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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

30 agosto 2011

Que me Venha a Tristeza Então!



“A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração”. Ec. 7:3.

Nós vivemos na sociedade da fuga. Foge-se de tudo e, não raro, de todos. As pessoas desviam da realidade, vivem entorpecidas por psicotrópicos, não suportam o mundo como ele se apresenta. Em reportagem no jornal Folha de São Paulo, constatou-se que o ansiolítico Rivotril vende mais no Brasil do que Paracetamol e Hipoglós. Pode?

Pessoas fugindo... Elas se evadem de situações difíceis, inventam uma “mentirinha branca”, aquela que não traz prejuízos... Evitamos o gerente do banco, pois a conta está estourada, o síndico do prédio, pois o condomínio está atrasado, o cliente, pois a entrega está fora do prazo acordado, até os filhos, pois eles demandam tempo, e tempo, definitivamente, é algo que nós não temos.

Há os que têm medo do confronto, são eternas crianças, desviam da palavra mais firme, do olho-no olho, da verdade nua e crua. Evitam a todo custo uma conversa sincera, por isso, criam desculpas esfarrapadas, marcam e não comparecem, prometem e não cumprem, têm medo do enfrentamento porque sabem que agiram erradamente, preferem o jogo de esconde-esconde, arrastam a situação por anos, se possível for. Já afirmava Charles Ferdinand Ramuz, escritor e poeta suíço: “Não basta fugir, é necessário fugir-se para o lado mais conveniente”.

Há os que se escondem de si mesmos... Tentam esconder o ser do próprio eu, enterram seus sentimentos nos lugares impermeáveis da alma, aprisionam suas consciências em calabouços de mistérios. Friedrich Hebbel, poeta alemão, afirmou: “A vida da maioria das criaturas humanas é uma fuga para fora de si próprias”. Que agonia é existir assim, no simulacro, é a existência anabolizada, a vida plastificada.

Tenho visto algo alarmante: pessoas que evitam qualquer tipo de situação incômoda ou de desprazer. É a existência idealizada sobre a égide do hedonismo epicureu, a busca apenas pelo prazer, tudo o mais deve ser rejeitado: hospitais, funerais, doentes terminais, estações outonais, as pessoas não querem nada que as remeta às dinâmicas pertencentes ao real: a dor, a perda, o sofrimento e a solidão.   

Quero tentar trazê-lo à realidade! O sábio do Eclesiastes afirma que é melhor o enfrentamento com a tristeza do que a fuga dela. É a tristeza, e não o riso, que produz um ser mais robusto, uma espiritualidade sustentável, uma fé consequente.

É girando o moinho da dor que as pessoas se transformam em gente, aprendem a solidarizar-se, a perceber o outro, tornam-se generosas, humildes, contritas e mansas. Somos todos seres singulares, mas bem poetizou Frejat na sua canção “todo mundo é parecido quando sente dor”.   

Não fuja da tristeza, ela pode ser de grande valia na vida! É por isso que o apóstolo Paulo dizia que “regozijava-se nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições e angústias”, pois sabia que esses matizes eram capazes de transformar suas fragilidades em fortalezas.

Deus se utilizará mais da tristeza do que da alegria para forjar em nós um ser melhor, pois este é o convite para os que desejam caminhar no caminho: “Tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus.” Hb. 12:2.


Que me venha, então, a tristeza, pois eu sei, conforme o salmista, que os que “semeiam com lágrimas, com alegria ceifarão”.


Quem na vida sai andando e chorando enquanto semeia, quem entendeu que lágrimas são sementes que germinam a felicidade e que a terra regada com o sofrimento é capaz de produzir frutos de justiça jamais deixará que qualquer tipo de dor passe em sua vida sem que produza paz e bem para o ser.


Carlos Moreira

28 agosto 2011

Não; Não Quero; Não Posso; Não Sei!




Faz 30 anos que conheci a Jesus Cristo, mas só há 10 atuo como ministro ordenado. Para entrar para o “seleto” grupo dos clérigos da igreja, tive de ir ao seminário teológico onde passei 4 anos estudando.


Quando estava no meio do curso de teologia, achei que aquilo lá não iria ser tão útil quanto eu, inicialmente, imaginava. Foi aí que comecei, paralelamente, o curso de filosofia. A princípio minha cabeça “ferveu” um pouco, pois enquanto o “teólogo” tem sempre respostas para tudo, o “filósofo” persegue implacavelmente as perguntas. Depois de certo tempo, ambos acabaram se harmonizando em mim... Hoje convivem em paz.

Como sempre fui um leitor contumaz das Escrituras, não passei por nenhum tipo de crise, nem num curso nem no outro. Minha fé já estava bastante alicerçada quando parti para aprofundar meus conhecimentos. Sei que muita gente afirma ter “surtado” quando se deparou com certas questões, sobretudo no seminário, mas comigo isso jamais aconteceu. Durante algum tempo pensei que era algum tipo de anormalidade. Depois, descansei...

Eu aprendi muita coisa interessante nestes últimos 5 anos. Li bastante, sobretudo os clássicos de ambas as disciplinas. Mas para você, jovem pastor, ordenado ou não, membro ou não de alguma instituição religiosa, que recebeu sucessão apostólica ou não, que foi ou não ao seminário, mas você, que cuida de gente, abre a sua casa, sacrifica sua agenda, reparte sua vida, esforça-se para servir a outros, tenho 4 coisas a lhe ensinar. Aliás, estas são as 4 coisas mais importantes que eu aprendi até agora no exercício do ministério pastoral.

A primeira é que você precisa aprender a dizer NÃO. E por que digo isto? Porque pastores normalmente são vistos como seres que não possuem suas próprias demandas, ou seja, nós não podemos nos sentir cansados, sobrecarregados, deprimidos, aflitos, desestimulados. O pastor tem sempre que estar sorrindo, ser uma benção, um exemplo de fé, de renúncia, de coragem. A esposa do pastor tem que ser quase uma “virgem santa”, ela tem de agradar a igreja inteirinha, e os filhos do pastor, ai meu Deus, tem de se assemelhar a anjinhos de presépio.

