“Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem os outros dizem que o Filho do homem é?”. MT. 16:13
Curioso Jesus fazer esta pergunta? Não parece coisa de gente insegura, que está preocupada com a opinião pública? Para mim, todavia, Jesus estava interessado em saber o que os discípulos pensavam, e não a multidão, pois, logo em seguida, questionou: “e vocês? Quem vocês dizem que Eu sou?”. Pedro, impetuoso como sempre, foi quem declarou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”.
Entretanto, o mesmo Pedro, que fez a “confissão bombástica”, não muito depois, foi duramente repreendido pelo Senhor: “arreda daqui satanás, pois és para mim uma pedra de tropeço”. Como pode, num momento alguém ser usado por Deus e, no outro, pelo diabo? Por que isto acontece?
A questão gira em torno de dois eixos importantes para a nossa espiritualidade: a confissão e o testemunho. Confessar é algo fundamental, pois, conforme as Escrituras, se cremos com o coração precisamos declarar com a boca aquilo que foi introjetado na consciência por meio da fé. Mas o processo não para por aí... Quem confessa algo, deve materializar na prática aquilo que exprime crer como reflexo do ser. A confissão em si mesma é como uma lata vazia, que apenas ressoa os sons que dentro dela são produzidos.
Para nossa tristeza, assim tem sido o cristianismo, muito parecido com a confissão de Pedro, retórica pura. Muita falação, mas pouco testemunho. É uma religião de garganta, verborrágica, contudo sem respaldo da vida, sem ações e desdobramentos que transformem os conteúdos em prática existencial. A pergunta de Jesus, todavia, não vai calar: “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?”. Quem é Jesus para você? Melhor ainda: como você transmite isto às pessoas?
Perceba, se sua resposta é apenas um discurso teológico, sem respaldo das ações práticas, você pode ter se tornado um teórico da religião, que confessa algo com a boca, mas que não materializa com a vida. A melhor forma que há para se dizer as pessoas quem é Jesus é a partir de sua própria encarnação dEle – “já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim” – como se você fosse um dublê, alguém que assumiu o papel do outro. Isso, de forma alguma lhe descaracterizará, pelo contrário, você será mais você tanto mais a vida dEle esteja simbiotizada com a sua, pois o propósito eterno de Deus é ser o Pai de uma grande família de muitos filhos semelhantes a Jesus!
Finalizo com as palavras sábias de São Francisco de Assis: “viva o Evangelho. Se necessário, fale sobre ele”.