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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

28 junho 2017

O Diabo Mora ao Lado



Judas foi “ordenado” por Jesus, ele andou no grupo dos 12 apóstolos, orou pelos enfermos, expulsou demônios, ajudou a distribuir pão para os pobres, fez missões nas aldeias miseráveis da galileia, participou de muitas vigílias de oração, visitou incontáveis sinagogas e foi ao templo de Jerusalém escutar a Palavra. Judas foi ministrado intimamente, ouviu revelações direto da boca do próprio Deus, viu milagres surpreendentes, cantou canções de louvor a Deus, quem sabe deu testemunho e participou da Santa Ceia, ele fez tudo o que um crente faz, mas era um diabo!

Ora, como pode? Ele não rosnava, não girava a cabeça ao contrário, não entronchava as mãos, nem se arrastava pelo chão, Judas não tinha nenhum estereótipo de quem está possesso, mas era um diabo! As pessoas que ouviam a Judas não sabiam, nem mesmo seus companheiros de ministério sabiam, mas Jesus sabia, ele era um diabo!

De fato, Judas tinha cara de crente, tinha voz de crente, tinha atitudes de crente, seguia o script dos crentes, pregava como um crente, orava como crente, mas era diabo! Sim, Judas estava possesso de ira, de inveja, de maledicência, ele conspirava contra o bem, seus olhos eram maus, seu coração era duro, sua consciência era leprosa, insensível.

A verdade é que ele andava com Jesus, mas Jesus não se fez um com ele, ele comia com Jesus, mas a Palavra que sacia a fome da alma não alimentava ele, ele cantava com Jesus, mas as canções na mudavam ele, ele orava com Jesus, mas a oração não penetrava nele! E quanto mais Judas ficava com Jesus, tanto mais diabo se tornava, pois “Ao que tem, tudo lhe será dado, e ao que não tem, até o que tem, lhe será tirado”.

Sufocado por seu desejo homicida, enredado com seus próprios planos, escravo de suas emoções, prisioneiro de sua mente perversa, Judas traiu o Senhor e, em seguida, enforcou-se, e fez tudo isso por que ele era um diabo!

Há muitos “diabos” na igreja, muita gente que ora, prega, jejua, adora, faz missões, expulsa demônios, mas é diabo, porque nunca se rendeu a Graça, nem jamais experimentou o perdão que pacifica o ser. Esses, dos quais falo, são os mesmos sobre os quais Jesus afirmou: “Em meu nome, muitos farão sinais, curas e expulsarão espíritos malignos. Mas eu lhes direi, explicitamente, jamais os conheci!”.

Você está preocupado com satanás, vive a caça de fantasmas, em batalhas espirituais, exumando cemitérios na alma dos homens, vasculhando o passado, especulando sobre o futuro? Não procure o diabo no terreiro, nem na encruzilhada, o diabo está mais perto de você do que você imagina, quem sabe, como aconteceu com Jesus, ele está no grupo íntimo, na liderança de algum “ministério”, cantando no louvor, ou pregando no púlpito, pois, “nem todo o que me diz: “Senhor, Senhor!”, entrará no Reino de Deus, mas aquele que faz a vontade do Pai”.

A pior encarnação do diabo é aquela que o traveste de ser de luz, que faz da piedade a maldade sofisticada, o diabo é mais inteligente do que você imagina, mais sutil do que você possa conceber. Saiba: homens não podem virar deuses, nem anjos, mas podem virar diabos! Eu não tenho medo de encontrar assombrações entre túmulos, nas esquinas sombrias da vida, ou no escuro do meu quarto. Mas sempre estou atento para não estar comendo com o diabo a mesa...



Carlos Moreira



27 junho 2017

Possessões e Possuídos



A igreja tem uma preocupação exacerbada com pessoas possuídas por demônios, mas dá pouca, ou quase nenhuma atenção, aos variados tipos de possessão.

Sim, possuídos tem notoriedade garantida no show bis evangélico e, mais recentemente, até no catolicismo romano. Endemoninhados aparecem em horário nobre na TV, possuem culto só para eles (Desencapetamento Total), tem liturgia própria (rituais de exorcismo), e papel de destaque entre o povo, que se lambuza garantindo mídia ao espetáculo bizarro.

