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31 julho 2009

A Igreja e os ET's


Esta semana, ao passar em frente a uma banca de jornal, li a seguinte manchete na capa de uma revista de grande circulação: “Descoberta de água em marte pode responder a uma das mais antigas perguntas da humanidade: existe vida fora do nosso planeta?”.

Embora a igreja cristã tenha produzido muitos intelectuais notáveis ao longo de toda a história, de uma forma geral, ela tem uma verdadeira aversão a tudo o que é novo, especialmente a discussões sobre assuntos para os quais não tem resposta nem deseja ter, entre eles, a questão da vida em outros planetas.

É compreensível que a igreja cristã não esteja disposta a discutir esse tipo de assunto “herético”, afinal de contas, caso existam outros planetas, toda a teologia da igreja terá que ser repensada e muitos dos seus dogmas, defendidos com unhas e dentes por padres e pastores, irão por água abaixo.

A igreja afirma, baseada na exegese de João 3:16, que Deus amou o mundo e por isso enviou Jesus para morrer pelos homens pecadores. Caso fosse comprovada a existência de vida inteligente em outros planetas, que valor teria a redenção para esses nossos “irmãos intergaláticos”? E a cruz? Cristo teria morrido várias vezes em várias cruzes espalhadas pelo cosmos?

Confesso que perguntas como estas não são fáceis de responder. Por esse motivo, talvez os padres e pastores prefiram encerrar a discussão dizendo que as pessoas que fazem essas perguntas estão sendo influenciadas pelo diabo e que os ET´s (se é que existem) não passam de demônios.

Esse foi o método usado pela igreja ao longo dos anos todas as vezes que perguntas como esta questionavam certos dogmas. Sempre que a igreja se viu em perigo de natureza teológica acusou pessoas de possessão e depois as queimou na fogueira.

O heliocentrismo hoje em dia é fato consumado, mas houve um tempo em que dizer que o sol, e não a terra, era considerado o centro do nosso sistema, era crime passível de morte.

O próprio Agostinho não acreditava que existisse se quer outros continentes, afinal de contas, dizia ele: “como pode Deus ter colocado pessoas em outras terras, separadas de nós pelos mares, afastadas da igreja e sem possibilidade de ouvir o Evangelho?”.

Pelo visto, o próprio Agostinho, não obstante seus indiscutíveis dotes filosóficos e teológicos, acreditava que o mundo se reduzia a Roma e ao norte da África, onde ele nasceu. Até mesmo os grandes pensadores se deixam laçar pelos tentáculos do cristianismo institucionalizado e seus dogmas.

Pena que Agostinho tenha morrido bem antes do final do século XV, quando Cristóvão Colombo, coincidentemente o portador de Cristo (crist: Cristo, ovan: portador), fez os primeiros contatos com as criaturas que Agostinho julgava ser impossível existirem.
A igreja cristã é a instituição mais paradoxal e contraditória que já conheci. Se por um lado ela leva muitas pessoas ao conhecimento de Jesus Cristo, por outro, ela mesma se encarrega de afastá-las de Deus por causa do seu fundamentalismo.

Eu não conheço uma única passagem da Bíblia na qual Jesus, ao ser abordado por alguém com uma pergunta de difícil resposta, tenha dito que o seu interlocutor estava possesso.

Para alguns pastores é bem mais fácil dizer que a pergunta de alguém foi influenciada pelo diabo do que admitir sua ignorância no assunto, tomar vergonha na cara e ir estudar.

Portanto meu bom amigo, se você quiser fazer qualquer pergunta sobre vida fora do nosso planeta, procure qualquer um menos o seu pastor, caso contrário você será acusado de heresia e pacto com o diabo, e sua pena só será atenuada se você estiver com o dízimo em dia, caso contrário, é melhor ser abduzido.

André Pessoa

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