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03 fevereiro 2018

Cristianismo sem Cristo



O modelo do cristianismo nunca foi se espelhar em Jesus. Sim, o modelo não é a manjedoura, mas as catedrais góticas, não são as vestes de louvor, mas as capas dos reis medievais, não são as línguas de fogo do Espírito, mas as mitras que se assemelham as coroas dos monarcas europeus, não é lavar os pés dos irmãos, com bacia e toalha, mas ser servido e reverenciado, ser tratado como ungido e receber uma titulação.

O modelo do cristianismo não é o da comunhão, mas o da gestão hierarquizada, não é a oferta generosa e responsável, mas o imposto do dízimo associado a maldições aos infratores, não é a liberdade de consciência, mas a mordaça doutrinária comportamental, não é o ajuntamento simples de dois ou três, mas as mega-construções apinhadas de gente que, sequer, sabe o nome de quem está ao lado. 


O modelo do cristianismo não é o discipulado, é a marcha pra “Jesus”, não é a adoração comunitária, é o show gospel, não é a sã doutrina, é o catecismo da denominação, não é evangelizar demonstrando uma transformação, é jogar pérolas a porcos transmitindo uma informação.

O modelo do cristianismo não é ocupar mentes, é ocupar prédios, não é fazer da Cruz um sinal, é fazer o sinal da cruz, não é buscar uma nova forma, mas fazer apologia a Reforma, não é transformar a Santa Ceia em concretude existencial, repartindo o pão com o faminto e o vinho da alegria com o quebrado de alma, mas transformá-la num memorial oco, egoísta e despropositado. 

Sejamos honestos, o cristianismo não tem nada a ver com Jesus, os símbolos nos altares foram copiados das pratarias da nobreza, os púlpitos vieram das tribunas das academias, as imagens dos santos dos panteões grego e romano, as procissões dos desfiles triunfalistas dos generais com seus exércitos, tudo tem a ver com Constantino, com império, com poder, com riqueza, com institucionalização, com controle.

A igreja que o Galileu propôs não tem paredes, pois o templo se faz no coração, não tem altar, pois o lugar do serviço é a vida do meu semelhante, não tem cargos, pois o maior é o que serve, não tem púlpito, pois a tribuna é a tapeçaria da vida, não tem riqueza, pois a arrecadação é destinada ao pobre, a viúva, ao órfão e ao estrangeiro.

Parem com esta panaceia, desçam de seus castelos, coloquem a cara no pó, rasguem suas vestes pomposas, chorem um choro de contrição, coloquem a mão na face ruborizada de vergonha, curvem-se a autoridade da Palavra, arrependam-se e talvez ainda haja esperança!

Desperta Igreja! Nem no Vaticano nem em Westminster adorareis, os verdadeiros adoradores fizeram um templo para Deus em suas consciências, despiram-se de toda vaidade, abraçaram a fé com todas as implicações, pois importa se parecer com Jesus e não com uma potestade humana qualquer, importa adorar a Jesus, não as pedras de uma construção, importa seguir a Jesus, não a catecismos e confissões, importa obedecer a Jesus, não a tribunais religiosos, importa andar como ele andou, e não na soberba opulenta desta igreja que, diante dos homens, é gloriosa, mas, diante de Deus, é pobre, cega e está nua...



Carlos Moreira









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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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