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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

19 abril 2019

O Dinheiro na Igreja




Dízimo é uma realidade para o judeu no Velho Testamento, no Templo-Estado, uma ordenança que, no Evangelho, caducou.

Lendo a Escritura com um pouco de atenção, logo perceberemos que o Espírito do Novo Testamento é a oferta desprendida, solidária, responsável e justa, onde cada um dá o quanto pode e o quanto quer, sem constrangimentos, sem maldições, sem chantagens.

É também no Novo Testamento que Paulo ensina que os que pregam o Evangelho, vivam do Evangelho, mas isso só é possível em meio a gente que possui uma consciência aguçada, fruto da maturidade espiritual, não é uma obrigação salarial, não é para entrar na “folha de pagamento” do templo, não tem nada a ver com um trabalho secular, pastores e bispos são funções vocacionais, não profissionais.

É por isso que o apóstolo, quando não recebia ofertas, costurava tendas para manter, não só a si mesmo, mas também aos que com ele estavam. Na carta aos Gálatas, capítulo 6, Paulo estimula que aquele que recebe benefícios espirituais abençoe, materialmente, àquele que lhe instruiu, mas isso é uma recomendação, não uma imposição, e mais uma vez só se aplica a gente madura na fé.

Jesus, em todo seu ministério, jamais recolheu dízimos, vivia da oferta espontânea de gente que se sentia abençoada pela sua vida.

De minha parte, acho que pastores devem ter profissões seculares, e no caso de viverem da igreja, que não sejam pesados, pois, não raro, 70, 80% da arrecadação de muitas comunidades são destinadas a pagamento de pastores, algo totalmente desmedido.

No meu modo de ver, a igreja não pode existir para manter o pastor, isso faria com que ela perdesse o seu propósito e significado, ela existe, sim, para, como um Corpo, ou seja, através de todos juntos, anunciar e vivenciar a salvação.

Também, para mim, construir templos é coisa impensável, é dinheiro gasto com tijolo e cimento que poderia ser destinado para abençoar a carência de famílias da comunidade, trata-se de um contrassenso dizermos que somos peregrinos na Terra, que aqui não é nossa morada, e termos um templo plantado no chão.

Despesas com lugares, ao meu ver, deveriam ser mínimas, a estrutura está a serviço da igreja, não a igreja a serviços da estrutura. Um local alugado atende muito bem as pessoas, e isso dentro das possibilidades de cada grupo.

Assim, quem não pode alugar um local, que se reúna nas casas, ou nas praças, empregar dinheiro em construções, só se for de corações e consciências. Jesus não disse aos discípulos: “Ide por todo mundo, ergam catedrais e construam templos para mim, lugares “santificados” para a adoração e a pregação”, antes, estimulou os discípulos a serem andantes, a terem o espírito do verdadeiro Hebreu, um errante, alguém que é livre para ir e vir, assim como também é o Espírito do Evangelho.

A verdade é que, quanto mais estrutura, mais dinheiro, mais manutenção, mas gente para cuidar. Por outro lado, quanto mais simples for o lugar, mais recursos poderão ser usados em obras sociais no entorno da comunidade, e também dentro dela, gente é sempre mais importante que pedra.

Eu sei que esse é um tema nevrálgico, atinge, por um lado, a “casta sacerdotal”, que quer viver dos recursos do templo, e por outro, no extremo oposto, quando você liberta as pessoas da tradição e do dogma, acaba, tristemente, gerando um cinismo e um relaxamento dos membros, o pensamento dominante é aquele que afirma: “já que não serei amaldiçoado por não dizimar, então, não dou mais nada, ou, se der, dou apenas o mínimo possível”.

Eu Teria muito a falar sobre esse tema, mas você pode ir ao meu canal no Youtube e lá ouvir mensagens sobre finanças, um tema riquíssimo, mas, via de regra, muito mal abordado dos púlpitos.


Carlos Moreira



Menos Sempre foi Mais



Paulo entendeu que era melhor, 20 igrejas na Ásia menor, que 1 Jerusalém em Israel. Sim, 20 igrejas de 100 pessoas é muito melhor que uma igreja com 2.000 membros. As razões, ao meu ver, são de uma obviedade inquietante.

1- Igrejas menores, espalhadas pela cidade, alcançam mais pessoas, pois a geografia acaba comprometendo o deslocamento das mesmas. Assim, congregações menores, em vários bairros, alcançam muito mais gente, de todas as classes, e cumprem melhor a tarefa da evangelização

2- Igreja menores possuem mais oportunidades, pois as
funções necessárias ao seu funcionamento não foram ocupadas por meia dúzia de indivíduos. Quando a estrutura é muito grande, as principais tarefas já estão distribuídas, o que faz com que uma enormidade de pessoas viva eternamente no banco.

3- Igrejas menores são mais relacionais, pois quanto mais gente, menos comunhão, menos encontro humano, menos interação. Ora, não há coisa pior numa igreja do que você se sentir apenas um número, alguém que olha para o lado, no encontro, e não tem a mínima ideia de quem seja a pessoa ao seu lado.

4- Igrejas menores são melhor pastoreadas, pois um pastor, para atender com qualidade sua membresia, precisa cuidar de um número limitado de pessoas. É triste constatarmos que a agenda pastoral está sempre lotada, até para aconselhamentos simples, as pessoas tem de esperar semanas, e não raro, elas só dispõem de horas para tomarem certas decisões.

5- Igrejas menores são mais sensíveis, pois quando há menos gente fica mais fácil identificar necessidades e necessitados. Sim, é uma profunda contradição, para mim, a igreja que faz missões e deixa seus membros passarem privações, primeiro você acolhe os de casa, depois os de fora.

6- Igrejas menores tem custos menores, grandes estruturas são, cada vez mais, onerosas, desprendem muita manutenção, demandam funcionários, “roubam” recursos escassos que poderiam ser empregados no cuidado das pessoas.

7- Igrejas menores, espalhadas na malha urbana, podem realizar um trabalho maravilhoso do ponto de vista social, pois a igreja é responsável por aquilo que acontece em seu entorno, sua estrutura pode, e deve, estar a serviço da comunidade, na prestação de serviços de saúde, educação e cidadania.

8- Igrejas menores podem acomodar mais pessoas, pois quando tudo está centralizado numa única estrutura, não raro, existe um esgotamento do espaço –menos salas disponíveis, menos estacionamento, menos cadeiras para visitantes, etc.

9- Igrejas menores crescem mais espiritualmente pois, menos programas, contudo mais adensados, desenvolvem mais pessoas. Quando a igreja é muito grande, ela precisa de muitos movimentos para atender às diversas demandas internas, o que inviabiliza um padrão e uma uniformidade na oferta de conteúdos mais profundos, daí ser tão comum a rotatividade de gente nestes meios.

10- Igrejas menores são mais ágeis para cumprir desafios e buscar novas tarefas, pois sabemos que mover grandes estruturas é tarefa quase impensável. Por outro lado, congregações pequenas são mais flexíveis, se adaptam melhor à mudanças, suportam novas circunstâncias, possuem um maior grau de inovação.

Igrejas menores são maravilhosas, mas as pessoas, desgraçadamente, preferem igrejas maiores...


Carlos Moreira



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