Entretanto, para quem conhece a fenomenologia por trás destes eventos, não há com o que se preocupar, pois a esmagadora maioria dos casos de possessão demoníaca não passam de manipulação emocional, baixa autoestima, sugestionamento inconsciente, histeria e fraude comportamental.

Na verdade, demônio que faz entrevista, responde a perguntas e espera o comercial da TV, só engana crente assombrado, pois nem criancinhas se prestam a dar atenção a tais performances.

Ser possuído fisicamente pelo diabo é o estágio último de um processo longo, que começa na mente, passa pelas emoções e chega à dimensão do físico. E é daí que surge toda minha preocupação.

Ora, o que mais percebo na igreja é gente sendo possuída, mesmo que essa possessão não tenha, ainda, chegado ao estágio da perda do controle das faculdades mentais e do domínio do corpo físico.

Há pessoas possuídas pelo “espírito dos pais”, pela ambiência familiar perversa, por abusos, humilhações, violências, inclusive sexual.

Há pessoas possuídas pelo “espírito do cônjuge”, gente que se tornou vítima de relações persecutórias, esmagadoras, manipulativas. Há mulheres, por exemplo, que sofrem violência sexual mesmo estando casadas, são expostas a pornografia, obrigadas a prática de swing, ou chantageadas por não possuir autonomia financeira.

Há gente possuída “pelo espírito da religião”, crentes que estão possessos de seus pastores sedutores, temendo tocar no “ungido”, submetendo-se a determinações absurdas, aceitando revelações enfatuadas, profecias fatalistas, maldições encomendadas. Outros tantos ficaram possessos do “espírito da denominação”, são os que abriram mão de sua autonomia, de suas agendas, tornaram-se funcionários do templo, servidores do altar, deixaram para trás profissão, estudos, família e amigos para servir a “obra”.

Tem gente na igreja possessa da luxúria, viciada em pornografia digital, gente presa ao “espírito do consumo”, endividada, fazendo transfusão de dinheiro entre contas com o agiota, sendo esmagada pelo cartão de crédito. Imaginar que as manifestações visíveis do diabo são as únicas que estão ocorrendo é de um reducionismo e de uma ingenuidade sem precedentes.

Assim, o diabo agradece toda a atenção dispensada e toda a mídia dedicada para os pseudo-possuídos, enquanto ele se banqueteia distribuindo, no varejo, possessões das mais diversas sobre as pessoas. Como tenho dito, e aqui reitero, o pior diabo é aquele que está sendo gestado dentro de você sem você, sequer, perceber.



Carlos Moreira


18 junho 2017

OS DOIS LADOS DA MESMA MOEDA



Hoje, 18 de junho, foi o dia da “Marcha do Orgulho LGBT” em São Paulo. Exatamente há uma semana atrás, Evangélicos ocuparam as ruas da cidade, só que na zona norte, na “Marcha para Jesus”, igual em magnitude, mas oposta em propósito e proposta. Será?

LGBT e Evangélicos representam, nos dias atuais, expressivas fatias da sociedade brasileira, cada qual com suas idiossincrasias, mas ambos lutando contra preconceitos atrozes e discriminações ferrenhas. Os Evangélicos, historicamente, são perseguidos pela mídia; os LGBT, por sua vez, pela religião institucional. Cada um, ao seu jeito, tenta abrir espaço na multidão para ter vez e voz, obter respeito e ser reconhecido.

As semelhanças, contudo, não param por aí... A Marcha LGBT é marcada pelo excesso, não só na extravagância das fantasias, mas em atitudes extremadas, gestos histriônicos e, não raro, ofensas theofóbicas, ou seja, desrespeito a símbolos e crenças da religião cristã. Os Evangélicos, por sua vez, homofóbicos em sua maioria esmagadora, representados mais expressivamente na marcha por pentecostais e neopentecostais, extravasam uma “alegria” esfuziante, regada a cânticos, danças, pulos e malabarismos, atitudes que só cabem na rua, pois seriam, sem dúvidas, rechaçadas no espaço do “templo” e reprimidas pela ortodoxia doutrinal.

