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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

04 agosto 2009

O Dia da Decisão e a De-Cisão de Todo Dia


“Não existe felicidade; o que existe são momentos felizes” – (Vinícius de Moraes). Concordo com o “poetinha”, mas em parte. Existe felicidade sim! Ela é feita, justamente, da soma de fragmentos da existência, não apenas de momentos bons, mas também dos ruins. É que felicidade, para nós ocidentais, que vivemos condicionados pelo capitalismo, vem se tornando, cada vez mais, algo que está associado ao “ter”, o qual, por sua vez, só pode ser experimentado, via de regra, quando se alcança o “sucesso” profissional e financeiro.

Ora, convenhamos, a felicidade não está atrelada ao fato de possuirmos coisas. Conheço pessoas ricas e profundamente infelizes. Ser feliz também não é existir num estado de euforia permanente, como se fosse possível só colher alegria no solo de cada dia. Pelo contrário, é entender que a vida acontece a partir de um movimento dialético – acertos e erros, conquistas e perdas, pranto e riso. A vida abundante, da qual Jesus fala, não é usufruída a partir da supressão do que não nos dá prazer, mas, pelo contrário, ela é a soma de tudo que constrói em nós um ser melhor. Se assim for, será possível perceber que mesmo o “dia mau” pode trazer coisas boas, pois Deus sempre “conspira” ao nosso favor para permitir que toda experiência produza bem para o coração, e paz e saúde, para a alma.

Mas quem não quer viver momentos felizes? Eles são como gotas de orvalho no alvorecer da manhã. Relembrá-los é como alimentar o espírito de gratidão. Assim foram alguns dias na minha vida, simplesmente, inesquecíveis. O dia do meu aniversário de 8 anos, aquele em que ganhei a primeira medalha no atletismo e o dia de início da vida profissional. O dia da compra do primeiro carro, o que passei no vestibular, aquele em que casei com Fabiana e o dia do nascimento de Gabriela. Sim, estes foram, verdadeiramente, dias maravilhosos...

Ops! Cadê o dia da minha conversão? Será possível que ele não esteja entre os “10 mais” da minha vida? Não! Até mesmo, porque ele, simplesmente, não existe. Foi isso que, recentemente, tentei explicar a uma pessoa que me fez a seguinte pergunta: “pastor, quando foi o dia da sua decisão por Cristo?”. Hoje, respondi. “Hoje?!”, disse ela. Sim, hoje; esse dia chamado hoje. Já faz 26 anos que eu tomo a mesma de-cisão, todos os dias. Hoje, foi a última vez que a tomei, logo cedo, quando levantei da cama.

Não vamos complicar... É certo que, para muitos, existe um dia “histórico” onde uma decisão foi tomada, uma data que foi fixada no calendário. Não há problema nisso, pelo contrário, é maravilhoso! Para mim, entretanto, esse dia nunca aconteceu, uma vez que minha conversão foi um processo e, para falar a verdade, ainda continua sendo, ou seja, continuo me convertendo ao Senhor a cada dia.

Quando penso sobre o tema, chego a conclusão de que nunca o vi como algo fixo, ou seja, relacionado a um evento único, um dia específico de decisão. Minha idéia sempre esteve associada a algo dinâmico, pois, como sabemos pelas Escrituras, a vida cristã possui um desenrolar próprio, ou seja, ela se “constrói” a partir de uma seqüência de acontecimentos, que são: a regeneração (eu fui salvo), a justificação (eu sou salvo), a santificação (eu estou sendo salvo) e a glorificação (eu serei salvo).

Ora, tudo isto só pode acontecer com significado para o ser se, a cada dia, continuarmos tomando a de-cisão que tomamos no primeiro dia. A vida daquele que ama a Deus é composta, apenas, pelo dia de hoje, esse dia no qual todos nós temos de renovar nossa de-cisão de seguir a Jesus, com as implicações e significados que há nisso. Hoje precisamos renovar nossa fé, esperança, amor e paciência. Hoje estaremos expostos a situações nas quais de-cisões serão necessárias; seremos tentados, provocados, humilhados, agredidos e desencorajados. Como iremos suportar todas essas coisas se não tivermos começado o dia com uma de-cisão firme e um propósito inabalável de fazer a vontade do Pai?

Aquele que está sendo subornado, terá de tomar a de-cisão de ser íntegro, não aceitando o suborno. Aquela que está sendo seduzida, terá de manter a de-cisão de continuar sendo fiel ao marido. Quem está sendo tentado a mentir, terá de valer-se da de-cisão que fez em optar sempre pela verdade. O que está prestes a explodir, num acesso de cólera e ira, terá de tomar a de-cisão de se deixar controlar pelo agir do Espírito. Todas essas coisas só serão possíveis se houver a de-cisão de seguir a Cristo no dia de hoje, independentemente do que aconteceu ontem, ou anteontem.

Preciso lhe dizer algo: a coisa mais importante que você possui é o dia de hoje. Amanhã, ainda não chegou e já é tarde para se viver o ontem. As maiores dores humanas são justamente fruto dos restos do ontem e dos medos do amanhã. Por isso, decida viver o hoje com sabedoria e graça. “Hoje, se ouvires a sua voz, não endureçais os vossos corações...”. Hb. 4:7. Tudo que Deus tem para nós é para hoje! A salvação, a cura, a libertação, o perdão, a paz, o amor e a misericórdia. Tudo, tudo mesmo, é para hoje!

