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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

19 novembro 2010

Uma Mulher de 40 é igual a Soma de duas de 20


Como pastor tenho aconselhado muitos casais em crises conjugais e, não raro, em processos de separação, alguns dos quais litigiosos, outros, mais raramente, amigáveis.

É triste ver uma família se desfazer, implodir, ruir perante os olhos perplexos, sobretudo, dos filhos, que quanto mais novos mais sofrerão as conseqüências do litígio. Como bem disse o Caio Fábio – e ele têm autoridade no tema, não só pelo que viu, mas também pelo que sofreu – separação é uma amputação, algo que se faz quando a conjugalidade atingiu um grau onde a convivência se tornou insalubre, ou seja, viver junto produz morte e não vida. Aí, ou corta a parte “gangrenada”, ou o corpo todo morrerá por septicemia.    

Existem muitas relações que já estão em estado de putrefação. Elas “fedem” em meio a mentiras, disfarces, subterfúgios, e toda sorte de arranjo existencial quando se tenta, sabe-se lá porque, salvar o que é irremediavelmente irrecuperável. Às vezes é por causa do patrimônio, outras por conta dos filhos, outras por que ambos já possuem vidas duplas, há também os casos em que a coisa é pura safadeza mesmo. E por aí vai... Como disse um colega, “desgraça pouca é bobagem”.  

Não sou fundamentalista. Aprendi que a misericórdia de Deus vai além de meus juízos humanos e minhas exegeses de 3ª categoria de textos bíblicos complexos. Já deixei a muito tempo de “esfregar” na cara das pessoas coisas do tipo “o que Deus uniu não o separe o homem”. Minha hipocrisia já não dá para tanto... E isto por um motivo muito simples: tem coisas que, simplesmente, Deus não uniu. E mais... Creio firmemente que alguém que vem a Cristo tem a chance de reescrever a própria história. Se for um escravo, poderá ser liberto; se sua liberdade representa dessignificação existencial, poderá tornar-se escravo da lei do amor e da graça. Em síntese, quem conhece a “Verdade” é liberto de todas as suas mazelas e inquietudes. O mais, é doutrina barata de “igreja”...

Mas, voltando ao gabinete pastoral, tenho observado um fenômeno social curioso, e isto não apenas no meio “evangélico”. Homens de meia idade separando-se de suas esposas, quase sempre de idade próxima, e assumindo relações com mulheres bem mais novas. Alguém recentemente me disse: “pastor, troquei minha mulher de 40 por uma de 20. Aí eu perguntei: “e como está agora? ”. Ele me respondeu com uma melodia conhecida dos Beatles: “Love, Love, Love... All you need is Love”.   

Nas minhas pesquisas mais aprofundadas, quando converso com a “macharada” mais a sério, o que ouço é que mulheres de 20 anos são extraordinárias. Em primeiro lugar elas são facilmente manipuladas por homens mais maduros, sobretudo se houver um cartão de crédito e um carro bacana. Em segundo lugar porque fazem sexo como ninguém, estão ávidas por noites ardentes, e são capazes até de “ressuscitar mortos”, segundo um me comentou. Além do mais, elas não exigem grandes demandas relacionais, não querem fazer “DR” todo dia, e não tem muito assunto para conversar, quando muito papo de faculdade. Assim, o tempo é gasto mesmo com festa, sexo, sexo, festa, festa, sexo e, para variar um pouco, sexo e festa.

Como todos sabem, sou avesso a generalizações. O que trago aqui é apenas a observação de conversas pastorais e a percepção sobre o que vem acontecendo na sociedade como um todo. Nem estou dizendo que todo homem de meia idade quer ninfetas para se relacionar, nem tão pouco que mulheres de 20 ou 25 anos são fúteis, frívolas, ou esvaziados de conteúdos. Sei que existe gente boa por aí, gente que gostaria muito de encontrar o seu “sapato velho”, que aquece o frio e, para tal, basta você o calçar...

