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02 janeiro 2017

Transar ou não Transar? Eis a Questão... Mas, Para Quem?




Está correndo mundos a entrevista que Baby do Brasil deu juntamente com o ex-jogador e comentarista Casagrande sobre o relacionamento amoroso que vivem há 4 meses. Na conversa, dentre outras pérolas, eles revelaram que passaram 3 meses pra dar um beijo na boca e que ainda não fizeram sexo. Pronto! Foi o suficiente para tornarem-se os mais novos garotos-propaganda da famosa doutrina do “Eu Resolvi Esperar”, compêndio mal aplicado de textos bíblicos que, dentre outras coisas, estimula a moçada a ficar apenas na masturbação e nos sites pornôs até o casamento, ou você acha que eles se seguram mesmo sem nada?

Pois bem, depois da dita entrevista, choveram perguntas no meu in-box, como se eu fosse sexólogo ou consultor sentimental, em busca de uma "posição oficial". O que tenho, então, a dizer, resumindo tudo, é o seguinte: transar ou não transar é uma decisão de cada pessoa, não uma doutrina bíblica. Casamento, nas Escrituras, é encontro de corpo, alma e espírito, sem legislações eclesiásticas ou cartoriais, sem intervenções ditatoriais humanas. Jesus foi ao casamento de Caná da Galileia para se alegrar com os amigos e a família, não para celebrar a cerimônia ou intermediar a “benção”.

Há, na verdade, dois milagres na festa: a transformação da água em vinho, feita nas talhas da religião, mostrando que o Evangelho traria alegria e encantamento para o coração, e o encontro de pessoas que se amam, o que faz repousar no chão da alma toda a felicidade da vida. Sim, é milagre e mistério, dois que se fazem um e um que se desdobra em dois, é tão sagrado que Paulo compara a união entre homem e mulher com a união entre Cristo e a Igreja.

Mas a religião não se conforma com coisas simples e belas, tem de intervir para legislar e mostrar o seu valor, tem que tencionar mediar o encontro único entre um homem e uma mulher, algo impossível de ser feito. É daí que surge cerimônia, altar, pastor e padre paramentados, côrte assistindo, “carruagens” transportando noivas, padrinhos, igreja enfeitada, e tudo o mais que compõe a indústria do matrimônio e que faz com que a celebração do amor se transforme em espetáculo social.

Casagrande e Baby do Brasil, por suas histórias de vida, pela promiscuidade que já experimentaram, pelos vícios que os consumiu boa parte da vida, decidiram fazer as coisas a partir de novos valores, compreendendo que sexo é parte da relação, não a relação inteira. O que eles fizeram, fizeram para si, não torna-se regra ou princípio para outros, pois, “a fé que tens, tem-na para ti mesmo”, conforme Paulo aos Romanos. Quem fizer a escolha de ter sexo no primeiro dia, que o faça com bom coração e boa consciência, pois, conforme o mesmo Paulo, “tudo o que não provém de fé é pecado”.

Digo, contudo, como homem, nem todos estão aptos a abraçar estes conceitos, pois do ponto de vista da fenomenologia social, nem tudo pode ou deve ser feito. Do ponto de vista do ser, todavia, o melhor é que tudo seja feito na luz, as claras, de tal forma que ninguém se esconda atrás de doutrinas para justificar suas próprias frustrações ou tentações. Sexo é tudo e é nada, pode trazer alegria e profundo pesar, pode completar a existência ou esvaziá-la, vai depender de como ele é experimentado e existencializado.

No mais, deixa a Baby e o Casa na deles, quando tiver que ser, será, e que seja bom, para que ambos, já no outono da vida, se aqueçam e se desejem com paixão e tesão. Quanto a você, não faça de suas escolhas teologia para ninguém, viva sua fé e sua sexualidade de maneira sadia e Deus lhe abençoará. Transar ou não transar não é uma questão nem para Shakespeare, nem para Jesus, mas apenas para você...

Carlos Moreira


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