Outra coisa que, incrivelmente, aproxima os grupos tão antagônicos é o fundamentalismo ideológico. Sim, homossexualismo e cristianismo são, por assim dizer, duas religiões, com suas regras e costumes, seus objetivos político-sociais e suas propostas de hegemonia colonizadora. Um apregoa a doutrina da libertação da “moral” careta, o outro defende a plástica comportamental baseada nos valores da tradição judaico-cristã. No fundo, os “apóstolos” das duas crenças não passam de "gayzistas" e "crentinos", ambos defendem suas convicções a ferro e fogo, desejam ser maioria de forma irremediável, donos do status quo, estão dispostos a ultrapassar até mesmo os limites da razão e do bom senso para defender posturas, muitas vezes, irreconciliáveis com a bondade e a justiça.

E seguem as coincidências... LGBT e Evangélicos também desfilam em praça pública com o objetivo claro de demonstrar para a sociedade a força que possuem. Sim, no primeiro caso, o manifesto é uma ovação a frase histórica do Zagalo, algo como: “nós estamos aqui, reconheçam, pois vocês vão ter que nos engolir!”. Marginalizados, excluídos e discriminados, gays, lésbicas, bisexuais e transexuais vão as ruas, antes de tudo, para protestar, exigir o respeito que merecem e buscar a dignidade que vem pela aceitação da massa. Evangélicos, por sua vez, estão numa “batalha espiritual” contra o “mundo”, querem mostrar um Jesus romano, belicista, conquistador, dominador, que é cabeça, não cauda! Esse deus, contudo, parece mais com Thor, uma divindade nórdica, do que com o Deus hebreu que se revela na figura do Carpinteiro de Nazaré, o Deus que deixou o trono da majestade celeste e veio servir aos homens, lavando-lhes os pés e os pecados.

Quer mais? LGBT e Evangélicos patrocinaram, cada um a seu modo, um evento que movimentou milhões de reais. A Causa da liberdade sexual despertou não só a atenção do mercado corporativo, promoveu seu total envolvimento com o business. Marcas como Boticário, AMBEV e Uber se tornaram patrocinadoras do evento, todos de olho no “Pink Money”. Mas o negócio não para por aí, ainda tem artistas renomados, políticos inflamados, heróis de ocasião e muita, muita grana sendo gerada no movimento que atiça o comércio local. Já os Evangélicos, por outro lado, não ficam atrás. Eles também tem seus políticos, seus artistas gospel, seus trios elétricos e muito merchan no share do mercado religioso. Subir nesses palcos preparados pela Marcha para Jesus, seja para discursar ou cantar, custa caro, vale tempo de rádio, de TV, percentual de grana do patrocínio público e não falta quem queria pagar para fazer sua propaganda pessoal. Aliás, o dono da Marcha para Jesus, Estevan Hernandes, foi durante anos profissional de marketing de empresas como Xeroz e Itautec, sabe fazer a “roda girar”, Jesus, para ele, é apenas mais uma commodity na prateleira. Isso sem falar nas propagandas de outros produtos, como a BemPrev, a previdência privada para evangélicos que foi anunciada durante a micareta dos crentes.

Até naquilo que é trágico os grupos se assemelham. A violência sofrida injustamente pelo movimento LGBT, que coloca o Brasil hoje como destaque mundial de assassinatos contra adeptos das práticas, pode também ser comparada a violência histórica sofrida pelos Evangélicos no final do século XIX e primeira metade do século XX, onde igrejas foram incendiadas, missionários assassinados e participantes de cultos apedrejados. A coisa era tão absurda que o aparato militar e policial, usado na defesa da lei e do cidadão, foi usado como instrumento de coerção e intimidação, o que pode ser comprovado com uma pequena pesquisa histórica.

Bem, quem sabe como esses jogos são jogados, não tem ilusões sobre os objetivos destas marchas... Tenho respeito pela homossexualidade humana e por outras expressões de sexualidade não convencional, mas desprezo pelo movimento ideológico. Possuo gays como amigos pessoais e, em minha comunidade, eles são tratados sem discriminação ou preconceito, podem exercer funções e viver sua fé sem ser molestados, mas jamais me convidem para me aliar a esses que fazem da ideologia sexual sua bandeira existencial.

