de muitas vigílias de oração, visitou incontáveis sinagogas e foi ao templo de Jerusalém escutar a Palavra. Judas foi ministrado intimamente, ouviu revelações direto da boca do próprio Deus, viu milagres surpreendentes, cantou canções de louvor a Deus, quem sabe deu testemunho e participou da Santa Ceia, ele fez tudo o que um crente faz, mas era um diabo!

Ora, como pode? Ele não rosnava, não girava a cabeça ao contrário, não entronchava as mãos, nem se arrastava pelo chão, Judas não tinha nenhum estereótipo de quem está possesso, mas era um diabo! As pessoas que ouviam a Judas não sabiam, nem mesmo seus companheiros de ministério sabiam, mas Jesus sabia, ele era um diabo!

De fato, Judas tinha cara de crente, tinha voz de crente, tinha atitudes de crente, seguia o script dos crentes, pregava como um crente, orava como crente, mas era diabo! Sim, Judas estava possesso de ira, de inveja, de maledicência, ele conspirava contra o bem, seus olhos eram maus, seu coração era duro, sua consciência era leprosa, insensível.

A verdade é que ele andava com Jesus, mas Jesus não se fez um com ele, ele comia com Jesus, mas a Palavra que sacia a fome da alma não alimentava ele, ele cantava com Jesus, mas as canções na mudavam ele, ele orava com Jesus, mas a oração não penetrava nele! E quanto mais Judas ficava com Jesus, tanto mais diabo se tornava, pois “Ao que tem, tudo lhe será dado, e ao que não tem, até o que tem, lhe será tirado”.

Sufocado por seu desejo homicida, enredado com seus próprios planos, escravo de suas emoções, prisioneiro de sua mente perversa, Judas traiu o Senhor e, em seguida, enforcou-se, e fez tudo isso por que ele era um diabo!

Há muitos “diabos” na igreja, muita gente que ora, prega, jejua, adora, faz missões, expulsa demônios, mas é diabo, porque nunca se rendeu a Graça, nem jamais experimentou o perdão que pacifica o ser. Esses, dos quais falo, são os mesmos sobre os quais Jesus afirmou: “Em meu nome, muitos farão sinais, curas e expulsarão espíritos malignos. Mas eu lhes direi, explicitamente, jamais os conheci!”.

Você está preocupado com satanás, vive a caça de fantasmas, em batalhas espirituais, exumando cemitérios na alma dos homens, vasculhando o passado, especulando sobre o futuro? Não procure o diabo no terreiro, nem na encruzilhada, o diabo está mais perto de você do que você imagina, quem sabe, como aconteceu com Jesus, ele está no grupo íntimo, na liderança de algum “ministério”, cantando no louvor, ou pregando no púlpito, pois, “nem todo o que me diz: “Senhor, Senhor!”, entrará no Reino de Deus, mas aquele que faz a vontade do Pai”.

A pior encarnação do diabo é aquela que o traveste de ser de luz, que faz da piedade a maldade sofisticada, o diabo é mais inteligente do que você imagina, mais sutil do que você possa conceber. Saiba: homens não podem virar deuses, nem anjos, mas podem virar diabos! Eu não tenho medo de encontrar assombrações entre túmulos, nas esquinas sombrias da vida, ou no escuro do meu quarto. Mas sempre estou atento para não estar comendo com o diabo a mesa...



Carlos Moreira



27 junho 2017

Possessões e Possuídos



A igreja tem uma preocupação exacerbada com pessoas possuídas por demônios, mas dá pouca, ou quase nenhuma atenção, aos variados tipos de possessão.

Sim, possuídos tem notoriedade garantida no show bis evangélico e, mais recentemente, até no catolicismo romano. Endemoninhados aparecem em horário nobre na TV, possuem culto só para eles (Desencapetamento Total), tem liturgia própria (rituais de exorcismo), e papel de destaque entre o povo, que se lambuza garantindo mídia ao espetáculo bizarro.

Entretanto, para quem conhece a fenomenologia por trás destes eventos, não há com o que se preocupar, pois a esmagadora maioria dos casos de possessão demoníaca não passam de manipulação emocional, baixa autoestima, sugestionamento inconsciente, histeria e fraude comportamental.

