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27 agosto 2010

Além do Horizonte



Além do horizonte deve ter, algum lugar bonito pra viver em paz…”. É bem provável que você já tenha ouvido esta canção. É uma composição de Roberto e Erasmo Carlos datada de 1975. Fala de um lugar paradisíaco, onde a natureza está harmonizada com flores e animais silvestres. Neste pedacinho de mundo, pode-se viver tranqüilo, e os apaixonados se dão um ao outro, se amam curtindo o canto dos pássaros.

Mas este lugar que o Roberto fala não existe. Existiu, um dia, mas nós o perdemos. Pode ainda estar em algum lugar, em alguma “camada” que não temos acesso, mas no seu portão tem uma placa dizendo “temporariamente fechado”. O mundo no qual vivemos é outro, feito de cardos e abrolhos, de dores e dramas, medos e sombras. O paraíso do rei só existe em sua poesia...

Como disse um amigo: “a vida é bela, mas o mundo é mau”. E foi sob esta perspectiva que, na semana passada, ouvi essa história... Um alto executivo, de uma multinacional, pediu demissão. Exaurido, depressivo, largou o bom emprego, as vantagens, as comissões, tudo, e foi embora. Deixou a mesa vazia, poucas lembranças e amigos. Fez uma carta de despedida e, ousadamente, enviou para diretores, gerentes, executivos, e para o corpo funcional. Seu teor era triste e trágico.

Num punhado de linhas mal traçadas, onde a razão deu lugar à emoção, o homem dizia-se esmagado. Tanta pressão por metas, tantos “desafios” por números, o fizeram perder seu eixo existencial. Já não tinha tempo para nada. Não foi capaz de acompanhar a infância dos filhos, dessignificou o casamento, pois conjugalidade é coisa para ser vivida a dois, e ele estava sempre viajando, ausente. Sua rotina estava circunscrita entre um e-mail e outro, um telefonema e outro, um projeto e outro, um cliente e outro, uma reunião e outra. E assim, entre uma coisa e outra, a vida aconteceu e ele não a viu passar. Agora, arrependido, queria buscar novos horizontes...

A carta gerou comoção! A reação geral foi de estupefação! O conselho reuniu-se, os acionistas foram chamados, a diretoria apresentou propostas, novos planos foram traçados. Ao final, diante de fatos tão marcantes, tomaram uma decisão: em vista das metas e desafios da empresa ser tão elevados, aqueles que mais produzissem seriam bonificados com uma premiação extra! Ah, agora sim, agora eles haviam entendido o que todos queriam! Enfim, aparecera uma decisão sensata, acertada...

Deixe-me perguntar: qual é o seu horizonte existencial? Para onde vai a sua vida? Em busca de que você está? O que move o seu coração. Jesus nos ensinou que deveríamos vencer o mundo, mas nós queremos vencer NO mundo! Queremos chegar ao topo da pirâmide profissional, queremos ir aos píncaros da glória humana, queremos ser a capa da Você SA. É a “cultura dos campeões”! É a sociedade que só exalta os vencedores, os que chegam ao primeiro lugar, os que conquistam os melhores cargos, os que moram nos melhores apartamentos, os que possuem os carros mais caros, as roupas de grife...

Aqui, ali, encontro uns poucos que conseguiram realizar estes “sonhos”. Entre uma esquina e outra falo com quem chegou “no topo”. Eles não me parecem bem. Estão envelhecidos; aparentam ter 20 anos mais do que tem. A grande maioria venceu na profissão e fracassou na família. Conquistaram tudo e agora estão esvaziados de sentido, estão ocos de valores e propósitos. Olham para mim e me perguntam: o que vou fazer agora que já tenho tudo?

Lembro-me de um caso... Eram quatro horas da manhã e meu telefone tocou. Do outro lado da linha um dos mais bem sucedidos profissionais da minha cidade. Mora num apartamento de 450 m2. com todos os requintes possíveis e imagináveis. Ele me disse, com voz embargada, “quero paz!”. Lembrei, novamente, de Jesus “a minha paz vou dou”. Não era a PAX Romana, conseguida com guerras intermináveis, à custa de um exército que mal sabia como era a capital do Império, pois só vivia nos campos de batalha, longe de casa, da família. Não, a paz de Jesus era outra, era aquela que aquietava a alma e pacificava o coração mesmo em meio às tragédias.

