Os deuses já não governam o Egito. As pirâmides começaram a ruir, os “faraós” estão sendo destronados e as múmias foram interrompidas em seu sono eterno.
Desde os dias de Menés até o governo de Osnir Mubarak, nunca se tinha visto no Vale do Nilo coisa igual. É a revolta dos felás, a ressurreição do camponês eloqüente!
O Egito dos governantes “embalsamados” está indo por água abaixo. Se eternizar no poder e governar absoluto a partir de um palácio inatingível nunca mais!
Na verdade, não é o ditador Osnir Mubarak que está perdendo o poder, é a tradição política milenar do crescente fértil que está sucumbindo às ondas do neoliberalismo ocidental.
Não são os fundamentalistas islâmicos que estão movendo a revolta popular e nem muito menos qualquer entidade metafísica muçulmana, judia ou cristã. São os “caras pintadas” egípcios que cansaram da ditadura e exigem a saída do presidente.
Ditaduras autocráticas regadas à valores questionáveis não fazem mais sentido no mundo contemporâneo e não estão na ordem do dia no Egito. É o secularismo ocidental que está derrubando Mubarak!
Não são os seguidores de Alá que estão promovendo a reviravolta no Cairo, e sim outro tipo de seguidores: os do Orkut, facebook e twitter. O povo clicou no ícone LIBERDADE.
A convulsão social no Egito é o começo da vitória do hambúrguer sobre o quibe. O que os exércitos ocidentais não conseguiram impor nos campos de batalha, a internet e o mcdonald’s estão conseguindo no âmbito cultural.
Digo isto porque embora Osnir Muabark seja um rebento do imperialismo norte-americano, como Sadan Hussein foi um dia, ele também é um representante legítimo dessas ditaduras violentas que floresceram naquela região ao longo de toda a história.
As manifestações populares no Egito, na Tunísia, na Síria ou onde quer que elas venham a aparecer são um sinal inconteste de que o mundo árabe está trocando o alcorão pela web 2.0 e pelo big-mac com bastante ketchup.
Os tempos mudaram, paradigmas estão sendo quebrados e outros ainda serão. Pelo visto, dentro de mais algum tempo o rigor das antigas tradições será engolido pela liberdade de expressão no mundo virtual.