Mas o fato é que a banalização das relações afetivas chegou ao seu limite. Homens e mulheres relacionam-se hoje sem que haja, por vezes, qualquer tipo de sentimento envolvido. É apenas sexo pelo sexo. Como diria o poetinha, numa das poucas frases dele que não concordo: “é melhor está mal acompanhado do que só”. É o que eu chamo de “tirania do está a dois”, ou seja, tantos são os preconceitos e as questões que envolvem estar sozinha(o) que a “moçada” acaba “pegando” qualquer coisa apenas para não aparecer só num barzinho, num casamento, num clube, num aniversário de criança, e por aí vai. É o típico caso de dois que jamais fazem-se um...

Garotas de 20, 25 anos são fantásticas para viver com homens da mesma idade, envoltos nos mesmos dilemas, partícipes dos mesmos dramas, contradições e desafios. Eles possuem linguagem comum, sabem o que é Blog, Twitter, Facebook, Orkut, coisas que muitos quarentões não sabem, pois não raro não tem “saco” de ver ou usar. Não estou afirmando que não existam mulheres novas com cabeças mais maduras, mas essa exceção, estatisticamente, é muito baixa.

Por outro lado, mulheres de 40 anos ou mais são fascinantes! Eu tiro pela minha, que quanto mais velha, vai ficando melhor. Acho que ela aos 80 estará no auge da forma, e eu serei um velho cheio de rabugices... Mulheres na faixa dos 40 ou mais são mais sofridas, são mais vividas, são mais “espertas”. Elas já andaram bastante e sabem o que querem. Dificilmente você as verá colocando “remendo novo em vestido velho”, ou seja, estou cansado de ouvir: “pastor, o “mercado” está muito ruim, prefiro ficar só”. E eu retruco: “melhor só que pessimamente acompanhada”.

Mulheres de 40 são fascinantes porque tem conteúdo, porque dá para tomar um vinho e conversar sobre dimensões da vida que as de 20 ainda não viveram. Elas transitam bem em todos os temas, desde política, passando por cultura geral, religião, filosofia, cinema, etc. Já notei que mulheres de 40 gostam muito de ler, gostam de ver filmes, gostam de teatro, gostam de museus. Elas já estão em outra fase da vida, onde a plasticidade neurótica das academias de ginástica foi substituída por um bom programa com uma pessoa que valha a pena sentar na mesa e conversar, ou por uma tarde no parque, ou por um cineminha básico.

O sábio do Eclesiastes me ensinou que tudo na vida tem o seu tempo. Acho o texto perfeito. Se pudesse fazer um pequeno retoque, incluiria apenas: “tempo de namorar mulheres de 20 e tempo de namorar mulheres de 40. É que tudo na vida tem um tempo determinado, até o amor precisa ter suas estações próprias...

Eu não gostaria que as mulheres de 20 ficassem com raiva de mim pelos comentários deste texto. Vocês são maravilhosas, fantásticas, mas para uma “outra turma”. Para nós, quarentões vivendo crise de meia idade, é necessário mulheres que entendam a vida do ponto de vista de nossas inconcretudes, inseguranças, de nossos medos bobos, de nossas contradições, máscaras, vivências existenciais que não se aprendem vendo filmes, mas apenas experimentando e degustando os sabores e aromas da vida, as sombras e silêncios, as cinzas e o pó do caminhar pela terra.

Sei que na sociedade da imagem, onde parecer é melhor do que ser, na sociedade das aparências, onde o botox, a lipoaspiração, as plásticas corretivas para tirar, aumentar, modelar, os cosméticos, e todo este exército que aguça sentidos está à disposição das mulheres, para enfeitiçar os homens que ficam, diante de tanto esplendor, totalmente “vendidos”. Deixo-lhes, contudo, dois conselhos: o primeiro é que o invólucro nunca é mais importante que o conteúdo. Mas isto, por vezes, só se descobre com muito sofrimento. E o segundo, citando Stendhal é que “as mulheres muitíssimo belas surpreendem menos no dia seguinte. E eu ainda vou mais além: esta surpresa, via de regra, é proporcional ao teor alcoólico ingerido na noite anterior. Agora é com você...

Carlos Moreira

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