Na verdade, demônio que faz entrevista, responde a perguntas e espera o comercial da TV, só engana crente assombrado, pois nem criancinhas se prestam a dar atenção a tais performances.

Ser possuído fisicamente pelo diabo é o estágio último de um processo longo, que começa na mente, passa pelas emoções e chega à dimensão do físico. E é daí que surge toda minha preocupação.

Ora, o que mais percebo na igreja é gente sendo possuída, mesmo que essa possessão não tenha, ainda, chegado ao estágio da perda do controle das faculdades mentais e do domínio do corpo físico.

Há pessoas possuídas pelo “espírito dos pais”, pela ambiência familiar perversa, por abusos, humilhações, violências, inclusive sexual.

Há pessoas possuídas pelo “espírito do cônjuge”, gente que se tornou vítima de relações persecutórias, esmagadoras, manipulativas. Há mulheres, por exemplo, que sofrem violência sexual mesmo estando casadas, são expostas a pornografia, obrigadas a prática de swing, ou chantageadas por não possuir autonomia financeira.

Há gente possuída “pelo espírito da religião”, crentes que estão possessos de seus pastores sedutores, temendo tocar no “ungido”, submetendo-se a determinações absurdas, aceitando revelações enfatuadas, profecias fatalistas, maldições encomendadas. Outros tantos ficaram possessos do “espírito da denominação”, são os que abriram mão de sua autonomia, de suas agendas, tornaram-se funcionários do templo, servidores do altar, deixaram para trás profissão, estudos, família e amigos para servir a “obra”.

Tem gente na igreja possessa da luxúria, viciada em pornografia digital, gente presa ao “espírito do consumo”, endividada, fazendo transfusão de dinheiro entre contas com o agiota, sendo esmagada pelo cartão de crédito. Imaginar que as manifestações visíveis do diabo são as únicas que estão ocorrendo é de um reducionismo e de uma ingenuidade sem precedentes.

Assim, o diabo agradece toda a atenção dispensada e toda a mídia dedicada para os pseudo-possuídos, enquanto ele se banqueteia distribuindo, no varejo, possessões das mais diversas sobre as pessoas. Como tenho dito, e aqui reitero, o pior diabo é aquele que está sendo gestado dentro de você sem você, sequer, perceber.



Carlos Moreira


18 junho 2017

OS DOIS LADOS DA MESMA MOEDA



Hoje, 18 de junho, foi o dia da “Marcha do Orgulho LGBT” em São Paulo. Exatamente há uma semana atrás, Evangélicos ocuparam as ruas da cidade, só que na zona norte, na “Marcha para Jesus”, igual em magnitude, mas oposta em propósito e proposta. Será?

LGBT e Evangélicos representam, nos dias atuais, expressivas fatias da sociedade brasileira, cada qual com suas idiossincrasias, mas ambos lutando contra preconceitos atrozes e discriminações ferrenhas. Os Evangélicos, historicamente, são perseguidos pela mídia; os LGBT, por sua vez, pela religião institucional. Cada um, ao seu jeito, tenta abrir espaço na multidão para ter vez e voz, obter respeito e ser reconhecido.

As semelhanças, contudo, não param por aí... A Marcha LGBT é marcada pelo excesso, não só na extravagância das fantasias, mas em atitudes extremadas, gestos histriônicos e, não raro, ofensas theofóbicas, ou seja, desrespeito a símbolos e crenças da religião cristã. Os Evangélicos, por sua vez, homofóbicos em sua maioria esmagadora, representados mais expressivamente na marcha por pentecostais e neopentecostais, extravasam uma “alegria” esfuziante, regada a cânticos, danças, pulos e malabarismos, atitudes que só cabem na rua, pois seriam, sem dúvidas, rechaçadas no espaço do “templo” e reprimidas pela ortodoxia doutrinal.

