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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

24 janeiro 2017

Indesculpáveis? Sim. Imperdoáveis? Jamais!

“Se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. Frase dita pelo antropólogo e escritor Darcy Ribeiro, há 50 anos. No último dia 02 de janeiro, na cidade de Manaus, numa luta entre as facções, 56 presos foram assassinados e, em seguida, tiveram suas vísceras expostas e suas cabeças decapitadas. A barbárie é mais um capítulo que revela os intestinos do sistema prisional brasileiro, debilitado e profundamente insalubre. Trancados em suas “jaulas”, homens viraram bichos, mas eles não se tornaram assim sozinhos, foram vitimados por esse sistema carcerário desumano, pela lentidão da justiça, pelo descaso da sociedade, pela ineficiência do Estado, pela desigualdade social do País, pela insalubridade da vida nos bolsões de pobreza e, finalmente, por suas próprias escolhas. Não é um tema simples, nem de fácil resolução. Conclusões precipitadas, análises superficiais e tendenciosas, soluções paliativas, nada ajuda. Aqueles indivíduos são, na verdade, o resultado de todo um fenômeno social complexo, revelam o ser humano no seu estado último e terminal: embrutecidos, desumanizados e irracionais. O que eles fizeram é impensável, imponderável, mas não é imperdoável, pois se houver um pecador que a Graça não possa regenerar e um pecado ao qual o Sangue de Jesus não possa perdoar, você pode chamar sua religião do que quiser, menos de Evangelho. A religião, como se sabe, vive da hipocrisia seletiva, cria a casta do pecador-padrão, aquele indivíduo que é mauzinho, mas a maldade dele é fumar um cigarro, beber uma cerveja, dizer uma mentira, falar um palavrão, dá uma pulada de cerca no casamento, sonegar o imposto de renda, fazer uma fofoca, ou seja, são os pecados normatizados e aceitos pela santa igreja. Foi chocante o que os presos fizeram, seria muito mais fácil condená-los ao inferno de fogo, pois eles chegaram ao ponto de se tornarem diabos, esvaziados de qualquer humanidade, cheios de maldade, desprovidos de afetividade, enrijecidos e brutos, violentos e homicidas. Certamente seria mais fácil fuzilá-los, enforcá-los, matá-los com choque, com injeção letal, mas aí lembramos que Deus ainda pode resgatá-los e salvá-los, assim como ele fez com cada um de nós, e o coração se encharca de misericórdia. “Bandido bom é bandido morto!”? Se pensas assim, essa mensagem é, prioritariamente, para você, pois, analogamente, o diabo também pensa: “pecador bom é pecador morto”. Mas Deus pensou diferente... Assista e comprove!

 

Desculpe o Transtorno! A Falha... É Toda Minha.



- Sim, me desculpe por lhe falar a verdade, de forma bem objetiva, e as vezes com certa dureza, ainda que eu saiba que você prefere palavras amenas, discursos adocicados, falas positivistas, retórica triunfalista, algo que catapulte você para enfrentar a semana que já é tão difícil, uma espécie de ilusão consentida, um “me engana que eu gosto”.

- Me desculpe por não roubá-lo constrangendo-lhe para que você dê, com medo, 10% do que ganha para fazer a engrenagem religiosa funcionar. Eu sei que você gostaria de se sentir seguro porque está pagando a taxa da fazenda celestial, impermeabilizado contra o mal, e também estou informado que você precisa de coisas e, fazendo esta barganha, acha que poderia consegui-las com Deus, mas eu não posso lhe enganar, nada disso está no Evangelho. Se você quer ajudar, a sua oferta espontânea é bem vinda, mas apenas isso.

- Me desculpe por eu não ter montado uma igreja com uma agenda interminável de eventos e movimentos, uma espécie de academia aeróbica espiritual, onde mal acaba um programa e já começa outro, tudo para que você pense que está acumulando pontos no jogo da salvação. Eu lhe peço perdão por estar investindo mais no ensino e na formação de uma consciência que seja robusta o suficiente para você suportar as grandes crises da vida que, certamente, chegarão.

- Me desculpe por eu insistir que você abra a sua casa e faça discípulos, ajudando as pessoas a caminhar no cotidiano da vida pondo em prática os ensinamentos da fé. Sim, eu sei que é algo que invade nossa privacidade, que demanda esforço para preparar algo legal para os participantes, que prescinde de tempo para aconselhar os bebês espirituais, mas igreja é isso, não aquela reunião impessoal do domingo, aquele encontro onde a gente mal se fala, ainda que ele tenha outros objetivos, é insuficiente para formar Cristo em você e nos demais.