Por isso, se desejamos usufruir destas dimensões espirituais, manifestas a partir das dinâmicas de cada dia, precisamos transformar a decisão que tomamos de seguir a Jesus, um dia, na de-cisão de continuar seguindo-o todos os dias, e isso conforme o Evangelho. Desta forma será possível discernir os Seus propósitos na existência e experimentar do Seu amor e poder na singularidade de cada dia.

Sola Gratia!

Carlos Moreira

O que Sobra da "Obra"?


“Os apóstolos reuniram-se a Jesus e lhe relataram tudo o que tinham feito e ensinado. Havia muita gente indo e vindo, ao ponto de eles não terem tempo para comer. Jesus lhes disse: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco”. Mc. 6:30-31

Os discípulos haviam acabado de chegar da “cruzada evangelística” que o Senhor os encomendara. Na missão que lhes foi conferida, constavam instruções para curar enfermos, expulsar demônios, fazer o bem e anunciar a salvação. O sucesso foi retumbante! A “trupe” estava maravilhada com o poder que havia no Nome de Jesus – “até os demônios se submeteram as nossas ordens”. Ao ouvir isto, entretanto, Jesus os trouxe de volta a realidade: “não se impressionem com essas coisas, mas com o fato do nome de vocês está escrito no Livro da Vida”.

A “moçada”, por outro lado, estava empolgada: “de novo!”. Queriam sair aos quatro cantos da terra para realizar a obra de propagação do Reino de Deus. Aqueles dias haviam sido intensos e inesquecíveis. Conforme o texto, nem mesmo tempo para comer eles tiveram. E era de se imaginar... Quem iria se preocupar com comida numa situação daquelas? Comer, dormir, descansar, ter lazer, orar, meditar, parecem coisas supérfluas quando estamos engajados em fazer a “obra”. Creio que, se dependesse dos discípulos, eles sairiam imediatamente para recomeçar tudo novamente. Jesus, entretanto, e de forma surpreendente, pensava diferente...

“Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco”. O que tinha de ser feito já havia sido feito. Agora era à hora de descansar, de refletir, de orar. Era preciso se preparar física, emocional e espiritualmente para os novos desafios que viriam. O corpo precisava de descanso, a alma de silêncio e o espírito de quietude, pois, até mesmo a obra do sagrado, quando vira rotina, torna-se algo enfadonho e dessignificado.

Vejo os líderes de nossos dias... A grande maioria está assoberbada de atividades, inclusive eu. É a “obra”! Culto de manhã, reunião de tarde, vigília de noite. Programa de rádio, aconselhamento, congresso, discipulado, encontro doutrinário, reunião do conselho, viagem missionária, entrevista para revista, atualização do blog, resposta de e-mail, projeto de ação social, encontro com a juventude, visita ao hospital, ação evangelística, e a lista não termina nunca... É que estamos fazendo a “obra”! Mas, que obra? A obra de quem? A de Jesus? A da Igreja? A nossa própria?...

Eis aí está o grande dilema dos líderes cristãos de nossos dias: ser ou fazer – a grande questão! Agendas intermináveis, compromissos infindáveis; esse é o nosso “negócio”! Não temos família, não temos lazer, não saímos para namorar com nossas esposas, não vamos ao parque com nossos filhos, não nos juntamos com os amigos para dar risada, não vamos ao cinema, ou a um barzinho – credo! –, ou a um teatro; nada! Temos de fazer a “obra”! E a fazemos; se não a de Jesus, certamente a nossa... Não temos tempo para ser porque tudo o que temos está sendo gasto com o fazer. Então vamos fazendo sem ser e, por conta disto, vamos sendo tudo aquilo que não se deve fazer. Tristemente falta-nos a leveza de pés formosos para anunciar, no solo empoeirado da existência de cada dia, a misericórdia e a graça da salvação.

Juntei essas coisas e fiquei pensando: “o que sobra da “obra”? Meu ministério está se tornando uma maratona ensandecida? Para fazer com que ele “aconteça” vou ter que escangalhar minha família, destruir minha saúde, perder os meus amigos, arrasar a minha alma? Aliás, eu creio que tenho alma? Ou imagino que sou de aço, e não de osso? O que sei é que não quero mais “pagar esta conta!”. Chega! Não foi para isto que Jesus me alcançou! Estou certo de que, mesmo Pregadores do Evangelho podem perder a sua alma! Para tal, basta transformarem a dita “obra” em algo que tem um fim em si mesmo. Com lágrimas nos olhos lembro-me da velha canção: “é Meu, somente Meu, todo trabalho. E o teu trabalho é descansar em Mim”...

Digo tudo isto porque tenho andado preocupado. Fico pensando se, naquele último dia, quando estiver diante de Jesus, Ele me falar: “servo mau! Por que fizeste a tua “obra” ao invés da Minha? Te afadigastes com tantas tarefas que te esquecestes de ser quem Eu desejava que você fosse. Sua agenda estava sempre tão cheia que Eu não tinha tempo para falar com você. Tantas coisas queria ter Lhe ensinado! Tanto gostaria de ter feito em você para, em seguida, fazer por seu intermédio! Mas você corria de um lado para o outro. Estava sempre muito atarefado com a “obra”, por isso, perdeu a grande chance de que Eu fizesse a Minha obra em você”...

Sola Gratia!

Carlos Moreira

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