Quanto aos Evangélicos, tenho amor pela esmagadora maioria das pessoas que ali estão. Sei que, em grande parte, trata-se de gente alienada, que ainda não percebeu que não passa de massa de manobra nas mãos de lobos vorazes. Sim, há muita gente boa e ingênua na “Marcha para Jesus”, achando que O Galileu está vibrando com o mega-evento da fé. Tolice. O Reino de Deus não se estabelece com fanfarras e demonstrações de poder terreno, mas em manifestações de paz, amor e justiça, sobretudo, no serviço aos pobres e desamparados. A Marcha da igreja não é nas ruas da cidade, com ufanismo e catarse emocional, mas nas favelas e cracolândias do Brasil, nos presídios e nos hospitais, visitando órfãos e viúvas, cuidando de indefesos e invisíveis sociais, tudo no anonimato, pois o sal salga e dá sabor ao alimento sem ser, sequer, percebido...

Portanto, concluo reconhecendo que o grupo LGTB realizou, de fato, um estrondoso evento hoje! Gays, lésbicas, transexuais e bisexuais conscientes, contudo, sóbrios e cônscios de seu papel social e da responsabilidade que carregam em se assumir como são, sabem que o que estou falando é coerente com a Verdade. Aos Evangélicos, por outro lado, credito todo o "sucesso" do mega-evento realizado, ainda que isso não tenha nada a ver com o Evangelho é, sem dúvida, uma demonstração de força diante de uma sociedade hipócrita e de um país que se intitula cristão e é o campeão da corrupção e da desigualdade social.

Para ambos os grupos, todavia, deixo um chamado a reflexão. Vocês são tão diferentes e tão parecidos, tão antagônicos e tão próximos, tão distintos e tão iguais. Na verdade, quando olho para vocês não consigo ver esta distância abissal que muitos apregoam, vocês são, sim, os dois lados da mesma moeda...


Carlos Moreira



16 junho 2017

Treino é Treino, Reino é Reino

Nesta semana, o alvoroço em Brasília está por conta do deputado Rocha Loures, aquele que saiu correndo da pizzaria com uma mala de dinheiro. Implicado na delação da JBS, Loures perdeu esta semana o cargo de suplente de deputado, o que pode leva-lo a fazer uma delação premiada e, assim, comprometer, em definitivo, o presidente Temer. Na avaliação do chefe do Estado Brasileiro, o gangster bufão é um “Moço de boa índole”, ou seja, não fez o que fez por mal. De fato, se compararmos o Rocha Loures com José Dirceu, Aécio Neves, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, ele vira um menor aprendiz na arte da safadeza e, certamente por isso, foi pego com tanta facilidade, pois, para fazer falcatrua graúda, o sujeito tem que ser de “má índole”. Esse não é um terreno para qualquer um escalar ou, como já dizia o Valdir Pereira, o nosso Didi "Folha Seca": “Treino é Treino e Jogo é Jogo!”. Pensando em tudo isso, comparei o que acontece no cenário político com o que se passa, correlatamente, no cenário religioso. Sim, pois o que mais vejo neste tempo é gente brincando de ser discípulo de Jesus, sem ter a consciência do Evangelho nem a dimensão do que é abraçar, com todas as implicações, um chamado que tem que ser encarnado no chão da vida. Seguir a Cristo não é uma tarefa fácil, ele próprio advertiu sobre isso quando afirmou: “...Qual de vós, desejando construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o custo do empreendimento, e avalia se tem os recursos necessários para edificá-la?”. Lc. 14:28. O contexto do texto trata das implicações de seguir a Jesus e aceitar a sua doutrina. Essa não é uma fala politiqueira, mas a declaração de alguém que propõe uma cisão na vida, algo decisivo e definitivo, algo como: “Treino é Treino, Reino é Reino!”. E você? Como você se comporta diante dos desafios da causa do Evangelho? Sua vida é um “treino” ou você é do Reino! Você está envolvido ou comprometido? Assistindo esta mensagem você encontrará estas respostas.


                                         

14 junho 2017

O Ópio do Povo



Quando vi as ações dos últimos dias contra os viciados da Cracolândia de São Paulo, me lembrei de Jesus expulsando os vendilhões do Templo de Jerusalém, que faziam comércio do sagrado.

Sim, a despeito de uma discussão mais ampla sobre a ação da Prefeitura do Dória, pois o problema, visivelmente, não se resolve apenas expulsando as pessoas daquele lugar, o que temos ali é uma indústria de entorpecimento, um espaço público de culto ao vício, de morada de excluídos e marginalizados, de abrigo de bandidos e traficantes.