Pois bem, se você aprender a dizer não, você vai mostrar para a igreja que você não irá viver uma farsa, que você não está disposto a “pagar” esse “custo” existencial nem ministerial, que não raro você também enfrenta os mesmos problemas que qualquer um dos membros que lhe procura solicitando ajuda. Sim, se você é alguém normal, e não incorporou ainda o “espírito” do super-pastor, você pode, e deve, em diversas situações, dizer não!    

Outra coisa fundamental no seu ministério será você aprender a dizer NÃO QUERO! É muito comum pastores que depende financeiramente da igreja ter de se submeter a tudo que os membros desejam. Desta forma, o pastor torna-se refém da membresia, não tem autonomia nem mesmo para pregar com liberdade e ousadia aquilo que Deus coloca no seu coração.

Isso, convenhamos, é muito triste, pois, com medo de faltar os recursos necessários para manter sua família, os quais podem ser abruptamente cortados pela junta, conselho,  presbitério, diocese – isso varia de acordo como o tipo de governo da igreja – o pastor acaba tendo de fazer o que chamo de “pregação cotonete”. Trata-se de um tipo de mensagem que possui grande poder de fazer cócegas nos ouvidos da igreja, mas isso é tudo que ela produz. Se você aprender a dizer NÃO QUERO, ou a igreja vai lhe botar no olho da rua, o que fará com que você viva em paz com sua consciência, ou ela aprenderá a ouvir aquilo que precisa, e não o que deseja.

Em terceiro lugar, quero lhe ensinar algo preciosismo: comece a dizer NÃO POSSO. O ministério pastoral é um dos trabalhos mais desgastantes que existe. Eu sou empresário há 15 anos, estou acostumado com árduas jornadas de trabalho, viagens, reuniões, etc. Mas um pastor não tem vida! Ele tem de visitar, batizar, casar, enterrar, aconselhar, animar, ensinar, pregar, evangelizar, são tantos “....ar”, que não sobra tempo para você ter vida! E não sei se você já percebeu, mas você precisa de uma...

Por isso, querido pastor, aprenda logo a dizer: “infelizmente, eu “NÃO POSSO” fazer isto. Para tal, mantenha uma agenda atualizada, separe tempo para as tarefas do ministério e para as outras coisas também! No meu caso, eu possuo trabalho secular, mulher, filha, necessidade de lazer, de cuidar da saúde, e não poderei fazer essas coisas se tudo o que me pedirem eu me comprometer a realizar.

Finalmente, mas não menos importante, aprenda a dizer “NÃO SEI”! Todo pastor imagina ser um compendio de informações bíblico-teológicas, uma espécie de Google Evangélico. Ele pensa que tem de ter respostas exatas para todas as questões da vida cristã, que precisa saber decorados todos os versículos, as doutrinas, credos, confissões, a história da igreja, a teologia sistemática, a escatologia, e todas as outras “...gias” que existem no ministério.

Meu querido, simplifique as coisas para você e para a sua congregação: diga a maravilhosa e ungida frase: “NÃO SEI”! Com isto você irá poupar as ovelhas de Jesus Cristo de ouvirem respostas bizarras, interpretações mirabolantes, desculpas esfarrapadas, exegeses de 5ª categoria, uma hermenêutica que beira as bordas do inferno. Experimente ser alcançado pela maravilhosa paz que recai sobre o ministro de Deus quando ele diz: “NÃO SEI”! Aleluia!

Existem muitas outras coisas que são úteis ao ministério, mas estas você deve aprender nos livros de teologia. Elas servirão para muito pouca coisa, mas é bom que você as conheça. Contudo, com estas 4 que eu acabei de lhes ensinar, vocês poderão não ser um grande “sucesso” ministerial, mas terão uma vida para viver com Deus e com o rebanho que a Ele pertence e lhes foi confiado. Sim, creio que vocês viverão com a alma pacificada, o coração agradecido e o espírito quebrantado. O que mais vocês desejam?

Carlos Moreira

24 agosto 2011

Por quê?


Por que as coisas mais incríveis da vida foram aquelas que passaram diante de nós e a gente quase não se apercebeu delas, foi como brisa de final de tarde num dia ensolarado de verão?

Por que a gente só dá valor a pai e mãe depois que a gente os perde na vida, depois que amargamos experimentar o fato de que os túmulos não falam, nem afagam, apenas calam?

Por que só aprendemos a reconhecer o valor da amizade quando perdemos nossos amigos, sofremos sozinhos, choramos escondidos, disfarçamos na mesa do bar as ausências reveladas pelas cadeiras vazias?

Por que a gente só se sente seguro depois que o corpo não corresponde mais aos nossos anseios, quando braços e pernas teimam em não mais nos obedecer?
  
Por que a gente só se sente maduro quando não dá mais para fazer coisas que só os garotos fariam, e por que a gente quando é garoto não consegue agir como gente grande?

Por que depois dos 40 a velhice se aproxima tão velozmente: a vista cansa, as costas doem, o sono é conturbado, a paciência diminui, tudo parece apenas mesmice?

Por que o amor com o tempo vai se apagando, como vela em fim de festa, e o seu brilho vai se ofuscando, como o orvalho da manhã que encobre o vidro da janela do quarto?  

Por que a vaidade nos deixa a certa idade, os sonhos se esfarelam, os planos se desfazem, as prioridades deixam de existir, tudo, absolutamente tudo, passa a ser algo dramaticamente real?

Por que os filhos crescem tão rápido e nós, pais, sem que façamos absolutamente nada, passamos de mocinhos a bandidos, de heróis a vilões; por que eles deixam de nos beijar, abraçar, de dizer que nos amam e precisam de nós?

Por que a certa altura da vida, o exercício de qualquer que seja a profissão trás consigo um grande enfado, pois quando este tempo chega, até ganhar dinheiro se torna coisa penosa?

Por que antes que venhamos a experimentar todas estas coisas, e os nossos dias tornem-se sem propósitos, não nos rendemos a Deus, que pode ressignificar hoje nossa existência, dar a ela outro destino, colorir o acinzentado que se acumulou em nossos olhos encharcados de tanto asfalto e concreto, por sabor em nossa comida, prazer em nossas relações, sonhos em nossa rotina, música em nossa alma, paz e bem em nossa vida?