E foi com esta simplicidade que Jesus arregimentou não um exército, mas um punhado de discípulos para segui-Lo. Um simples chamado: “vem e segue-Me”, era suficiente para fazer o sujeito deixar todo o seu projeto de vida e ir adiante. Para onde? Não se sabia. Fazer o que? Muito menos. O “patrão” não assegurava nada! Nem vantagens, nem seguro saúde, participação nos resultados, plano de carreira, nem mesmo um curso de outra língua – quem sabe o Grego – nada! Simplesmente nada! Era ir aonde o Espírito os enviasse e viver a maior aventura humana na Terra.

E foi assim, num dia comum que, andando pela praia, Jesus encontrou João, um dos que foi convocado. João era irmão de Tiago e estava junto com seu pai, consertando as redes para ir pescar. A impressão que eu tenho é que João tocava um negócio de família, pois eles tinham o seu próprio barco. Talvez fosse um negócio bom, talvez João tivesse um grande futuro como empresário no ramo pesqueiro. É provável que assim como seu pai, também seu avô tivesse sido pescador. Era um ofício de gerações, transmitido de pai para filho.

Ali estava João e o seu mundinho, mas, naquela manhã, Jesus apareceu para “bagunçar” tudo... Seu horizonte existencial media 20 km. de cumprimento por 12 Km. de largura. Ele chamava-o de Mar da Galiléia, mas era apenas um lago. A vida de João era a vida do pescador, mesmice, sal e suor. Consertava as redes, saia cedo para pescar, passava o dia no “mar”, voltava a tarde com o produto do trabalho, vendia ali mesmo ou na cidade os peixes capturados, amealhava alguns trocados, voltava para casa, dormia, e começava tudo de novo no dia seguinte...

Tenho encontrado muita gente com a “Rotina do João”: comendo para trabalhar – trabalhando para comer. E a vida vai passando, como um trem veloz que não para na estação. Mas naquela manhã, os horizontes de João se abriram para uma nova vida: “vem e segue-Me”. Era um convite inusitado! “João, paralelamente a sua vida, há outra para ser vivida, uma que vai lhe levar a olhar a existência com outras lentes, que vai significar os seus dias, que vai lhe transformar de dentro para fora, de “filho do trovão” para o “apóstolo do amor””.

O convite de Jesus quebrou os paradigmas de João: “você pesca peixe. Eu lhe proponho pescar homens!”. Quem poderia resistir!? Além do horizonte do Mar da Galiléia, havia uma nova vida disponível! João continuaria comendo peixes, mas receberia da boca do próprio Deus pão em forma de palavras eternas, alimento que o sustentariam por toda sua existência.

Lembro-me dos últimos dias de João na Ilha de Patmos. Ali estava um homem idoso, com 96 anos, cansado, desgastado pelas lutas de sua vida. Aquela altura, havia sido testemunha de milagres extraordinários, mas também de muitas mortes, algumas das quais de amigos íntimos. Era um homem corroído pelo tempo, mas seu coração estava cheio de graça e esperança, pois mesmo preso e solitário, ainda carregava no semblante a paixão daquele primeiro encontro com o Galileu, naquele pequeno lago que era o seu “mundinho”.

Caio Fábio, no seu livro “O Apocalipse das Igrejas”, diz que na vida de João tudo começou com o Cordeiro e tudo terminou com o Cordeiro. O Alfa e o Ômega esteve sempre ao seu lado. Naquela pequena ilha, onde nada mais poderia acontecer, aquele “velho” ainda teria a visão do Deus que um dia se apresentou como Cordeiro, mas agora lhe aparecera como Leão! E a ele, talvez o único dos apóstolos a não ser martirizado, é feita a grande revelação do Apocalipse. É o fechamento de uma história de amor, não de uma história de sucesso...

Além de seu horizonte, de seu mundinho, há um lugar onde Deus lhe espera para, juntos, vocês começarem a construir algo novo. Há uma vida dentro da sua vida esperando para desabrochar, para ser vivida! Este chamado – vinde a Mim – vai mudar o seu eixo existencial, transformá-lo de dentro para fora, ressignificar os seus dias, mudar sua percepção de mundo, quebrar seus paradigmas, destruir seus preconceitos. Você deseja experimentar tudo isto? Então vem! Siga-O...

S O L A   G R A T I A  !

Carlos Moreira

1 comentários:

Olá!
Faz pouco tempo que acompanho esse blog e posso garantir que já abriu minha visão para muitas coisas,e o texto respondeu algumas coisas em minha caminhada,é aquela velha história,corremos para adquirir,depois paramos e ficamos gastando os neurônios se perguntando:pra que?Para outros desfrutarem,assim diz em Eclesiastes,sábio Salomão!

Deus seja contigo!

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