Como se pôde ver, a polícia vai lá, desmantela tudo, retira as pessoas a força, queima barracas, remove entulhos e, no dia seguinte, eles estão lá novamente, reerguendo o espaço que é o símbolo do descaso da sociedade com quem está a margem da vida.

No caso de Jerusalém, a medida da ação de Jesus foi proporcional a sua indignação, pois o Templo havia se tornado uma fábrica de entorpecimento de mentes e corações. De fato, os sacrifícios estavam dessignificados, os sacerdotes eram traficantes de influência junto ao Altíssimo, os levitas haviam se extraviado, ali se vendia religião a quilo, quinquilharias em nome da fé, o negócio do Templo movia a economia da cidade, e todo mundo ganhava alguma coisa e ficava feliz.

O Galileu quebrou tudo, virou mesas, distribuiu chibatadas, apregoou verdades, mas, no dia seguinte, eles reergueram tudo novamente, porque o crack religioso, fumado no cachimbo da espiritualidade farisaica, aquela que se reveste de boas obras, mas que revela, no íntimo do ser, a podridão da alma, uma vez absorvido pelas narinas, entre na mente e contamina o coração.

Religião vicia tanto quanto qualquer outra droga e entorpece, de tal forma, que o viciado não enxerga mais sua própria loucura, age como zumbi, tem olhos, mas não vê, tem ouvidos, mas não ouve, tem inteligência, mas não pensa, tem coração, mas não se apieda, tem convicções, mas elas para nada aproveitam, pois são apenas retórica oca e discurso vazio e não a manifestação de vida que reverbera atos de amor e justiça.


Carlos Moreira



12 junho 2017

E Daí que Você Está Sozinho?



E daí que você está só? Você preferia estar numa relação amarga, onde a cumplicidade acabou e o que sobrou foram cobranças ácidas e reclamações cáusticas?

Você preferia estar numa relação neurótica, onde há gritos e xingamentos, ofensas e descomposturas?

Você preferia estar numa relação abusiva, com chantagens e manipulações, com violência emocional e física, deitando com um vampiro que chupa sua alegria de viver?

Você preferia estar numa relação anoréxica, onde não há confiança, onde a magreza da alma é o resultado de traições e mentiras, de escusas e joguetes perversos?

Você preferia estar numa relação retalho, onde o outro se dá por partes, onde você não é prioridade e o que lhe sobra é apenas um pedaço da pessoa?


Você preferia estar numa relação berçário, onde se tem que cuidar da infantilidade do outro que nunca cresce, que insiste em andar com fraldas na mente e mamadeira na boca?

Você preferia estar numa relação patológica, onde a doença de um alimenta a insanidade do outro, onde a simbiose do ser mixou o que havia de pior em ambos, de tal forma que um faz o bem ao outro fazendo o mal de cada dia?

Você preferia estar numa relação sem sintonia, onde as estações não combinam, onde os gostos são díspares, onde não há encontro nem de corpo, nem de alma, nem de espírito?

Você preferia estar numa relação blazé, onde todos os apetites pelo outro foram se perdendo ao longo do caminho e mantém-se o convívio apenas por questões financeiras e patrimoniais?


Você preferia estar numa relação berçário, onde se tem que cuidar da infantilidade do outro que nunca cresce, que insiste em andar com fraldas na mente e mamadeira na boca?


Você preferia estar numa relação promíscua, onde o sexo é feito mecanicamente, tendo um na cama e outro na mente, onde o corpo está no lugar e o coração viajando numa outra órbita?

Ora, meu amigo(a), eu vejo isso todos os dias, vejo gente que seria muito melhor se estivesse solitário, tendo reverência por si mesmo, seguindo seu caminho com paz e quietude no ser. Como bem disse Fernando Pessoa: “A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo”.

Portanto, feliz Dia da Solidão para você! Celebre o fato de não ter se rendido ao comércio do amor, a negociata da paixão, ao tráfico do sexo! Sim, você é um sobrevivente de um mundo sem sentimentos, onde conviver com o outro, não raro, é apenas viver uma solidão a dois, como bem afirmou o poeta...