Sim, por quê? Por quê? E por que não?

Carlos Moreira

 

22 agosto 2011

Cenários


Quando nós não percebemos para quê existimos e porque estamos em um lugar e não em outro, não enxergamos um palmo a nossa frente. Ver é mais do que enxergar!


Se nos tornamos conscientes do caminho que devemos percorrer saberemos também que tudo na estrada não passa de cenário. Não se deve perder tempo com os cenários e sim com a história que neles se desenrola.


Agora mesmo muitos estão olhando maravilhados para a grande cidade cenográfica que é o mundo a nossa volta. Nem desconfiam que nada é o que parece ser; os materiais dos quais as coisas são feitas não são exatamente o que julgamos ser.


Os viajantes se perdem porque atentam para a paisagem esplendorosa e não para os papéis que devem desempenhar. Quem olha deslumbrado para o azul do céu acima de sua cabeça acaba caindo no despenhadeiro logo abaixo dos seus pés!


Contudo, os cenários também têm importância para aqueles que participam da cena. Eles também servem para nos lembrar quem somos; eles trazem de volta à nossa mente a lembrança do nosso papel.


A árvore balançando, o corpo estendido na beira da estrada, a palavra dita irrefletidamente; tudo nos lembra de nós mesmos e nos faz voltar ao caminho. Não se deve parar para apreciar demoradamente a paisagem, mas é imprescindível olhá-la e seguir em frente.


O mundo tem duas grandes funções: nos iludir e nos alertar. Ilude-nos quando canta como fizeram as sereias tentando atrair Ulisses que precisou amarrar-se no mastro do navio, e nos alerta quando nos sorrir com os dentes brancos que são característicos do diabo.


Agora mesmo eu estou em um lugar fútil, barulhento e cheio de vidas vazias. Eu deveria lamentar por estar aqui, mas não posso, pois se trata apenas de um cenário. Um desprezível cenário!


Todos os dias pessoas com gestos desconexos e andando de um lado para o outro inconvenientemente são levadas para longe das cenas. Elas estão perdidas, daí destoarem do enredo, não se coadunarem com a cena.


Isso me faz lembrar que a morte nada mais é do que o contra-regra que toma pelas mãos e leva para longe aqueles que não compreendem os seus papéis, ou que concluíram a última fala que lhes cabia. A morte é sempre a experiência derradeira no palco da vida!


Os cenários mudam, mas o nosso caminho é sempre o mesmo. Mudam sim as veredas, as estradas, mas não o destino. Chegaremos onde nos está proposto chegar, apenas lá e nunca em outro lugar. Enquanto isso, caminharemos por entre muitos cenários.

André Pessoa via Século XXI

Em Extinção

Assista a mensagem de Vídeo "Em Extinção". Clique na barra de menu na opção "Mens. em Vídeo".

Sinopse:
Que o mundo ruma para um colapso, todos nós sabemos. O planeta está exaurido, dando sinais claros de sua incapacidade de suportar o "apetite" humano. Em pouco tempo, muito do que conhecemos hoje estará extinto. Mas, o que fazer quando homens e mulheres de Deus desaparecem do cenário da existência? Estarão em extinção aqueles que nos fazem sonhar, que nos alentam poeticamente e nos confrontam profeticamente? Aprenda nesta mensagem como se forjam Homens e Mulheres de Deus.

15 agosto 2011

Cresce o número de evangélicos sem ligação com igrejas


Especialistas dizem que processo pode ser análogo ao de quem se identifica como 'católico não praticante'Pesquisa mostra que, entre 2003 e 2009, fatia de fiéis que dizem não ter vínculo institucional saltou de 4% para 14%


Verônica de Oliveira, 31, foi batizada católica e vai à missa aos domingos. No entanto, moradora do morro Santa Marta, no Rio, é vista com frequência também nos cultos das igrejas evangélicas Deus é Amor e Nova Vida.Quando questionada sobre sua filiação, dispara: "Nem eu sei explicar direito. Acho que Deus é um só".

Em cada igreja, ela gosta de uma característica. Na Católica, são os folhetos distribuídos na missa. Na Deus é Amor, "um pastor que fala uma língua meio doida".

Na Nova Vida, aprecia o fato de lerem bastante a BíbliaMais do que trair hesitações teológicas, casos como o de Verônica, de "religiosos genéricos", que não se prendem a uma denominação, crescem nas estatísticas.

Um bom indício do fenômeno surge nos dados sobre religião da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% -um salto de mais de 4 milhões de pessoas.

Entram nesse balaio, além de multievangélicos como Verônica, pessoas que não se sentem ligadas a nenhuma igreja específica, mas não deixaram de considerar-se evangélicos, em processo análogo ao dos chamados "católicos não praticantes".

A intensidade exata do fenômeno só será conhecida quando saírem dados de religião do Censo de 2010.

No entanto, para especialistas consultados pela Folha, a pesquisa, feita a partir de amostra de 56 mil entrevistas, é suficiente para dar boas pistas do movimento.

O pesquisador Ricardo Mariano, da PUC-RS, reconhece que vem ocorrendo aumento de protestantes e pentecostais sem vínculos institucionais, ainda que ele tenha dúvidas se o crescimento foi mesmo tão intenso quanto o revelado pelo IBGE.

INDIVIDUALISMO



Para ele, a desinstitucionalização é resultado do individualismo e da busca de autonomia diante de instituições que defendem valores extemporâneos e exigem elevados custos de seus filiados.

De acordo com o professor, parte dos evangélicos adota o "Believing without belonging" (crer sem pertencer), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental.

Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a pesquisa levanta é se este "evangélico genérico" tem semelhanças com o católico não praticante. Para ela, "ambos usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir".

Diana Lima, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos, levanta outra hipótese: "Minha suspeita é que as distinções denominacionais talvez não façam para a população o mesmo sentido que fazem para religiosos e cientistas sociais. Tendo um Jesus Cristo ali para iluminar o ambiente, está tudo certo".

Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem religião e neopentecostais.

No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio "blend" de crenças -o que reforça a tese da desinstitucionalização.

Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, o que está ocorrendo é um processo de democratização religiosa, "com todos os problemas da democracia".

O maior perdedor é a Igreja Católica, que ficou sem seu monopólio. Segundo Alves, ela vai ceder mais terreno, porque os católicos se concentram nas parcelas de menor dinamismo demográfico.

Já os evangélicos ainda vão crescer muito, garante o demógrafo, pois ganham entre as parcelas da população que têm maior fecundidade.

Outro dado interessante da POF é que aumentou o número dos que declararam uma religião não identificada pelos pesquisadores, o que indica que na década passada mais igrejas surgiram e passaram a disputar o "supermercado da fé", na expressão depreciativa utilizada pelo papa Bento 16.
Por ser amplo, o levantamento permite também identificar, denominação por denominação, o tamanho de cada igreja.



A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, registrou queda de 24% no número de fiéis. O recuo pode estar relacionado com a criação de igrejas dissidentes.



Ao analisar os números, porém, os pesquisadores consultados dizem que é preciso esperar o Censo para confirmar esse movimento.

ANTÔNIO GOIS
DO RIO
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Fonte: 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1508201102.htm

13 agosto 2011

Pai Herói!



Pai, já faz 5 anos que você se foi... Mas a saudade não diminui, a lembrança permanece sempre em meu coração.

Pai, obrigado por você ter sido o melhor que pôde para mim, meu amigo, meu herói. Pai, amanhã é dia dos pais, vou pregar sobre ser pai, e me lembrarei em todo tempo de você. Com respeito, devoção, admiração e amor, seu filho, Carlinhos.


Faço púbica minha homenagem, obrigado por tudo pai, nos veremos muito, muito em breve! Saiba que eu tenho me esforçado para ser um homem de bem, como você me ensinou, para honrar o seu nome, e para ser um bom pai, marido, profissional e cristão. Deixo essa música para você, que sempre me falou muito ao coração e que eu sei que você também gostava. Um beijo pai!


12 agosto 2011

A Juventude Evangélica e o Desafio da Sexualidade


Editorial
Danilo Fernandes e
Carlos Moreira


Virgindade

Não há dúvida de que há importância e significado em manter a virgindade feminina como disposição pré-matrimonial para a validação social do caráter e da afirmação dos valores éticos nas principais culturas do planeta.

As maiores religiões do mundo tratam a virgindade da mulher, antes do matrimônio, com força de convenção social, a qual acaba por transforma-se, não raro, no maior balizador de uma espiritualidade construída de forma sadia e sustentável.

Esse é também o caso do Cristianismo. Desde sua origem, tomando como ponto de partida a ética judaica, a virgindade é o grande “certificado” tangível de pureza e santidade, sobretudo, para as mulheres. A coisa é tão séria que, chega-se ao ponto, como entre os Católicos Romanos, de fazer da virgindade a “pedra angular” da construção de um matrimônio santo, digno de veneração – pois foi assim que criou-se o dogma da virgindade pós-maternidade de Maria, mãe do Senhor Jesus Cristo – ainda que construído contra as evidências naturais e os indícios bíblicos, incluindo as afirmações relativas aos irmãos de Jesus.

Surpreendente é o fato de que, numa sociedade esvaziada de valores e conteúdos, de ética e propósitos, estimulada fortemente a exacerbação da erotização, haja um crescente interesse de diversos grupos, religiosos, inclusive, em valorizar e promover a virgindade entre jovens solteiros.

Ora, num contexto sócio-cultural, onde estes valores foram não só diluídos, mas praticamente banidos pelo liberalismo pós-década de 1960, impulsionados pela cultura hippie e pelo movimento feminista, deparar-se com os resultados obtidos em pesquisas no exterior, comprovada paralelamente pela recente pesquisa do BEPEC – Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã – http://www.bepec.com.br – sobre a sexualidade dos jovens é, sem dúvida, uma surpresa das mais agradáveis e inesperadas.

Movimentos Recentes

Historicamente, a virgindade, como conceito, sempre assumiu uma maior ou menor importância entre os cristãos, e também para o restante dos homens, em diferentes épocas e contextos culturais.

Constata-se, outrossim, que este conceito começou a perder força a partir da primeira guerra mundial e a belle époque, que estabelece uma quebra de paradigma promovendo um novo papel para a mulher em nossa sociedade – a partir do sufrágio universal.

Daí por diante, com a invenção da pílula, o engajamento e abertura de postos de trabalhos para as mulheres nas fábricas, o que produziu sua libertação econômica, além de uma necessidade de se repensar a família, do ponto de vista do planejamento dos filhos, associado aos fatores já citados acima, a questão só complexificou-se.

No início da década de 90, nos Estados Unidos, fomos testemunhas do surgimento de uma série de campanhas em favor da abstinência sexual entre jovens, a começar pelo governo Bill Clinton, que, quase forçosamente, teve de redefinir o conceito do que era sexo – tudo em função do escândalo sexual no qual o próprio presidente esteve envolvido.

Com isso, iniciou a mais maciça campanha pela abstinência sexual entre jovens de forma jamais vista nas escolas americanas, e isso com vistas a combater, principalmente, a propagação de doenças sexualmente transmissíveis. Como cultura mais importante do planeta, fomentadora de regras e difusora de conceitos, as proposições, pensamentos e conceitos acabaram espalhando-se por muitos países do mundo.

Para os cristãos, que acabaram pegando “carona” no movimento secular, a questão não resumiu-se apenas a um problema de saúde pública, mas ganhou contorno ético-religioso, ou seja, estabeleceu-se como um chamado para que a ótica bíblica pudesse ser re-examinada e, sobretudo, cumprida. 

Neste contexto, um marco importante foi o movimento religioso em prol da abstinência sexual até o casamento, iniciado em 1994, em uma igreja batista na cidade americana de Baltimore. A partir daí, seguiu-se uma sucessão de outras campanhas, capitaneadas inclusive por artistas famosos e celebridades, como o ídolo teen Justin Bieber e, mais recentemente, a banda  Jonas Brothers. 


