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30 julho 2009

Olhando Fixamente no Espelho


Rosa Montero, em seu livro “Paixões: amores e desamores que mudaram a história”, faz uma interessante narrativa biográfica do Beatle John Lennon, de quem diz que aos 10 anos de idade “fazia coisas estranhas como olhar-se fixamente no espelho durante uma hora até seu rosto se decompor em imagens alucinantes”.

O Pastor americano David Fisher, citando Loren Mead, explica que a igreja, na melhor das hipóteses, está marginalizada e que algumas igrejas não enxergam essa realidade e funcionam como se nada estivesse acontecendo de errado, deixando assim de entender os tempos, mas apenas falando para si mesmas e, conseqüentemente, exercendo uma influência cada vez menor em seu mundo.

A esta altura você pode está se perguntando: que relação existe entre a Igreja evangélica e o excêntrico John Lennon ainda criança? Quase nenhuma, a não ser pelo fato de ambos terem o estranho hábito de ficar o tempo todo olhando fixamente para si mesmos! Sempre que olhamos insistentemente para nós mesmos, desenvolvemos atitudes egocêntricas e pueris. E, como acontecia com o famoso Beatle, as imagens vão paulatinamente se decompondo e formando figuras bizarras e alucinantes.

Além disso olhar apenas para si mesmo esquecendo os outros e o mundo ao nosso redor é uma atitude própria dos egocêntricos a quem Paulo chamou em Corinto de crianças espirituais (I Cor. 3:1). Pessoas e instituições egocêntricas estão preocupadas apenas com a satisfação dos seus desejos imediatos e totalmente alheias àquilo que lhes espera no futuro, motivo pelo qual se tornarão presas fáceis para os predadores espirituais.

Da mesma forma que Lennon, muito dado às bizarrices, via sua própria imagem se decompor no espelho, a Igreja evangélica brasileira, guardadas as dividas proporções, também começa a assistir o espetáculo escabroso e horrendo dos escândalos ministeriais, do desinteresse pelo culto (justificável, diga-se de passagem), da queda das contribuições financeiras e do marasmo hermenêutico e homilético dos sermões que não dizem nada.

Aliás, a palavra decomposição, gostemos disso ou não, expressa com grande realismo a situação da maior parte das instituições eclesiásticas do nosso país. Com raras exceções, a nossa prolongada conversa com o espelho tem decomposto (separado, desmembrado, dissolvido) aquilo que deveria estar unido em torno de Cristo; afinal de contas, foi ele mesmo quem disse que um reino dividido será devastado (Mat. 12:25).

É bom lembrar também que a decomposição é um estado posterior ao apodrecimento! E que, uma vez decomposta, a matéria, seja ela eclesiástica ou não, acaba unindo-se ao todo como se nunca tivesse existido. Estaríamos nós num estado posterior à própria podridão? Livre-nos Deus desse tão grande mal!

O que os líderes da Igreja evangélica brasileira estão fazendo para evitar o caos eclesiástico? Que medidas estão sendo tomadas para reverter esse processo de destruição acelerada da Igreja? Estão os pastores das igrejas empenhados em discutirem alternativas, ou continuam fazendo o papel da orquestra no convés do Titanic, que tocava “mais perto quero estar” para entreter as pessoas enquanto o navio estava afundando e levando pras profundezas os seus tripulantes?

André Pessoa

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