“Estes são os meus princípios! Se você não gostar deles, eu tenho outros...”.
Groucho Marx.
Daqui a alguns meses vou completar 25 anos
de profissão, todos eles atrelados ao mercado de Tecnologia da Informação. Comecei
digitando cheques em um banco e hoje sou um executivo, sócio de uma empresa de
desenvolvimento de software.
Se há uma coisa que aprendi nestes anos é
que, em se tratando de negócios, pelo menos neste País, tudo é possível. O
mercado tem suas próprias “regras” e, a mais importante delas, é que não existe
regra para nada. Eu sei que temos Legislação, Judiciário, Polícia Federal,
Receita, Secretaria da Fazenda, Constituição, mas, acredite, dependendo de como
você “mexa com as peças”, tudo pode ser feito.
Fato é que já há muito que a ética, o
pudor, a honestidade, a verdade, a lealdade, a decência, a transparência, a
palavra empenhada, e outros valores imprescindíveis foram banidos de nossa
sociedade, e isto não apenas nos negócios, mas em todas as áreas do viver humano.
Existimos em meio à total dissolução dos princípios que constroem o ser, fomos engolidos
e diluídos por um “sistema” perverso que inverteu o direito, perverteu a
justiça, relativizou o absoluto e absolutizou o relativo.
Hoje, os que estão buscando fazer a coisa
certa se sentem como se andassem na contra-mão, no contra-fluxo, “remando
contra a maré”. É por isso que eu vim aqui hoje para registrar o meu protesto,
para dizer que exijo respeito, para expressar a minha indignação com o que vejo
acontecer todos os dias.
Eu peço que você me respeite por eu querer
falar a verdade, ainda que isto me custe, não raro, perder oportunidades, amigos,
dinheiro, “prestígio”, “status”. É que eu entendi que a liberdade é filha da Verdade
e desde há muito os grilhões que prendiam meu ser foram quebrados, tornei-me
livre de tudo e de todos, sou apenas escravo do amor.
Eu peço que você me respeite por eu desejar
ser leal, por buscar honrar minha palavra, mesmo quando ela não está num papel
assinado, num contrato. Respeite-me por querer ser honesto, comigo, com outros,
aceite o fato de que escolhi caminhar de forma transparente, que não desejo
trair, enganar, “passar a perna” nem fazer nada as escondidas, pois tudo o que é
trevas manifesta-se e eu, por ser filho da Luz, anseio que haja sempre claridade
em minha alma e em meu ser.
Eu peço que você me respeite por eu não
querer ganhar o mundo inteiro, por não colocar o dinheiro acima das pessoas,
por não fazer de minha carreira meu maior objetivo na vida, por não ser capa de
nenhuma revista, nem ter ações na bolsa, nem uma lancha no iate clube. Sim,
respeite o fato de que meu sono é muito importante para mim e que, para dormir
em paz, escolhi apenas “vencer o mundo” e não vencer no mundo.
Eu peço que você respeite o fato de estar
com a mesma mulher há 27 anos, pois decidi muito cedo construir uma família,
tornei isto uma prioridade, compreendi que os relacionamentos são eternos, mas
os bens passageiros. Desta forma, não me sinto atraído por “invólucros”, não
desejo trocar minha mulher de 42 anos por uma de 22. Nunca! Ela é minha amiga,
minha amante, alguém que aprendi a admirar com o passar dos anos e o acumular
das crises. Não estou disposto a arriscar o que vivemos por uma aventura, uma
transa, um corpo bonito com uma cabeça vazia.
Finalmente, peço que você respeite o fato
de que eu temo a Deus, acredito na salvação do meu espírito, que é a essência
do meu ser, na ressurreição do meu corpo, no juízo final e na vida eterna. Respeite
a minha fé, a crença que tenho de que “Deus
estava em Cristo se reconciliando com o mundo, não imputando aos homens os seus
pecados”.
Por tudo isso, quero apenas lhe dizer o
seguinte: eu tenho os meus princípios; se você não gostar deles, infelizmente,
não tenho o que fazer, pois por eles decidi viver e morrer, e não há nada, nem
ninguém neste mundo, que possa me fazer mudar a escolha que um dia fiz.
Carlos Moreira
Carlos Moreira