Sem qualquer prejuízo a fé, modismos como a adoção do “anel de pureza”, pulseiras e outros símbolos para representar, explicitamente, à opção de se casar virgem, ganhou rapidamente adeptos também aqui no Brasil. Celebridades, como o jogador Kaká, que declarou publicamente o fato de ter se casado virgem e as implicações positivas de tal decisão, começaram a dar ao movimento uma maior dimensão do ponto de vista sócio-cultural-religioso.

No exterior, o que se vê, seja por conta de campanhas de igrejas, ou por intermédio de ações do governo, é uma tendência à revalorização da virgindade pré-conjugal como prática desejável. Segundo pesquisa da OneHope, ministério jovem fundado em 1987 pelo missionário Bob Hoskins, dois terços dos adolescentes cristãos entrevistados que tiveram experiências sexuais gostariam de ser virgens novamente. Um número ainda mais significa é o de 61% dos adolescentes afirmarem que gostariam de se casar virgens.

Nos Estados Unidos e Europa, as campanhas por abstinência tanto acontecem na esfera eclesiástica, quanto na secular. Já no Brasil, tais ações ainda estão restritas aos “ambientes” cristãos. Numa análise simplista, talvez isso se deva ao fato de que nosso governo não esteja interessado em adotar tal política. Por aqui, a principal ação de saúde pública relativa à sexualidade de jovens e adolescentes não está relacionada à promoção e incentivo da abstinência, mas apenas a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, com o uso de métodos contraceptivos, sobretudo a famosa “camisinha”.

Por outro lado, no âmbito religioso, entre católicos e evangélicos, por exemplo, vemos como a questão pode rapidamente ganhar força quando o interesse é a preservação da vida no seu sentido mais amplo. Há meses temos visto o assunto ganhar os principais tópicos de discussão em redes sociais como o Twitter.


Se nos EUA as campanhas começam a surtir efeito sobre a população jovem em geral, no Brasil, todavia, isto ainda não ganhou desdobramentos na proporção necessária. O contingente afetado pelas campanhas de caráter religioso é “marginal” em relação ao percentual da população em idade, conceitualmente, liberada para práticas sexuais.

Segundo pesquisa internacional noticiada pela Agência Estado, The Face of Global Sex 2007 - First sex: an opportunity of a lifetime (28 mil entrevistados em 26 países), o Brasil aparece em segundo lugar no ranking dos países em que a população perde a virgindade mais cedo, com 17,4 anos, em média. O País fica atrás apenas da Áustria, onde a primeira relação sexual ocorre com aproximadamente 17,3 anos.

O Ministério da Saúde, em pesquisa realizada em 2008 e divulgada em 2010, informa que 26,8% dos brasileiros (homens 36,9% - mulheres 17%) tiveram a sua primeira experiência sexual ANTES dos 15 anos de idade. Sem dúvida, um dado muito significativo, pois revela uma precocidade impressionante. Para se ter um dado comparativo, na média mundial, a primeira relação sexual acontece aos 18,9 anos.



E Entre os Jovens Evangélicos, Qual é o Cenário?

Surpreendentemente, está é a principal “boa-nova” que aparece no relatório – JOVENS E SOLTEIROS - da pesquisa “O Crente e o Sexo” realizada pelo BEPEC. Sem dúvida, principalmente após o primeiro confronto da Pesquisa “O Crente e o Sexo” – casados – com as estatísticas da população brasileira, os dados se mostraram bem mais animadores. O apurado podem não ser os "números" dos sonhos de muitos, de forma que surja aquela sensação de copo meio vazio. Mas para maioria, o  experimentar é o abrando de um copo mais para o cheio.

A título de informação, na maior parte dos aspectos pesquisados junto a população evangélicos CASADOS, não foi possível constatar DIFERENÇAS de comportamento, hábitos e atitudes entre a população geral e a população evangélica. Desta forma, infelizmente, nossa constatação foi a de que, entre a prática e o discurso dos evangélicos há um abismo incômodo e, talvez, insuperável. É o Reino de Deus construído sobre o império da hipocrisia.

Desta forma, infelizmente, nossa constatação foi a de que, entre a prática e o discurso dos evangélicos há um abismo incômodo e, talvez, insuperável. É o Reino de Deus construído sobre o império da hipocrisia. 

Mas quando vamos para a outra parte da pesquisa, a que trata dos jovens, logo para começar, já nos surpreendemos positivamente com os dados quantificados entre os solteiros evangélicos de todas as idades, de ambos os sexos, pois praticamente 34% deles afirmaram ser virgens. Esse número aponta para um contraste significativo em relação à realidade total da população geral do país. 


Ora, levando-se em consideração que, nem órgãos específicos, nem ONG’s, nem mesmo o governo realize qualquer tipo de campanha ou propaganda com influência de massa nas mídias disponíveis para inibir a prática sexual precocemente, há de se convir que a Igreja, nesta questão em particular, têm, de alguma forma, ou através da EBD, ou dos pequenos grupos, os de reuniões de juventude, ou através de cultos doutrinários, ou mesmo no ensino dentro de casa – no caso das famílias – conseguido perpassar para estes jovens e adolescentes valores do Reino de Deus e do Evangelho de Jesus. Esta é a única explicação para que estes números surjam assim de forma tão expressiva.

A disparidade é ainda maior quando a população estudada são os jovens evangélicos de 16-24 anos. Aqui, impressionantes 58,33% das jovens e 48,51% dos jovens se declararam virgens. 


Quando estes “extratos” são comparados com os dados secundários informados acima, dando conta que a idade média da primeira experiência sexual do brasileiro acontece aos 17,4 anos, a diferença entre estas populações é patente. Considerar que quase 60% das mulheres e 50% dos homens, aproximadamente, em um período de idade onde a própria “natureza” reclama para si a experimentação sexual mantém-se virgem é algo que nos trouxe enorme surpresa!