Outra coisa que, incrivelmente, aproxima os grupos tão antagônicos é o fundamentalismo ideológico. Sim, homossexualismo e cristianismo são, por assim dizer, duas religiões, com suas regras e costumes, seus objetivos político-sociais e suas propostas de hegemonia colonizadora. Um apregoa a doutrina da libertação da “moral” careta, o outro defende a plástica comportamental baseada nos valores da tradição judaico-cristã. No fundo, os “apóstolos” das duas crenças não passam de "gayzistas" e "crentinos", ambos defendem suas convicções a ferro e fogo, desejam ser maioria de forma irremediável, donos do status quo, estão dispostos a ultrapassar até mesmo os limites da razão e do bom senso para defender posturas, muitas vezes, irreconciliáveis com a bondade e a justiça.

E seguem as coincidências... LGBT e Evangélicos também desfilam em praça pública com o objetivo claro de demonstrar para a sociedade a força que possuem. Sim, no primeiro caso, o manifesto é uma ovação a frase histórica do Zagalo, algo como: “nós estamos aqui, reconheçam, pois vocês vão ter que nos engolir!”. Marginalizados, excluídos e discriminados, gays, lésbicas, bisexuais e transexuais vão as ruas, antes de tudo, para protestar, exigir o respeito que merecem e buscar a dignidade que vem pela aceitação da massa. Evangélicos, por sua vez, estão numa “batalha espiritual” contra o “mundo”, querem mostrar um Jesus romano, belicista, conquistador, dominador, que é cabeça, não cauda! Esse deus, contudo, parece mais com Thor, uma divindade nórdica, do que com o Deus hebreu que se revela na figura do Carpinteiro de Nazaré, o Deus que deixou o trono da majestade celeste e veio servir aos homens, lavando-lhes os pés e os pecados.

Quer mais? LGBT e Evangélicos patrocinaram, cada um a seu modo, um evento que movimentou milhões de reais. A Causa da liberdade sexual despertou não só a atenção do mercado corporativo, promoveu seu total envolvimento com o business. Marcas como Boticário, AMBEV e Uber se tornaram patrocinadoras do evento, todos de olho no “Pink Money”. Mas o negócio não para por aí, ainda tem artistas renomados, políticos inflamados, heróis de ocasião e muita, muita grana sendo gerada no movimento que atiça o comércio local. Já os Evangélicos, por outro lado, não ficam atrás. Eles também tem seus políticos, seus artistas gospel, seus trios elétricos e muito merchan no share do mercado religioso. Subir nesses palcos preparados pela Marcha para Jesus, seja para discursar ou cantar, custa caro, vale tempo de rádio, de TV, percentual de grana do patrocínio público e não falta quem queria pagar para fazer sua propaganda pessoal. Aliás, o dono da Marcha para Jesus, Estevan Hernandes, foi durante anos profissional de marketing de empresas como Xeroz e Itautec, sabe fazer a “roda girar”, Jesus, para ele, é apenas mais uma commodity na prateleira. Isso sem falar nas propagandas de outros produtos, como a BemPrev, a previdência privada para evangélicos que foi anunciada durante a micareta dos crentes.

Até naquilo que é trágico os grupos se assemelham. A violência sofrida injustamente pelo movimento LGBT, que coloca o Brasil hoje como destaque mundial de assassinatos contra adeptos das práticas, pode também ser comparada a violência histórica sofrida pelos Evangélicos no final do século XIX e primeira metade do século XX, onde igrejas foram incendiadas, missionários assassinados e participantes de cultos apedrejados. A coisa era tão absurda que o aparato militar e policial, usado na defesa da lei e do cidadão, foi usado como instrumento de coerção e intimidação, o que pode ser comprovado com uma pequena pesquisa histórica.

Bem, quem sabe como esses jogos são jogados, não tem ilusões sobre os objetivos destas marchas... Tenho respeito pela homossexualidade humana e por outras expressões de sexualidade não convencional, mas desprezo pelo movimento ideológico. Possuo gays como amigos pessoais e, em minha comunidade, eles são tratados sem discriminação ou preconceito, podem exercer funções e viver sua fé sem ser molestados, mas jamais me convidem para me aliar a esses que fazem da ideologia sexual sua bandeira existencial.

