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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

12 setembro 2010

Quando Deus quer é Assim!


Paul Jackson Pollock (1912-1956) foi um pintor americano que se tornou referência mundial no movimento do expressionismo abstrato. Como sugere o próprio nome, esta forma de arte não representa imagens reconhecíveis, pois a ênfase do trabalho está concentrada no ato físico de pintar e tem como inspiração as percepções existenciais do artista, sua força inconsciente interior.

Contemplar o trabalho de um pintor expressionista abstrato é deparar-se com o inusitado, o singular. É justamente por isso que o estilo tanto me fascina, pois oferece-me a possibilidade de perceber a obra a “minha maneira”, da forma como, naquele instante, ela se me apresentou. Outra pessoa, munida de “diferentes percepções”, poderá observá-la de uma perspectiva totalmente diferente, tendo assim outras impressões e emoções.

Pois bem, esta semana eu tive uma experiência e para poder explicá-la vou me utilizar deste tema do expressionismo como alegoria. Já era tarde, passava da meia noite, quando eu e minha esposa, voltando da casa de um casal amigo, paramos no semáforo e nos deparamos com um Fusca, acho que da década de 1970, não sei precisar o ano.

Aquele, de fato, não era um carro comum. Poderia até dizer que parecia uma obra de arte às avessas! Olhei atentamente e não acreditei no que estava vendo. Um desmantelo sem precedentes! O “fusquinha” estava tão sujo que parecia ter saído de um manguezal. Seus pára-lamas estavam amassados e enferrujados e os pára-choques empenados. Os pneus eram “carecas”, o chassi estava deslocado da lataria e, para fechar com “chave de ouro”, só metade da parte elétrica funcionava, a do lado direito do carro. 

Não deu para ver o interior, mas pela amostra do que estava visível, eu pude imaginar... Minha última surpresa, todavia, ainda estava por vir. Quando o semáforo abriu e o fusca deu partida, a luz do meu carro refletida em sua traseira me permitiu contemplar um enorme adesivo no vidro que tinha os seguintes dizeres: “QUANDO DEUS QUER É ASSIM!”.

Aí eu pensei comigo: será? E fiquei na dúvida... Por quê? Ora, porque eu sei que a “interpretação” da frase depende dos conteúdos que cada um de nós possui acerca do que seja a vontade de Deus. É sobre esta consciência que o discernimento se constrói. É como uma pintura expressionista, onde o que eu percebo, a partir de minhas referências, pode ser totalmente diferente do que você percebe.

Jesus sabia que esta questão do “olhar” era algo determinante existencialmente. Por isso afirmou: “se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será bom”, ou seja, se você possuir um bom discernimento – consciência – tudo em sua vida se harmonizará e se tornará luz. Acredite: a maneira como “olhamos” para as circunstâncias da vida pode alterar, e de forma dramática, as perspectivas que nós temos.  

Com relação à frase do “fusquinha”, quero lhe dizer que há, pelo menos, seis formas de interpretá-la, segundo algumas correntes teológicas e uns modismos. Fato é que cada uma delas altera a “cena” em si mesma e, conseqüentemente, os seus desdobramentos.  Qual será a sua? Com qual delas você se identifica? Lembre-se que a forma de “olhar” muda o todo...

1ª Interpretação – QUANDO DEUS QUER, É ASSIM. Esta é uma frase típica dos que são adeptos da teologia da prosperidade. Ela preconiza que Deus quer lhe abençoar e, por isso, vai lhe dar todas as coisas que você deseja para ser feliz. A frase vaticina a “fidelidade” de Deus em ter concedido aquilo que a pessoa tanto ansiava, mesmo que seja um supérfluo. Os que olham para aquele objeto de desejo e não o possuem ficam imaginando o que PRECISAM FAZER para que a “benção” chegue até a sua “tenda” também.

2ª Interpretação – MESMO SEM DEUS QUERER, ESTÁ ASSIM. Ora, aquele carro estava um cacareco! Como ele poderia representar prosperidade? Na verdade, parece mais é OBRA DO CAPETA! Mais uma percepção... e, por incrível que pareça, uma das que mais faz sucesso na “Igreja”. Exalta o diabo como ator hollywoodiano, delega-lhe poderes imensuráveis, alça-o a categoria de popstar cósmico. Seus adeptos tendem a falar mais dos feitos e artimanhas do “tinhoso”, do que da graça e misericórdia de Deus.

3ª Interpretação – PORQUE ESTÁ ASSIM, DEUS NÃO QUER. Trata-se da teologia moral de causa e efeito. Nesta linha de pensamento, Deus é um contador implacável sempre em busca de fazer ACERTOS DE CONTAS com os seus “filhos”. Pecou? Pagou! Para estes não existe Graça, nem Cruz, nem Sangue, nem nada. Todo mundo tem de andar na linha ou leva pancada na cabeça. Deus assume o papel de um ser adoecido, neurotizado, raivoso, sempre em busca de castigar aqueles que saírem do trilho.    

4ª Interpretação – FOI ASSIM E DEUS QUER. Esta teologia trata da questão do livre arbítrio. Ela preconiza que todos nós temos liberdade de escolher e que Deus jamais interferirá nisso. Trata-se de um DIREITO INALIENÁVEL que cada pessoa tem e que não lhe será negado. Observe que primeiro vem à escolha humana – “Foi assim”. Só depois, uma vez que ela se harmonizou com o propósito de Deus – “Deus quer”.

5ª Interpretação – SE É ASSIM É PORQUE DEUS QUER. Eis uma perspectiva mais determinista. Nesta linha de análise, as coisas só estão do jeito que estão porque tudo já estava PREVIAMENTE ESTABELECIDO. Assim, dentro de determinados parâmetros, nada mais pode ser feito uma vez que “os dados já foram lançados”. Em síntese: Deus é soberano para fazer o que quer e bem entende.

6ª Interpretação – JÁ QUE FOI ASSIM, DEUS QUER. Esta teologia não é muito conhecida. Surgiu por volta de 1930 com o nome de “teologia do processo”. Hoje os teólogos usam a denominação de “teísmo aberto”. Observe que neste tipo de posicionamento, Deus torna-se “passageiro”, e não “piloto”. Ele não tem autonomia para decidir nem determinar o que vai acontecer e, sendo assim, apenas corrobora com o que já aconteceu. Em poucas palavras: Ele NEM AJUDA NEM ATRAPALHA; apenas observa. 

Não sei com qual destas correntes teológicas você mais se identifica. Talvez, até com mais de uma! Não estou aqui propondo uma discussão profunda sobre o tema, mas apenas dando-lhe, de forma simples, uma visão sobre alguns conceitos que, por vezes, os “teólogos” tornam por demais complexos. Tenho tentado, com grande esforço, simplificar minha fé, mas descobri que o “simples é o contrário do fácil”.  

E você, quer simplificar? Então vamos as Escrituras: “a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável”. Independente do que você acredita, da teologia que você abraçou, Deus é bom e quer lhe fazer o bem! Quando Ele olha para você, está repleto de sentimentos de amor e de ternura, e isso lhe basta. Quanto a mim, o que sei, como disse o mavioso salmista de Israel, é que “paz e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida. E habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre”. O resto, eu deixo nas mãos de Deus...

S o l a   G r a t i a !
Carlos Moreira

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