Malgrado os resultados da pesquisa com evangélicos casados, entre os jovens, apesar de serem considerados “crianças na fé”, surpreende o fato de que estão vivendo aquilo que afirmam em seu discurso, ou seja, almejam a santidade, ainda que, freqüentemente, sejam admoestados pelos mais velhos acerca de seu comportamento “irresponsável”. Neste sentido, nossa estupefação é constatar que, se a hipocrisia do hipócrita não se envergonha, ao menos, não se presta a corromper o justo! 

Neste sentido, nossa estupefação é constatar que, se a hipocrisia do hipócrita não se envergonha, ao menos, não se presta a corromper o justo!

Outro aspecto demonstrado nitidamente pelo gráfico é a diferença ética entre a população evangélica total e os chamados neopentecostais – ou pós-pentecostais, como melhor tem se enquadrado a designação atual deste grupo – a qual também se mostra exposta neste aspecto da sexualidade. Não obstante, a despeito desta particularidade, mesmo entre estes, se faz notar a diferença em relação à população geral. 


No gráfico 2a abaixo, verificamos que a maioria dos jovens afirma ter tido a sua primeira experiência sexual após a conversão. Contudo, há um viés na questão a ser levado em conta. A idade média dos respondentes e a idade mínima – 16 anos vis a vis o tempo médio de convertido, coloca uma boa parte dos convertidos em uma idade pré-puberdade. Estes evangélicos desde a infância, se decididos, anos depois, a experimentar o sexo, em eventual afastamento da igreja na adolescência, reforçam a estatística.


Por outro lado, se a idéia é quantificar a “força” da confissão e da encarnação dos valores do Evangelho na mudança de hábitos sexuais, o gráfico 2b indica que, mais de 1/3 dos jovens, vivendo num momento de plena explosão de seus hormônios, experimentaram o sexo após a conversão, mas, a partir de uma reconstrução da matriz de valores e conteúdos do ser, retornaram ao estado de abstinência. Isto é algo fantástico! 



Estes dados, contrastados com o dos evangélicos casados vistos na pesquisa BEPEC – “O Crente e o Sexo”, onde os mais velhos tenderam a conformar-se as práticas seculares mais facilmente, demonstra uma firmeza e uma consciência que nos deixa animados em relação ao futuro. Esta geração dá indícios de que o quadro, não só está em processo de mudança, quanto que as mudanças são promissoras e altamente positivas. 

Em outra perspectiva, quando estudamos os hábitos e práticas dos jovens evangélicos entre 16 e 24 anos no namoro, quantificamos que apenas 20,55% afirmam possuir vida sexual plena e ativa, indicando que, entre os que viveram a experiência, parcela considerável voltou à abstinência, ainda que muitos terminem por exercitar um nível de carícias intimas como “substitutivo” do ato sexual, como atesta o gráfico 7.

É provável que os conservadores, ou mesmo os mais radicais, afirmem que fazer sexo e praticar carícias íntimas é a mesma coisa, ou seja, é pecado do mesmo jeito. É bem verdade que esta afirmação encontra respaldo bíblico por mais parcimoniosos que desejemos ser, mas, olhando do ponto de vista das conseqüências para a vida e para o ser, as implicações mudam substancialmente.

E porque afirmamos isto? Porque é praticamente impossível que haja, por exemplo, gravidez indesejada ou transmissão de doenças sexuais, como a AIDS, em tais “procedimentos”. Ou seja, aqui tratamos não entre o que é bom e o que é ruim, ou entre o que é certo e o que é errado, mas, entre o que é mais danoso e produz piores desdobramentos diante das possibilidades encontradas.



Mas nem tudo na pesquisa “são flores”

Há um dado, dentre outros, que nos chamou a atenção por ser bastante significativo. Em nossa análise e perspectiva, ele demonstra não só um distúrbio comportamental na vivência da sexualidade humana, mas também a utilização de um tipo de “mecanismo alternativo”, ou regra de saída, talvez por fuga, ou por medo, talvez em função da “condenação da Igreja, que é a prática da pornografia, sobretudo utilizando como meio a rede mundial de computadores – Internet. 


Os números colhidos neste gráfico revelam o assustador número de 67% dos jovens entre 16 e 24 anos como “consumidores” de pornografia através da Internet. Por outro lado, constatamos que mídias tradicionais de veiculação de pornografia, como DVD’s e revistas, tiveram percentuais bem mais discretos quando comparados a pornografia virtual. A questão tem suas razões, conforme sugerimos a seguir.

Em primeiro lugar, a Internet tem “material” muito mais vasto do que estas outras mídias, e este, por sua vez, pode ser acessado de forma muito mais simples e fácil. Numa publicação, digamos, “tradicional”, tem-se sempre um “tema” sendo abordado, sexo anal, por exemplo. No caso da Internet, existem centenas de agrupamentos para tratar a pornografia, tais como sexo grupal, lesbianismo, swing, ménage a trois, dentre muitas outras qualificações, além de aberrações tais como sexo com animais, com crianças, sexo misturado com excrementos, com pessoas deformadas, etc. 


Em segundo lugar, a Internet é um meio de acesso a pornografia a um custo muito menor do que qualquer outra publicação do gênero. Assim, o “usuário” passa a ter disponível conteúdo ilimitado, diversificado, e a um preço baixo.

Outro fator importante é o anonimato. Quem se arrisca a comprar um DVD ou uma revista em loja especializada ou banca de revista corre sempre o risco de ser, de alguma forma, identificado. Na Internet o anonimato estimula a prática, uma vez que só especialistas seriam capazes de identificar que computador esteve acessando determinado conteúdo, mas, ainda assim, não seria possível determinar com segurança quem o fez.

A prática da pornografia, sobretudo a virtual, seja em que idade for, revela uma sexualidade adoecida, que se satisfaz com a fantasia, com o irreal, e não com a beleza e o prazer que há quando corpos de pessoas que se amam e se completam se encontram. A prática da pornografia virtual, além de ser algo viciante para o ser, pois cria um tipo de “dependência psicológica”, é egoísta, uma vez que, via de regra, é unilateral e feita as escondidas.

