Nós não negamos que somos filhos dos Gregos. Para nós, vitória tem a ver com lugar no pódio, trata-se de cruzar a linha de chegada na frente, receber os louros da glória, ser aplaudido ao final da maratona.
Sim, somos a geração que adora dizendo: “Campeão, Vencedor...”, cantamos o “Hino da Vitória!”, nossa conquista tem “Sabor de Mel”, mas nada disso encontra guarida no Evangelho. Em Jesus, ganhar só tem significado quando é fruto do coração que abriu mão, os últimos é que são os primeiros, o maior é o que serve, o mestre lava os pés dos discípulos, o bem aventurado é pobre e humilde, o rico é aquele que não tem onde reclinar a cabeça.
Mas nós estamos aí, nessa roda viva louca, fazendo tudo ao contrário, correndo atrás daquilo que não produz bem para o espírito, mas apenas entulho para o cofre. O nosso pão não é semeado em esperança e fé, mas fruto de muito esforço, de muito lobby e networking, confiamos exageradamente no talento, mas pouco na oração.
Este é o tempo do coach, daqueles que ensinam como “ficar rico” e perder a sua alma, dos que lhe estimulam a subir na pirâmide e perder sua família, dos que tem uma conta gorda e uma consciência anoréxica. Triste realidade!
Jesus, para os tais, deveria se vestir com Armani, não com túnicas surradas, locomover-se de Ferrari, deixando as velhas alparcas que calejavam os pés de lado e usar Dolce & Gabbana, porque suar é coisa de pobre.
Essa igreja que aí está, com vitrais pomposos e bancos de madeira trabalhada, é a apologia ao “Reino dos Homens”, o império da religião, nada tem a ver com a manjedoura ou a Cruz do calvário, ela tem opulência, mas não tem consistência, tem prestígio, mas não tem poder espiritual.
O Deus que deveria ser cultuado nos templos cristãos é Apolo, o deus grego filho de Zeus, um deus atlético, musculoso, fitness, uma divindade exaltada no Olimpo das conquistas humanas. Jesus, o Deus hebreu, filho de Elohim, está superado, um Deus que sangra, sofre e morre é um derrotado, não deve ser levado muito a sério, afinal, quem quer perder? O que nos interessa mesmo é ganhar! O que incomoda, todavia, é: ganhar o quê?
Carlos Moreira