Vivemos, como bem afirmou Zygmunt Bauman, essa esquizofrenia da sociedade líquida, onde nada tem durabilidade, nem consistência, nem fundamentos, nem solidez, é o estado de impermanência, de que trata a filosofia, mas sendo consumido a doses cavalares pelas pessoas.
Esta é a era do abandono, do descarte, dos velhos jogados nos asilos, dos pobres esquecidos em seus guetos, dos doentes exilados nos CTIs, das pessoas agonizando solitárias em seus apartamentos minúsculos, trancadas por fora, blindadas por dentro. A gente olha para o mundo lá fora e tem medo de sair de casa, não queremos enfrentar o que, provavelmente, nos espera, tememos que a tragédia do outro caia sobre nós, que o câncer dele...