- Eu lhe peço perdão por estar constantemente lhe admoestando para cuidar dos pobres, dos necessitados, para colocar o seu semelhante na agenda. Sim, sei que na sociedade que vivemos há expurgados e amputados sociais, invisíveis ao Estado e a Igreja Institucional, mas eu preciso lhe lembrar que Deus escolheu ser amado no outro e que não há salvação se ela não alcançar todo homem e o homem todo.

 - Por favor, me desculpe pelas minhas pregações, sempre temas agudos, ligados aos acontecimentos do dia a dia, palavras que desafiam você a sair da inércia, da letargia, do anestesiamento de mente e coração. Eu sei que você adora mensagens sobre o amor, a esperança, a paz, e temas do Velho Testamento que tratam de vitória e prosperidade, mas o apóstolo Paulo me ensinou que tenho que pregar sobre “todo o conselho de Deus”, conforto e confronto, de tal forma a preparar você para as dinâmicas próprias da vida.

- Eu também quero lhe pedir perdão por estar tentando lhe conduzir a Verdade que não amordaça, que não pune, que não cerceia, que não reprime, que não esmaga, que não proíbe nem faz de você apenas um boneco da religião, um molde fabricado numa igreja-indústria que serializa a mente e o comportamento das pessoas. Sim, eu sei que pensar por si mesmo é algo assustador, porque é mais fácil que um sacerdote-intermediário-do-sagrado diga tudo o que a gente deve fazer, mais Jesus nos chamou para andarmos por nós mesmos e vivermos o Evangelho como Graça que nos liberta dos velhos preceitos e ditames da Lei.

- Me desculpe por não ser aquele pastor que você gostaria, parecido com o estereótipo da maioria, com voz empostada, roupa vistosa, oratória rebuscada, abraços e sorrisos politiqueiros, que se esconde atrás de um cargo clerical, que não bebe, nem se diverte, que não vai à festas, nem senta na mesa do bar. Eu lhe peço perdão por não tentar ser o super-homem, esmagando minha consciência e reprimindo toda a minha humanidade para você se sentir mais seguro com uma imagem de “homem de Deus”. Também aproveito para me retratar por não ter um casamento perfeito, uma filha perfeita, por eles não serem também “pastores” como eu, pois o chamado foi apenas para mim, minha família é feita apenas de gente boa, como você, não uma elite sacerdotal que herdou os meus atributos ministeriais.

- Perdoe, meu mano(a), por eu não enfrentar "demônios" em espetáculos circenses, não fazer demonstrações de que eu sou poderoso, brincando com potestades espirituais, me desculpe por não banalizar o milagre de Deus, nem tratar a cura da dor e da enfermidade humana como evento com dia e hora marcada, não consigo ser charlatão, nem alienar pessoas com efeitos spilberguianos, pirotecnias da religião pós-moderna.

- Peço aqui, de público, perdão a você que faz parte da Estação por nós não sermos uma mega-igreja, com várias bandas gospel, com muitos cultos, com milhares de “convertidos”, com um network fantástico e um status quo poderoso. Nós jamais seremos grandes, nossa mensagem é subversiva, é contra-cultura religiosa, não atrai multidões. Assim como aconteceu com o Galileu, nós sempre somos rechaçados pelo “sinédrio” religioso de plantão, que nos chama de libertinos, hereges e desviantes. Aconteceu com nosso Senhor, e acontece conosco também.

- Desculpe-me, meu irmão, por estar construindo uma igreja onde cabe gente diferente, onde todos são, de fato, bem vindos, e podem entrar e sair sem terem sua privacidade invadida, um lugar para punks, ripies, gays, exotéricos, ateus, agnósticos, e outros grupos que, normalmente, não encontram espaço nos ambientes religiosos. Eu sei que você gostaria de ter uma ambiente só com gente de pedigree, que fala e se veste de forma a se adequar ao manequim denominacional, mas aqui as pessoas são livres para ser o que são, sem disfarces e sem se constituir um estelionato existencial.

- Por fim, mas não menos grave, também peço que me desculpe por não me envolver nem estimulá-lo a participar de “marchas para Jesus”, junto com tele-evangelistas famosos e políticos evangélicos, nem ir a shows gospel, nem fazer congressos trazendo “big shots” do mundo religioso, onde temas como "batalha espiritual", "vitória e prosperidade", “cura e libertação” e "maldição hereditária" são abordados. É que eu percebo que tudo isso é comércio do sagrado, com vistas a enriquecer financeiramente uma elite espiritual, e nada promove em termos de crescimento genuíno e consistente, uma vez que o que ensinam e enfatizam choca-se, flagrantemente, contra o Evangelho.

E assim, por ser o que sou e pregar o que creio, peço-lhe perdão, mas informo que nada será mudado, pois aquele a quem eu prestarei contas, no último dia, está sempre me dizendo “fala e não te cales!”. Um beijo em seu coração!

Carlos Moreira


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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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