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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

06 dezembro 2010

Bolso Furado


“Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições, e observava a multidão colocando o dinheiro nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias. Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valor. Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: Afirmo-lhes que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver.”
Mc. 12:41-44

Para Jesus, diferentemente do que acontece conosco, a maior oferta foi aquela que teve a menor significação monetária, pois foi a que carregou em si as implicações da fé e do amor. E a razão é simples: para Deus, o que mais importa na vida é a motivação.

Curioso, todavia, é imaginar o Senhor sentado em frente ao gazofilácio, no átrio externo do Templo, observando o movimento... Passava por ali a moçada da religião, fariseus e escribas, todos cheios de jactância, de autoindulgência. Também ali estavam os ricos, revestidos de pompas, com suas ofertas vultosas, despejando no receptório aquilo que lhes sobejava da soberba da vida. Então veio a viúva...


Aquele era um mês especialmente difícil. As economias já haviam se acabado. A feira não tinha sido feita. Várias das contas a serem pagas estavam sob a mesa da sala. Tudo o que restava eram duas pequeninas moedas. O coração compungiu-se: “Como entregar aquilo que se tem para viver?”. A consciência, por outro lado, argumentava: “Como viver sem entregar tudo o que se tem e o que se é?”. Santo dilema! Quem me dera fosse o meu...


Dinheiro ali nunca foi a questão. A oferta da viúva era a oferta de si mesma, a única que interessa a Deus. Não se tratava de algo com significação econômica, pois, financeiramente, aquilo que ela deu não possuía valor.


Sua oferta, todavia, era fruto de uma consciência desenvolvida para a obediência e de um coração dilatado para a generosidade. Por isso, em fé, entregou “tudo o que possuía para viver”. Saiu com o bolso vazio e o coração cheio. Sua alma foi alimentada de esperança e seu espírito fortalecido em fé. Seu ato discreto chamou a atenção de Jesus, pois o Senhor percebe o íntimo, mas despreza as aparências.


Deus não precisa de dinheiro para Sua obra; eu e você é que precisamos! Portanto, se a obra for Dele, se Ele estiver interessado em que ela se viabilize, se estiver sendo glorificado com o que está sendo feito e se os Seus planos estão em sintonia com os nossos, creia-me, dinheiro nunca será um problema.


Ainda assim, toda moeda tem dois lados, mesmo a da viúva. Temos o lado dos que vivem dos despojos do povo, mas também o dos que querem apenas, como disse o profeta Ageu, “apainelar” as suas vidas e as suas casas, gente incapaz de fazer qualquer sacrifício ou investimento na obra de Deus porque está totalmente focada no seu projeto de enriquecimento pessoal.


Conheço homens de Deus sérios, bem-intencionados, apaixonados pelo que fazem, com boas ideias, que não conseguem realizar empreendimentos para o Reino por causa da avareza e do egoísmo que se instalaram no coração dos que se dizem “povo de Deus”.


Talvez esse cenário seja uma reação de autodefesa, ainda que inconsciente, a tanto escândalo e manipulação. Mas, talvez, não. O fato é que é dificílimo encontrarmos pessoas que invistam os seus talentos e recursos na obra de Deus.


Tenho visto muitos prosperarem na vida. Como empresário, vejo companhias alcançando níveis de faturamento extraordinários, com ganhos expressivos para seus acionistas. Alguns deles são cristãos. Compram novos carros, apartamentos maravilhosos, fazem viagens para outros países, adquirem casas na praia, no campo, mas são insensíveis e incapazes de se envolver com qualquer desafio que possa levá-los a investir algum dinheiro no Reino de Deus.


Olho para isso e creio que esses jamais entenderam o princípio que diz: “Dai e dar-se-vos-á”, pois Deus dá, de forma abundante, com o objetivo de desenvolver em nós a generosidade para com os outros e para com o Evangelho.


Sim, creio que Deus não tem nenhuma intenção de fazer ninguém milionário, protagonista de uma vida egoísta e centrada em si mesmo, mas em enriquecer alguns para torná-los capazes de distribuir, de investir, de canalizar recursos para Seus propósitos. Creio que o Senhor deu talentos há alguns homens e mulheres para que eles pudessem usá-los para a Sua glória, mas eles acabaram usando apenas para usufruto próprio.


Tenho com frequência sempre aconselhado pessoas em crises financeiras. O “ralo” é sempre o mesmo: cartão de crédito, cheque especial, despesas feitas sem provisão, vaidade, desorganização, futilidades.


Nesses momentos, o profeta Ageu sempre me volta à mente: “Vocês têm plantado muito, e colhido pouco. Vocês comem, mas não se fartam. Bebem, mas não se satisfazem. Vestem-se, mas não se aquecem. Aquele que recebe salário, recebe-o para colocá-lo numa bolsa furada”. Como alguns me dizem, é muito mês para pouco provento. Aí, o dízimo já era...


Jesus nunca se preocupou com dinheiro. Mesmo sabendo que existiam pessoas que “bancavam” Seu ministério, sobretudo as mulheres, nunca o vi “passando a sacola” ao final de um sermão ou depois da realização de um milagre.


Ele apenas pregava a Boa Nova, amava as pessoas, curava, libertava, apaziguava os corações, e o mais Deus provia. Nunca deixou de fazer nada porque não havia recursos disponíveis. Não se hospedava em hotel cinco estrelas, não andava de Audi, não jantava nas boas casas de massa e não dispunha de nenhum aparato logístico, mas Sua mensagem era capaz de impactar milhares de pessoas e de transformá-las de dentro para fora. Por que será que isto não acontece com a nossa?

Gosto muito das músicas do Almir Sater. Em uma delas, de título “Peão”, o compositor afirma: “Para um bom companheiro não conto dinheiro”. Fiquei imaginando como seria bom se o verso se aplicasse à nossa relação com Jesus, no que diz respeito à generosidade e ao desprendimento.

É que não raro dizemos que o Senhor é o nosso companheiro, contudo, na hora de metermos a mão no bolso, materializando assim a amizade, de tal forma a permitir que coisas concretas possam ser realizadas, o bolso quase sempre está furado. Nessas circunstâncias, você poderá ouvi-lo dizer o seguinte: “Não se apoquente não, bichinho; Eu já paguei a conta!”.

Carlos Moreira

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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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