Carlos Moreira

11 junho 2017

Tatuador e Tatuado: Ambos são Culpados e Inocentes




OS FATOS

Um adolescente drogado, sem emprego, sem estudo, sem opções, é autor de pequenos furtos e delitos.

Dois jovens que não acreditam nem no Estado nem na Polícia se tornam justiceiros locais e realizam tortura psicológica e física como forma de punição do indefeso infrator.

A sociedade viraliza, nas redes sociais, o vídeo desta tortura e desperta todo tipo de sentimento, alguns apoiando, outros condenando a ação. Uma “corrente do bem” é iniciada com vistas a “resolver” o problema da inscrição “Sou ladrão e vacilão” feita na testa do infrator. A ação visa, através de uma arrecadação de fundos, realizar cirurgia reparadora do dano epidérmico da tatuagem.

OS FEITOS

O infrator será em breve cirurgiado, removerá da testa a inscrição maldita, terá recomposta a pele, mas continuará tatuado na alma, vitimado que foi por esta ação violenta.

O texto acusatório pode até desaparecer, mas os dizeres que estão na consciência não têm como ser removidos: “Eu sou um sujeito sem esperança”, “Eu sou um drogado e prostituído”, “Eu não tenho estudo nem opções”.

A questão é: até onde ele é vítima e até onde é vilão? Como chegou a este estágio? Como sairá dele? Qual foi o seu passado, qual é o seu presente, qual será o seu futuro? São questões que ficarão abertas, não têm como ser reparadas ou removidas.

Quanto aos dois justiceiros valentões, serão punidos com os rigores da lei. Sim, eles não são membros de um grupo de extermínio profissional, fosse assim, o infrator estaria morto, mas se sentiram no direito de fazer a ação como forma de punição pública, representam o cidadão comum indignado e cansado com um Estado ineficaz e injusto, que prende por 5 anos um homem por carregar pinho sol consigo e absolve, com farto material provatório, o Presidente da República enredado com corrupção até o pescoço.

Eles representam, ainda, a insatisfação da sociedade com uma Polícia que resolve apenas 5% dos assassinatos do país, que mata o preto e o pobre, que se alia, não raro, com os marginais, para receber “pedágio” e propina, que é despreparada e mal paga, mal aparelhada e pouco eficiente.

E nós, na qualidade de cidadãos brasileiros, continuaremos com essa “indignação de ocasião”, nos movendo via redes sociais para realizar ações cirúrgicas e paliativas.

De fato, eu e você continuaremos alimentando esta hidra de muitas cabeças que é o Estado, que não fornece educação, segurança, saúde, emprego, e relega os habitantes desta nação a sobreviver como se estivessem numa selva de pedra e cimento, onde as regras servem para uns e não servem para outros, onde a polícia mata o pobre, a justiça absolve o rico, a economia serve os bancos, os políticos são parasitas se alimentando de benesses, os mega-empresários são desonestos e corruptores, e o povo é indolente com a perda da moral e leniente com a falta de ética.

A ação “reparadora” que está sendo feita, tem seu valor, mas serve, flagrantemente, como desculpa para, no fundo, amenizar nosso descaso com o que acontece diante de nossos olhos todos os dias. Vamos remover a tatuagem infame do rosto do garoto, mas não poderemos remover tudo o que está tatuado em nosso coração e consciência e que reverbera como imobilismo e desprezo pela dor humana, como insensibilidade com a tragédia social que está na porta de nossa casa e como falsa religiosidade que nos faz sentar nos bancos da igreja e ignorar o que acontece para além das paredes do templo.


Carlos Moreira




10 junho 2017

Geração de "Campeões"!



Nós não negamos que somos filhos dos Gregos. Para nós, vitória tem a ver com lugar no pódio, trata-se de cruzar a linha de chegada na frente, receber os louros da glória, ser aplaudido ao final da maratona.

Sim, somos a geração que adora dizendo: “Campeão, Vencedor...”, cantamos o “Hino da Vitória!”, nossa conquista tem “Sabor de Mel”, mas nada disso encontra guarida no Evangelho. Em Jesus, ganhar só tem significado quando é fruto do coração que abriu mão, os últimos é que são os primeiros, o maior é o que serve, o mestre lava os pés dos discípulos, o bem aventurado é pobre e humilde, o rico é aquele que não tem onde reclinar a cabeça.

