“Por isso, como é o povo, assim será o sacerdote; e castigá-lo-ei segundo os seus caminhos, e dar-lhe-ei a recompensa das suas obras”. Os. 4:9.
A fenomenologia congregacional nos ensina que o povo é um reflexo do seu pastor, eles possuem, portanto, o pastor que lhes cai bem, assim como, da mesma forma, o filósofo francês Joseph-Marie Maistre afirma que “cada povo possuí o governo que merece”.
Sim, eu diria ainda mais, a congregação é capaz de produzir um tipo de pastor que nada mais é do que o reflexo de sua própria face, ele é a expressão visível de aspirações e frustrações invisíveis, a propagação material das imaterialidades e latências da alma, das vaidades e taras, dos medos e opressões, da malícia e dos juízos, o produto consciente do inconsciente coletivo.
Assim, quanto mais doente é o povo, tanto mais será o pastor, quanto mais ambiciosa seja a congregação, mais volúpia por dinheiro terá o seu líder, quanto mais fetiche tenham os membros na magia espiritual, mais manipulador do sagrado será aquele que os conduz.
Ao final, o que se vê nestas igrejas é um grande engodo, todo mundo traindo e sendo traído, os encontros não passam de teatro a céu aberto, o baile de máscaras do qual falou Soren Kierkegaard.
Fuja disso! Busque quem reflete a face de Cristo, não a sua própria, muito menos a daqueles que o ouvem, saia de perto de todo ajuntamento onde o pastor se apresente como homem poderoso, capaz de fazer a agenda de Deus na Terra, ou de produzir milagres com dia e hora marcada. Saia daí! Isso lhe fará um mal sem precedentes! Corra para longe de todo aquele que se auto-promove, dos que falam com a boca e destroem o discurso com atos perversos, dos que esbravejam e praguejam para amedrontar incautos e neófitos.
Busque, de alguma forma, os que andam com bacias e toalhas para lavar os pés dos irmãos, os que trabalham incansavelmente sem buscar a recompensa financeira, os que não querem honra nem desejam bajulações. Busque pastores que se pareçam com Jesus, que sejam mansos, que tratem da dor humana com misericórdia, que acolham os necessitados e protejam os indefesos e diferentes.
Faça isso e sua alma viverá, você jamais será confundido, nem terá seu coração esmagado pela dor. Isso lhe diz quem sabe o que é andar no chão dos dias, quem já viveu o bastante para discernir que não há bem maior do que a paz e a alegria de ser conforme a imagem do Filho Unigênito de Deus, e não o reflexo tosco de qualquer outro homem debaixo de sol.
Carlos Moreira