Sobre a evangélica passista que vai sair nua no carnaval do Rio 2017 - segue link da matéria - http://extra.globo.com/noticias/carnaval/evangelica-passista-vai-desfilar-sem-roupas-em-carro-alegorico-da-rocinha-20920663.html.
Há duas questões aqui e elas dizem respeito às “decisões” e “cisões” que somos chamados a fazer no chão dos dias.
Do ponto de vista das decisões, não se deve invadir o direito à individualidade e a privacidade de cada um, escolhas já demandam a responsabilidade de quem as toma de viver com suas consequências.
Portanto, ninguém tem o poder de legislar sobre a alma do outro, muito menos a igreja e seus líderes – padres, pastores e bispos.
Isso também diz respeito, analogamente, a nossa profissão, pois se você trabalha de forma honesta para quem é desonesto – o caso dos executivos da Odebretch – por exemplo, deve, ao depois, arcar com as demandas de seus atos, não haverá “imunidades” no seu caminho por você ser uma pessoa religiosa, Deus não blinda ninguém contra os desdobramentos de suas ações.
A moça é livre para sair vestida ou pelada onde ela bem entender, desde que esteja disposta a lidar com a reverberação existencial de tudo isso. Se essa é a sua profissão, deve arcar com os “custos” e seguir o que manda a consciência. Agora, se compete ou não, aí já é outra coisa.
Em segundo lugar, do ponto de vista das “cisões” necessárias ao viver do homem, neste tema específico, sigo o que recomenda Paulo: “... Cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra”. 1ª Ts. 4:4.
Abraçar a fé em Jesus e existencializar o Evangelho em ações práticas demandará algumas cisões na vida. Sim, não há como encarnar tudo isso sem que amputações não sejam feitas, cortes profundos que demandarão coragem, pois separam, definitivamente de nossas vidas, aquilo que sempre fez parte dela.
Eu acredito que um discípulo de Jesus não deva expor o seu corpo para além dos limites do que pede o bom senso, não há pudores morais aqui, mas apenas o equilíbrio de quem deseja caminhar em outras direções.
Quando Jesus trata do tema do Eunuco, em Mateus 19, ele afirma que há alguns destes, que abraçaram tal estado na vida, por causa de uma decisão pessoal, e finaliza dizendo que nem todos estão aptos a compreender tal escolha, pois ela é tomada a partir de pressupostos ligados aos valores que o indivíduo introjetou.
Da mesma forma, há determinadas cisões que precisam ser feitas na vida por questões de consciência e fé, mas reconheço que nem todos estão aptos a fazê-las...
Carlos Moreira
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