Quanto aos Evangélicos, tenho amor pela esmagadora maioria das pessoas que ali estão. Sei que, em grande parte, trata-se de gente alienada, que ainda não percebeu que não passa de massa de manobra nas mãos de lobos vorazes. Sim, há muita gente boa e ingênua na “Marcha para Jesus”, achando que O Galileu está vibrando com o mega-evento da fé. Tolice. O Reino de Deus não se estabelece com fanfarras e demonstrações de poder terreno, mas em manifestações de paz, amor e justiça, sobretudo, no serviço aos pobres e desamparados. A Marcha da igreja não é nas ruas da cidade, com ufanismo e catarse emocional, mas nas favelas e cracolândias do Brasil, nos presídios e nos hospitais, visitando órfãos e viúvas, cuidando de indefesos e invisíveis sociais, tudo no anonimato, pois o sal salga e dá sabor ao alimento sem ser, sequer, percebido...

Portanto, concluo reconhecendo que o grupo LGTB realizou, de fato, um estrondoso evento hoje! Gays, lésbicas, transexuais e bisexuais conscientes, contudo, sóbrios e cônscios de seu papel social e da responsabilidade que carregam em se assumir como são, sabem que o que estou falando é coerente com a Verdade. Aos Evangélicos, por outro lado, credito todo o "sucesso" do mega-evento realizado, ainda que isso não tenha nada a ver com o Evangelho é, sem dúvida, uma demonstração de força diante de uma sociedade hipócrita e de um país que se intitula cristão e é o campeão da corrupção e da desigualdade social.

Para ambos os grupos, todavia, deixo um chamado a reflexão. Vocês são tão diferentes e tão parecidos, tão antagônicos e tão próximos, tão distintos e tão iguais. Na verdade, quando olho para vocês não consigo ver esta distância abissal que muitos apregoam, vocês são, sim, os dois lados da mesma moeda...


Carlos Moreira



16 junho 2017

Treino é Treino, Reino é Reino

Nesta semana, o alvoroço em Brasília está por conta do deputado Rocha Loures, aquele que saiu correndo da pizzaria com uma mala de dinheiro. Implicado na delação da JBS, Loures perdeu esta semana o cargo de suplente de deputado, o que pode leva-lo a fazer uma delação premiada e, assim, comprometer, em definitivo, o presidente Temer. Na avaliação do chefe do Estado Brasileiro, o gangster bufão é um “Moço de boa índole”, ou seja, não fez o que fez por mal. De fato, se compararmos o Rocha Loures com José Dirceu, Aécio Neves, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, ele vira um menor aprendiz na arte da safadeza e, certamente por isso, foi pego com tanta facilidade, pois, para fazer falcatrua graúda, o sujeito tem que ser de “má índole”. Esse não é um terreno para qualquer um escalar ou, como já dizia o Valdir Pereira, o nosso Didi "Folha Seca": “Treino é Treino e Jogo é Jogo!”. Pensando em tudo isso, comparei o que acontece no cenário político com o que se passa, correlatamente, no cenário religioso. Sim, pois o que mais vejo neste tempo é gente brincando de ser discípulo de Jesus, sem ter a consciência do Evangelho nem a dimensão do que é abraçar, com todas as implicações, um chamado que tem que ser encarnado no chão da vida. Seguir a Cristo não é uma tarefa fácil, ele próprio advertiu sobre isso quando afirmou: “...Qual de vós, desejando construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o custo do empreendimento, e avalia se tem os recursos necessários para edificá-la?”. Lc. 14:28. O contexto do texto trata das implicações de seguir a Jesus e aceitar a sua doutrina. Essa não é uma fala politiqueira, mas a declaração de alguém que propõe uma cisão na vida, algo decisivo e definitivo, algo como: “Treino é Treino, Reino é Reino!”. E você? Como você se comporta diante dos desafios da causa do Evangelho? Sua vida é um “treino” ou você é do Reino! Você está envolvido ou comprometido? Assistindo esta mensagem você encontrará estas respostas.


                                         

14 junho 2017

O Ópio do Povo



Quando vi as ações dos últimos dias contra os viciados da Cracolândia de São Paulo, me lembrei de Jesus expulsando os vendilhões do Templo de Jerusalém, que faziam comércio do sagrado.

Sim, a despeito de uma discussão mais ampla sobre a ação da Prefeitura do Dória, pois o problema, visivelmente, não se resolve apenas expulsando as pessoas daquele lugar, o que temos ali é uma indústria de entorpecimento, um espaço público de culto ao vício, de morada de excluídos e marginalizados, de abrigo de bandidos e traficantes.