Se compararmos os dados colhidos na prática da pornografia virtual confrontados com dois outros tipos que, em décadas passadas, eram muito comuns – sexo com prostituas e freqüência a prostíbulos – seria plausível afirmar que houve uma substituição do sexo real pelo virtual, pois os números percebidos nestes dois tipos sugeridos são “marginais”, ou seja, extremamente pequenos em relação à população total.


A felicidade não é um corpo

Sexo para os cristãos sempre foi um problema, e isso desde o início da igreja. Paulo já carregava notadamente certa dose de preconceito em suas epístolas, talvez por questões pessoais, talvez como forma de antagonizar a doutrina cristã frente à devassidão da sociedade romana, na qual ele vivia. Esta, por sua, vez, já carregava em suas “entranhas” as influências do helenismo grego, onde o sexo assumia diversos matizes contrários aos costumes hebreus. Daí para frente à questão só piorou...

No século IV, com Santo Agostinho, o sexo tornou-se algo terrível, uma nódoa na consciência dos cristãos. Agostinho, que vinha de uma vida dissoluta, introduz um sentimento de culpa que esmaga toda e qualquer ação que gere prazer sexual. Nele o sexo torna-se feio, sujo, impuro, perverso e vicioso. Em sua famosa obra “Confissões”, chegou a afirmar: "... a felicidade não é um corpo e por isso não se vê com os olhos". É sobre este pensamento que a cultura cristã ocidental vai se desenvolver, ou seja, sobre a premissa de que sexo e pecado são coisas que andam juntas. Com o surgimento da psicanálise de Sigmund Freud, no século XIX, estas questões foram analisadas por um outro ângulo e, assim, essa idéia de sexo como coisa maligna foi praticamente abolida.

A pesquisa desvelou um universo que, talvez, ainda seja desconhecido do público em geral. Contudo, o que existe na verdade, e aí entramos no terreno do mito, é que a sociedade imagina que a religião é um “cabresto” para determinados impulsos da natureza humana, como a sexualidade, por exemplo. Essa ilusão continua sendo “vendida” nos púlpitos de muitas igrejas, como se a doutrina, por si só, fosse capaz de tornar-se instrumento de sacralização dos impulsos da “carne”, um meio de transformar o indivíduo comum num asceta medieval, de remetê-lo a ataraxia grega, a sublimação do sentir do ser.

É fato que há um afrouxamento do ensino e da pregação da santificação na igreja cristã contemporânea e, sem dúvida, isto ajuda a construir um cenário de liberalismo e permissividade. Mas não há como negar que essas questões existem desde sempre, pois podemos encontrá-las presentes no livro de Gênesis, na cidade de Sodoma, nas orgias da Grécia, nos bacanais de Roma, na boemia francesa da idade média e nos bailes funks do Rio de Janeiro.

O que precisamos entender é que esta não é uma questão ligada a uma época ou a uma cultura, mas algo atemporal, intrínseco ao ser humano, faz parte de nossa natureza, deveria ser visto como coisa comum, natural, pois, tratar o tema de outra forma só faz proliferar o que temos aí, o sexo como algo insalubre, como perversão escondida, como neurose religiosa, e tudo o que é proibido explode da alma para a vida nas formas mais hediondas possíveis.

Em síntese, o cenário atual ainda não nos leva a comemorar nada, mas, convenhamos, é muito melhor do que, provavelmente, a grande maioria imaginava...


Matéria publicada no Genizah   

05 agosto 2011

Tatuagem na Alma


…e o anunciaram na cidade e nos campos; e saíram muitos a ver o que era aquilo que tinha acontecido. E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juízo, e temeram”. Mc. 5:14-15

Acho curioso quando afirmarmos com bastante convicção as palavras de Paulo de que “se alguém está em Cristo é uma nova criatura; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo”. É que esta é uma frase impactante, chamativa, serve como “marketing” cristão, mas, em nosso meio, ela é falsa, caricaturada e, porque não dizer, preconceituosa.

A Igreja “vende” para as pessoas a idéia de que Cristo as aceitará como são, mas, na realidade, elas sempre serão vistas com as “marcas” que trouxeram “estampadas” em si mesmas, “marcas” produzidas pela existência, tatuagens na alma, marcas que não desaparecem facilmente.

“Crente” adora testemunho; alguém falando que fez isso, aquilo, pintou e bordou é algo que faz um auditório vir abaixo. Quanto mais miséria houver na vida do sujeito, mas ovacionado ele será. “Glória a Deus!”. Todavia, mal sabe o pobre coitado que essa “tatuagem” que ele carrega em seu ser jamais será dissociada de sua narrativa pessoal.

Todo “testemunheiro profissional” é “ex” alguma coisa: ex-viciado, ex-alcoólatra, ex-homossexual, ex-prostituta, ex-presidiário, ex-maconheiro, creia-me, a lista não tem fim...

Depois de certo tempo, a pessoa perde sua identidade pessoal e passa a ser apenas o ex-alguma-coisa. Pior do que isso é o fato do dito cujo não conseguir compreender sua nova realidade em Cristo, ou seja, ele não discerne seu novo estado, não se percebe como é, Nova Criação, alguém que recebeu uma folha em branco para poder escrever uma história nova, ressignificar a vida, e não um ex-... com uma folha corrida cheia de desgraças e misérias!

O caso do endemoninhado gadareno é bem típico. O cara era uma fera, um monstro, maluco de pai e mãe, possesso do capeta. Naquela região, não havia quem não tivesse pavor dele. Todavia, simbolicamente, ele era a projeção do inconsciente coletivo daquela gente que queria rebelar-se contra a dominação a qual estava sujeita há vários séculos. Ele era o “mocinho” e o “bandido” ao mesmo tempo, assustava e encantava, pois ninguém podia detê-lo, subjugá-lo ou questioná-lo de seus atos.

Quando aquela criatura desencontrada de si mesmo se encontrou com Jesus, imediatamente “seus” demônios foram expulsos. Mas aquela não era uma possessão comum, pois o gadareno ao ser questionado sobre quem era, afirmou: "somos muitos", somos uma legião, e fez um pedido: "não nos mande embora do país".

