Pesquisar Neste blog

16 novembro 2018

Jesus, Cristão, ou Jesus, o Cristo?




O Jesus que a igreja nos ensinou é o líder da maior religião do planeta, o cristianismo. O Jesus da igreja se converteu, tornou-se cristão, abraçou suas doutrinas, seus catecismos, suas confissões, seus ritos, suas representações históricas, seus costumes e suas tradições.

É incrível, mas o que o judaísmo não conseguiu – que foi converter Jesus num praticante de uma religião morta – o cristianismo julga ter alcançado. O Jesus cristão é membro de igreja, adepto de denominações, seguidor de teologias, é um deus domesticado, encaixotado, industrializado, abestado, que fala língua estranha, bebe suco de uva na ceia, dá dízimo e ouve música gospel.

Eu tenho gasto minha vida tentando destruir essa imagem de Jesus para que as pessoas encontrem a um outro Jesus, antes dele ter se convertido ao cristianismo, antes da igreja o ter transfigurado nesse ser caricato preso a uma ideologia! O que eu tenho tentado mostrar é como era Jesus antes de ser reinventado pelas artimanhas da igreja, desnudar o que ele pensava, o que falava, o que ensinava, como vivia, no que cria!

Mas talvez você me diga: eu já sei de tudo isso, eu já li um livro a esse respeito, já li a bíblia, o pastor me ensinou, a EBD me catequisou, o congresso do “big shot” da vez me instrumentalizou, o seminário teológico me informou. Mas eu não estou falando disso, eu não estou falando do que lhe ensinaram, eu estou falando do que nem carne, nem sangue podem ensinar, porque só pode ser discernido por revelação do Espírito Santo, aquela verdade que testifica em nosso espírito que ele é quem ele diz ser.

O Jesus que lhe apresentaram, acredite, é um vestígio tosco do original, porque o Jesus das Escrituras começou a desaparecer no início do século II, na era dos pais apostólicos. Em seguida, ele foi sendo sufocado pelos apologistas e polemistas dos séculos II e III e na, sequência, foi soterrado pelos pós-nicenos, do século IV.

Assim, alvejado duramente, continuou se esvaindo em meio a uma fé simbiotizada com a filosofia grega neo-platônica e com a lógica do aristotelismo. Mas foi com a criação do cristianismo constantiniano que ele sofreu o seu mais duro golpe, institucionalizou-se, virou o proprietário de uma organização.

Daí para frente, quase morto, Jesus arrastou-se pela história. Na idade média, em meio a uma igreja prostituída e desnorteada, foi conivente com matanças e latifúndios feudais, com indulgências e simonias, com torturas e escravizações. No século XVI, todavia, já na idade moderna, quando estava desvalido, tentaram ressuscita-lo, com a Reforma Protestante, mas não deu certo... era só uma dieta eclesial. Na verdade, ele continuou sendo diluído, aos poucos, homeopaticamente, e quando chegou o iluminismo, já era quase um apagão.

No século XVIII, em meio à revolução industrial, ele foi posto de lado, o homem tornou-se a medida de todas as coisas. Depois Nietzsche tentou mata-lo, mas ele, surpreendentemente, sobreviveu, acabou ganhando novo ânimo no avivamento da Rua Azuza, no início do século XIX.

Maltrapilho, com os pés sujos, foi se arrastando, lentamente, e cambaleou no século XX, alvejado pelo multiculturalismo e pelo existencialismo de Sartre. Hoje, em nosso tempo, ele é essa coisa que os neopentecostais creem, esse híbrido de divindade e homem de negócio, esse esboço de deus, essa carranca pseudo-espiritual.

Jesus, o da Escritura, sempre andou ao largo de tudo isso, em movimentos marginais, entre desvalidos, excluídos, entre os sem "pedigree", mas sempre a "Porta da Igreja", batendo, esperando que alguém abra a Catedral para ele entrar.

Ora, diante de tudo isso, e com profundo respeito, eu só tenho uma questão para você: o seu Jesus é cristão, ou ele é o Cristo de Deus? 


Carlos Moreira


0 comentários:

Mais Lidos

Músicas

O Que Estamos Cantando

Liberdade de Expressão

Este Site Opera Desde Junho de 2010

É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

Visualizações de Páginas

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More