Transar ou não transar? Essa é uma pergunta que me chega todos os dias... Ao invés de se enfrentar o problema, que, na verdade, não é problema, é impulso natural do corpo de ordem fisiológica e psicológica, a religião tenta achar suas “vias sacras” para lidar com a questão através de preceitos morais.
Diante disso, há sempre indivíduos mais ortodoxos que me dizem: “eu escolhi esperar!”. Sim, mas, até quando? A esmagadora maioria que tenta reprimir aquilo que é da ordem e dos fluxos da vida, fica doente. Sim, doente de alma, pois tudo o que produz mordaça no ser vaza por outras vias, seja em taras, em pulsões, seja em somatizações, em desvios traumáticos de conduta, em atitudes histéricas, e por aí vai...
Já cansei de aconselhar “meninos” e “meninas” que estão se castrando para o sexo que se viciaram em pornografia, ou se entregaram a experimentações bizarras, que, na tentativa de sublimar o desejo, enveredaram pela via da oração e do jejum como se isso fosse o “pó de pirlimpimpim” que vai arrefecer o fogo das paixões.
Ora, qualquer um que seja sério irá concordar comigo que este não é o caminho, pois é pela via da pacificação e da liberdade da consciência que a saúde do corpo aflora no chão dos dias.
Fazer o quê, então? Mandar a meninada transar? Bem, é melhor um jovem transando com uma namorada a quem ama ou fazendo programa e pagando para ter sexo com prostitutas, viciado em pornografia de internet, cheio de libido e tesão comprimido, impossibilitado até de andar no ônibus sem se excitar no esfrega-esfrega? É possível desconsiderar este tempo, essa sociedade erotizada na qual vivemos, e jogar sobre a garotada toda a nossa carga hipócrita de “santidade” relacional? Formiga no formigueiro dos outros é refresco...
Mas a religião acha melhor o indivíduo com uma aparência impecável mesmo que sua alma, desconfigurada, seja um jazigo de elucubrações as mais impensáveis! Parecer, para eles, é melhor do que ser... Assim, só há um jeito de lidar com o tema: trazer tudo a luz e a verdade!
Estou, portanto, mandando todo mundo transar e fazer o que quiser? Bem, as escolhas na existência sempre trazem suas consequências, e cada um deve avaliar o seu próprio caminhar debaixo do sol. Para os simples de coração, todavia, o que está dito, está dito. É que eu não estou disposto, a esta altura, a não enfrentar um tema porque ele é polêmico. Eu não tenho satisfações a dar que não seja a mim mesmo e àquele que me disse: "haja luz!".
Carlos Moreira