Aquela potestade espiritual atuava naquela região há, talvez, milhares de anos. Ela conhecia todos os contornos sócio-histórico-culturais que estavam inculcados na mente e na alma daquela gente e era justamente isso que lhe dava subsídios para manipular aquelas vidas.

Naquele exato momento, do ponto de vista histórico, havia uma legião romana habitando aquelas terras, mas, antes dos romanos, muitas outras legiões já haviam passado ali. O gadareno era, então, uma espécie de representação espiritual da dominação histórica que naquelas terras sempre existiu.

Fato é que Jesus esbarrou com aquele “condenado” naquela manhã e ele, liberto de seus dramas e dores, de seus medos e temores, teve seus grilhões destroçados pela força do poder libertador do Senhor. O que aconteceu em seguida, é algo quase arquetípico.

Enquanto Jesus ainda estava naquele lugar, o ex-endemoninhado – olha o “ex” aí – apareceu de banho tomado, barba feita, cabelo cortado, roupa limpa, alma pacificada, consciência restaurada, coração de "carne", um novo ser! E aí, o que aconteceu?

Bem, o povo daquele lugar ao ver o “ex” transformado em “sou”, pois em Cristo não há passado, mas apenas presente – o bem-aventurado é aquele que é – decepcionado por não ter mais a sua disposição o espetáculo do “monstro” que a todos punha medo, pediu educadamente a Jesus que se retirasse dali.

Não sei como seguiu a vida daquele homem. Pelas Escrituras percebo que ele pediu a Jesus para segui-lo, mas o Senhor o mandou dar testemunho ali mesmo do que Deus fizera em seu favor.

Creio, todavia, que, das duas uma: ou ele foi viver sua vida em paz com Deus e com seus semelhantes, ou virou “testemunheiro profissional”, ou seja, passou a ganhar oferta para sair anunciando que um dia tinha sido um possesso perigoso, mas, agora, era apenas um ex-endemoninhado. Tatuagem na alma só sai se a alma for ressignificada em Jesus. Do contrário, as marcas permanecerão por toda a vida. 

Carlos Moreira

04 agosto 2011

A Ponte



“O grande do homem é ele ser uma ponte e não uma meta”. Nietzsche, filósofo alemão.

Tenho refletido ultimamente que, quanto mais conectado se torna o mundo, mais isoladas ficam as pessoas. Não é à toa que o escritor francês André Malraux afirma que somos a “civilização da solidão”.
Não obstante, é bem provável que a grande maioria afirme justamente o contrário, pois é fato que estamos vivendo em meio ao fenômeno das grandes interações humanas que ocorrem nas redes sociais.

Ainda assim, penso diferente... Somos seres sociais, não virtuais. Precisamos de trocas que se deem para além do teclado e da tela do computador; necessitamos de abraço, toques, sensações.

Tenho observado as interações que os seres humanos travam em seu cotidiano. Raramente elas são pessoais, íntimas ou intensas. Na sua grande maioria, estão marcadas pelo formalismo, pela impessoalidade e até pela frieza.

Somos forçados a realizar tantas interações mecanizadas num único dia que já não nos preocupamos mais com o que as pessoas estão sentindo ou mesmo quem elas são! Por isso, não se assuste se você estiver numa reunião, tratando de negócios, enquanto alguém bem próximo está chorando. E isso ainda não será o pior... A grande tragédia será você nem sequer perceber!

Paralelamente, também é verdade que nós, dificilmente, somos percebidos em meio aos nossos sentimentos e necessidades. Não raro converso com pessoas que parecem me escutar, mas, de fato, es-tão apenas me ouvindo.

Em alguns segundos, o que eu expressei vai desaparecer, será deletado, expurgado da mente, não terá a chance de chegar nem perto do “coração”.

A questão é tão grave e profunda, e nós temos nos apercebido tão pouco, que já nem nos preocupamos mais com o fato de não termos com quem “nos abrir”; precisamos pagar um profissional para nos escutar!

Ninguém sabe o que se passa em nossas almas, frequentemente, nem mesmo nosso(a) companheiro(a). Estamos vivendo a “existência epidérmica”, onde tudo é superficial e rasteiro. Só o nosso travesseiro conhece nossos dilemas.

Na verdade, nossas trocas têm se tornado neurotizadas pela quantidade de opções que possuímos. Estamos diante do computador e, de repente, soa um apito: “plim!” – acaba de chegar um e-mail. Outro zunido vem em seguida: é alguém na rede social nos chamando. De repente, a conversa que era apenas com uma pessoa, já se desenrola com três ao mesmo tempo! Fica até difícil articular o pensamento.

Mais um toque sai da máquina: agora é alguém que seguimos postando algo no short mensage. Ah, e não esqueçamos dos avisos que chegam dos blogs que acompanhamos e da necessidade de dar uma olhadela no quadro de avisos para ver se alguém deixou algum recado. 

“Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim”. A afirmação de Jesus expressa bem o seu propósito existencial: ser uma ponte! Ele quer nos reconectar não somente a Deus, mas a nós mesmos e ao nosso próximo.

Se você prestar atenção, verá que Jesus sempre agiu como ponte. Ele era a ponte entre a desgraça e a misericórdia, entre a calamidade e a libertação, entre a deformação e a integridade do ser, entre o caído e a redenção. Foi assim com a prostituta, com os dez leprosos, com o cego de Jericó, com o endemoniado gadareno, e tantos outros... Ser “ponte” entre gente, esse era o “negócio” de Jesus!

Parafraseando Lenine, essa “...ponte não é de concreto, não é de ferro, não é de cimento...”, a “ponte” que viabilizou tudo isso habitou entre nós em carne e sangue e, por causa dela, toda inimizade foi desfeita, eu e você podemos nos religar novamente à “Fonte”.

Sim, mesmo vivendo em meio à sociedade da in-formação, há certo tipo de “conexão” que nenhum cabo ou conector pode realizar, mas apenas a aceitação do sacrifício do Cordeiro mediante o arrependi-mento trazido à consciência pelo Espírito Eterno.


Carlos Moreira


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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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