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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

25 fevereiro 2015

Fé Anabolizada: O Doping da Consciência

Vivemos em uma sociedade onde é preciso estímulo para tudo. A palavra de ordem no mundo corporativo é motivação! Em busca de resultados, o homem contemporâneo corre atrás de meios que possam produzir estímulos capazes de alavancar o seu sucesso, pois só recebe vantagens e benefícios quem alcança as metas proposta. Este tipo de comportamento tem produzido no meio religioso uma fé anabolizada. Trata-se de um tipo de espiritualidade onde Deus é apenas um facilitador do seu sucesso, a igreja, uma grande academia de musculação de almas e as doutrinas, conceitos anabolizados para “bombar” sua consciência com vistas a lhe catapultar na vida. Assistindo a esta mensagem você saberá como se precaver disto ou, se for o caso, como combater os efeitos colaterais desta patologia espiritual.


04 fevereiro 2015

Assim Você me Mata



Uma das coisas que eu mais queria fazer em Paris era ir ao Museu do Louvre. Mesmo sem poder ficar o tempo necessário, uma vez que não dá para ver 35 mil obras numa manhã, ao menos, algumas das mais famosas, como “La Gioconda”, a “Vênus de Milo” e “A Pietà”, eu veria.

Portanto, no primeiro dia na Cidade Luz, caminhei do hotel até o Louvre, cerca de 20 minutos, para usufruir de um banho de cultura e história. E o museu não decepcionou! Foram horas de encantamento e estupefação. A cada corredor, esculturas, quadros, objetos, fragmentos da capacidade de criação do homem no decorrer dos séculos. Ali estavam culturas entrelaçadas – grega, romana, egípcia, persa – era uma overdose de sensações e sentimentos.  

Pois bem, depois de certo tempo andando, subindo e descendo escadas, me deu vontade de fazer xixi. Segui acompanhando as placas informativas e cheguei a um lugar onde se podia fazer necessidades fisiológicas, mas era pago. Confesso: aquele foi o xixi mais caro da minha vida, € 2,50, ou seja, cerca de R$ 9,00.  Como se diz: "A necessidade tem cara de herege".

Quando entrei no toilette, entretanto, algo inusitado aconteceu! Enquanto estava concentrado, fazendo aquele xixi que, diga-se de passagem, era o xixi da minha vida, não só pelo preço, mas, sobretudo, pelo Louvre, comecei a ouvir ao fundo uma certa canção, sim, aquela que traz em sua “poesia” a estrofe: “Ai, se eu te pego, ai, ai, se eu te pego”. Acredite: eu estava no museu mais famoso do mundo, na cidade de Paris, fazendo xixi e ouvindo Michel Teló com sua música: “Ai Se eu Te Pego”.

Como bom roqueiro, o choque foi imediato. Pensei comigo: “Meu Deus! Saí do Brasil e vim ao Louvre para ouvir Michel Teló?!”. Mas não havia como negar, era o próprio. Na melodia pobre, ele sussurrava com voz de deboche: “Assim você me mata”. E eu? Bem, eu resmungava baixinho comigo mesmo: “sim, assim você me mata!”.  

Terminei o que estava fazendo, lavei as mãos e o Michel cantarolando: “Ai, ai, se eu te pego”. Enquanto ruminava a situação, lembrei de George Orwell, escritor inglês, que afirmou: “A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa”. Sim, era inevitável a contestação de que, com a globalização, a mídia, mais do que nunca, passou a moldar a cultura, definindo aquilo que as massas vão consumir.

Como se sabe, no capitalismo de mercado, o que importa não é se o que vai ser vendido é bom ou ruim, mas apenas, se vai ter escala, ou seja, pode ser uma merda, contanto que venda! É assim que funciona a indústria da música, dos cosméticos, da alta costura, enfim, o mercado gira em torno daquilo que é consumido e é a mídia quem faz a engrenagem girar.

Eu, pessoalmente, detesto massificação. Eu sou aquele cara que, certa vez, curtiu o fato de meu Pai me levar a um alfaiate, na rua da Imperatriz, para ele me fazer duas calças de gabardine sob medida. Na verdade, a industrialização, como fenômeno de transformação do século XVIII, mudou não só a forma de fazer as coisas, mas, concomitantemente, moldou a forma de como essas coisas seriam consumidas. Daí por diante, o paradigma contemporâneo passou a ser: se todo mundo usa, eu tenho que usar também, mesmo que isso seja a mais pura idiotice.

Por fim, paguei a conta do xixi e fui andando pelos corredores do Louvre, com o Michel Teló na “cabeça”... Findo o tempo de que dispunha, saí do museu e me dirigi à estação do metrô para o próximo compromisso. Enquanto descia as escadas rolantes, comecei a ouvir algo... Era uma harmonia robusta, com cordas ao fundo, um som cativante. Avancei ansioso pelo corredor e, finalmente, deparei-me com uma violinista solitária, tocando as “Quatro Estações” do compositor italiano Vivaldi, a troco de algumas poucas moedas.

Segui meu caminho, peguei o trem, sempre pontual e permaneci pensando: “Como é possível ouvir, na rádio francesa, Michel Teló, que, indubitavelmente, é um sucesso mundial, enquanto, no corredor do metrô, Vivaldi ressoa de forma tão desprestigiada? A resposta, caro amigo, foi muito óbvia e simples: “Tempos Modernos!”, como diria o Chaplin. Eu, contudo, segui conjecturando: "Assim vocês me matam"...


© 2015 Carlos Moreira
Outros textos podem ser lidos em http://anovacristandade.blogspot.com

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