Mas nós estamos aí, nessa roda viva louca, fazendo tudo ao contrário, correndo atrás daquilo que não produz bem para o espírito, mas apenas entulho para o cofre. O nosso pão não é semeado em esperança e fé, mas fruto de muito esforço, de muito lobby e networking, confiamos exageradamente no talento, mas pouco na oração.

Este é o tempo do coach, daqueles que ensinam como “ficar rico” e perder a sua alma, dos que lhe estimulam a subir na pirâmide e perder sua família, dos que tem uma conta gorda e uma consciência anoréxica. Triste realidade!

Jesus, para os tais, deveria se vestir com Armani, não com túnicas surradas, locomover-se de Ferrari, deixando as velhas alparcas que calejavam os pés de lado e usar Dolce & Gabbana, porque suar é coisa de pobre.

Essa igreja que aí está, com vitrais pomposos e bancos de madeira trabalhada, é a apologia ao “Reino dos Homens”, o império da religião, nada tem a ver com a manjedoura ou a Cruz do calvário, ela tem opulência, mas não tem consistência, tem prestígio, mas não tem poder espiritual.

O Deus que deveria ser cultuado nos templos cristãos é Apolo, o deus grego filho de Zeus, um deus atlético, musculoso, fitness, uma divindade exaltada no Olimpo das conquistas humanas. Jesus, o Deus hebreu, filho de Elohim, está superado, um Deus que sangra, sofre e morre é um derrotado, não deve ser levado muito a sério, afinal, quem quer perder? O que nos interessa mesmo é ganhar! O que incomoda, todavia, é: ganhar o quê?


Carlos Moreira


08 junho 2017

Relações Promíscuas: Quando Deus é Cafetão nós Somos Prostitutas

Em tempos de Lava Jato, nada mais comum do que pedido de habeas corpus enviado a justiça. Advogados experientes, auxiliando clientes desesperados, tentam preservar a liberdade de réus cada vez mais complicados com provas incontestes. Essa semana, pela primeira vez, um Presidente da República sentou-se diante de um Juiz Federal para responder a um processo no qual pode ser preso. No contexto mais amplo, Lula tenta, a todo custo, se livrar de companhias indesejáveis, fantasmas pendurados no armário do seu governo: “amigos” empreiteiros, partidários presos, e alguns ainda soltos, desafetos históricos, executivos de grandes corporações, marqueteiros, é tanta gente entranhada em questões escusas que, para onde o Presidente se vira, tem alguém querendo “comer seu fígado”. Obviamente, Lula já se apercebeu que virou refém de uma centena de pessoas e luta para, de alguma forma, se vê livre delas. Assim, esperemos as cenas dos próximos capítulos, elas vão revelar se ele conseguirá este tento... Pois bem, pensando nisto, imaginei como seria se Deus entrasse com habeas corpus para se ver livre de sua relação com os homens. Sim, ninguém mais do que ele é usado e solicitado para todo tipo de demanda na Terra. Sendo honestos, vamos constatar que Deus está cercado de “amigos da onça”, gente que diz lhe amar, mas que só deseja receber benesses, tem de lidar, o tempo todo, com pessoas que construíram com ele relações promíscuas, baseadas na troca, no interesse, na busca de vantagens e no desejo de manipular o sobrenatural em favor próprio. Deus é traído o tempo todo! Ele é rejeitado e escarnecido por aqueles que dizem lhe devotar reverência e amor! Ninguém, na história humana, foi tão desejado para satisfazer desejos frívolos, para intervir em questões supérfluas, em demandas pequenas, em questiúnculas tolas, todos temas que revelam, despudoradamente, do que a vaidade, a ganância e maldade do homem são capazes. Deus é explorado, é chantageado, é tratado como amante, colocado em segundo plano, esfolado por uns, seviciado por outros, vive no imaginário das pessoas, mas só é buscado, de verdade, quanto a tragédia nos visita, quando um filho desenvolve um câncer, quando um acidente fataliza um pai, uma mãe, quando o desemprego bate em nossa porta ou o amor da vida se esvai pelo esgoto dos dias. Neste domingo, vou pregar sobre este difícil tema, e vou lhe demonstrar como sua relação com Deus é superficial, interesseira e desprovida de significados para a vida. Você tem coragem de Assistir?


                                  

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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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