Como se pôde ver, a polícia vai lá, desmantela tudo, retira as pessoas a força, queima barracas, remove entulhos e, no dia seguinte, eles estão lá novamente, reerguendo o espaço que é o símbolo do descaso da sociedade com quem está a margem da vida.

No caso de Jerusalém, a medida da ação de Jesus foi proporcional a sua indignação, pois o Templo havia se tornado uma fábrica de entorpecimento de mentes e corações. De fato, os sacrifícios estavam dessignificados, os sacerdotes eram traficantes de influência junto ao Altíssimo, os levitas haviam se extraviado, ali se vendia religião a quilo, quinquilharias em nome da fé, o negócio do Templo movia a economia da cidade, e todo mundo ganhava alguma coisa e ficava feliz.

O Galileu quebrou tudo, virou mesas, distribuiu chibatadas, apregoou verdades, mas, no dia seguinte, eles reergueram tudo novamente, porque o crack religioso, fumado no cachimbo da espiritualidade farisaica, aquela que se reveste de boas obras, mas que revela, no íntimo do ser, a podridão da alma, uma vez absorvido pelas narinas, entre na mente e contamina o coração.

Religião vicia tanto quanto qualquer outra droga e entorpece, de tal forma, que o viciado não enxerga mais sua própria loucura, age como zumbi, tem olhos, mas não vê, tem ouvidos, mas não ouve, tem inteligência, mas não pensa, tem coração, mas não se apieda, tem convicções, mas elas para nada aproveitam, pois são apenas retórica oca e discurso vazio e não a manifestação de vida que reverbera atos de amor e justiça.


Carlos Moreira



12 junho 2017

E Daí que Você Está Sozinho?



E daí que você está só? Você preferia estar numa relação amarga, onde a cumplicidade acabou e o que sobrou foram cobranças ácidas e reclamações cáusticas?

Você preferia estar numa relação neurótica, onde há gritos e xingamentos, ofensas e descomposturas?

Você preferia estar numa relação abusiva, com chantagens e manipulações, com violência emocional e física, deitando com um vampiro que chupa sua alegria de viver?

Você preferia estar numa relação anoréxica, onde não há confiança, onde a magreza da alma é o resultado de traições e mentiras, de escusas e joguetes perversos?

Você preferia estar numa relação retalho, onde o outro se dá por partes, onde você não é prioridade e o que lhe sobra é apenas um pedaço da pessoa?


Você preferia estar numa relação berçário, onde se tem que cuidar da infantilidade do outro que nunca cresce, que insiste em andar com fraldas na mente e mamadeira na boca?

Você preferia estar numa relação patológica, onde a doença de um alimenta a insanidade do outro, onde a simbiose do ser mixou o que havia de pior em ambos, de tal forma que um faz o bem ao outro fazendo o mal de cada dia?

Você preferia estar numa relação sem sintonia, onde as estações não combinam, onde os gostos são díspares, onde não há encontro nem de corpo, nem de alma, nem de espírito?

Você preferia estar numa relação blazé, onde todos os apetites pelo outro foram se perdendo ao longo do caminho e mantém-se o convívio apenas por questões financeiras e patrimoniais?


Você preferia estar numa relação berçário, onde se tem que cuidar da infantilidade do outro que nunca cresce, que insiste em andar com fraldas na mente e mamadeira na boca?


Você preferia estar numa relação promíscua, onde o sexo é feito mecanicamente, tendo um na cama e outro na mente, onde o corpo está no lugar e o coração viajando numa outra órbita?

Ora, meu amigo(a), eu vejo isso todos os dias, vejo gente que seria muito melhor se estivesse solitário, tendo reverência por si mesmo, seguindo seu caminho com paz e quietude no ser. Como bem disse Fernando Pessoa: “A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo”.

Portanto, feliz Dia da Solidão para você! Celebre o fato de não ter se rendido ao comércio do amor, a negociata da paixão, ao tráfico do sexo! Sim, você é um sobrevivente de um mundo sem sentimentos, onde conviver com o outro, não raro, é apenas viver uma solidão a dois, como bem afirmou o poeta...


Carlos Moreira

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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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