“cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria”. 2a. Co. 9:7.
Na antiguidade, conforme sabemos, eram cultuados inúmeros deuses e, ao contrário do que muitos pensam, mamon nunca foi uma destas divindades, pois o termo aramaico refere-se apenas ao dinheiro e riqueza. Jesus afirma no Evangelho de Lucas que não é possível servir a Deus e a mamon, elevando o vil metal ao status de potestade espiritual, e Paulo, escrevendo a Timóteo, diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Observe que ele não trata o dinheiro como coisa em si mesmo, como muitos, equivocadamente, interpretam, mas da tara, do apego exacerbado, da adoração compulsiva, do desejo desenfreado de possuí-lo.
De fato, mamon não é um deus, mas pode assumir a dimensão de um deus no coração humano. Não tenho dúvidas em afirmar que uma das forças mais poderosas que atua na Terra é o dinheiro. Por ele os homens mentem, matam, manipulam e corrompem. O amor ao dinheiro, na melhor das hipóteses, nos torna avarentos, incapazes de perceber as necessidades e demandas do outro, e prepotentes, imaginando ser ele o grande e único esteio de nossa existência.
Estamos na pós-modernidade, mas professamos uma fé pré-histórica. O clero da idade média, que negociava indulgências e simonias, estaria hoje estudando no jardim da infância da escola dominical de nossas igrejas. As práticas predatórias da religião cristã contemporânea, baseadas em barganhas com o sagrado – correntes, quebra de maldições, confissões positivistas e outras mandingas – demonstra, explicitamente, que o que nós queremos é uma espécie de “para-raio espiritual”, uma divindade que nos assegure bonança e prosperidade, e nos livre de todo mal. Sai dele!
E como é que fica esse negócio de dízimo? Digo negócio porque, para mim, é assim que boa parte dos “crentes” trata a questão. Sobre este tema, permita-me não emitir comentários sobre os que não ofertam a Deus. Estes ainda estão na infância da fé, longe de desenvolver uma espiritualidade sadia e equilibrada, que não seja umbigocêntrica. Mas, entre os que dão o dízimo, existe uma quantidade assustadora de gente que está neurotizada, dentre as quais consigo identificar três grupos: 1- Os que têm medo da maldição de Malaquias 3, não compreendendo o contexto do templo-estado e a dispensação da graça; 2- Os que estão investindo no retorno de 100 X 1, colocando ideologias na cabeça de Jesus que Ele jamais imaginou; e 3- Os que vivem de fazer contas com o Todo-Poderoso, uma espécie de fluxo de caixa entre o Céu e a Terra.
A turma da maldição vê em tudo a “pata do devorador”. Quebrou o liquidificador? Foi o “devorador”! O pneu do carro furou? Olha o “devorador” aí gente! Espirrou? É o capeta tentando minar as finanças! Pura maluquice... O pessoal do businessanto está sempre à espera da partilha dos dividendos celestiais. Pensam que tudo que recebem é fruto do negócio com o Eterno, e não a expressão de Sua bondade e fidelidade e do trabalho digno e honesto. Por fim, tem ainda a moçada da contabilidade, que fica sempre fazendo “encontro de contas” com a tesouraria celeste e dizem: “ah, lembrei que tenho que subtrair do dízimo a carona que dei ao irmão fulano. Isso me custou R$ 4,50”. Que tragédia!
Digo o que creio: Deus não precisa de seu dinheiro. Ele nunca vai lhe dizer: “ou dá ou desce”. Se você fizer mal uso dele, permitindo que assuma dimensões de uma potestade em sua vida, quem perde é você. Seu coração será contaminado pela ambição e pelo egoísmo, e você viverá enfermo da alma, tendo tudo e não possuindo nada. Dar é um princípio. Não interessa o valor, mas o coração desprendido e generoso. Quando você oferta a Deus, o maior abençoado é você mesmo. A viúva pobre, que depositou apenas duas moedas no gazofilácio, que o diga, pois o Senhor considerou a sua oferta como sendo a maior de todas... Ter liberalidade estimula dimensões e valores que ajudam a construção do ser, além de mover esferas espirituais, pois, conforme Paulo, Deus ama a quem faz isto com alegria, e não por esquizofrenismo religioso.
Quer dá? Então dê, com entusiasmo e coração agradecido, conforme suas posses. Não se surpreenda se a quantia ofertada, a partir desta nova perspectiva, for maior do que aquela que você fazia antes, no cabresto da fé-maníaca. Dê com consciência, sabendo que a obra de Deus não se faz só com fé e garganta, mas também com dinheiro. Exija, todavia, que as ofertas sejam administradas de forma séria e transparente, e que não haja manipulação. Se não quer dar, seja porque motivo for, não dê, é mais honesto e digno, e evita que sua oferta se transforme em oferta-de-tolo, sendo, assim, desprezada por Deus.
Portanto, para arrematar, como a gente diz aqui no nordeste, prego batido e ponta virada, saiba que, diferentemente do que você, talvez, imagine, Deus nunca leva “checho”, pois está apenas interessado no seu coração, e não no seu bolso. Por isso, mano, relaxe...
Sola Gratia!
Carlos Moreira
Adoração em tempo integral
Há 2 dias
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