Dízimo é uma realidade para o judeu no Velho Testamento, no Templo-Estado, uma ordenança que, no Evangelho, caducou.
Lendo a Escritura com um pouco de atenção, logo perceberemos que o Espírito do Novo Testamento é a oferta desprendida, solidária, responsável e justa, onde cada um dá o quanto pode e o quanto quer, sem constrangimentos, sem maldições, sem chantagens.
É também no Novo Testamento que Paulo ensina que os que pregam o Evangelho, vivam do Evangelho, mas isso só é possível em meio a gente que possui uma consciência aguçada, fruto da maturidade espiritual, não é uma obrigação salarial, não é para entrar na “folha de pagamento” do templo, não tem nada a ver com um trabalho secular, pastores e bispos são funções vocacionais, não profissionais.
É por isso que o apóstolo, quando não recebia ofertas, costurava tendas para manter, não só a si mesmo, mas também aos que com ele estavam. Na carta aos Gálatas, capítulo 6, Paulo estimula que aquele que recebe benefícios espirituais abençoe, materialmente, àquele que lhe instruiu, mas isso é uma recomendação, não uma imposição, e mais uma vez só se aplica a gente madura na fé.
Jesus, em todo seu ministério, jamais recolheu dízimos, vivia da oferta espontânea de gente que se sentia abençoada pela sua vida.
De minha parte, acho que pastores devem ter profissões seculares, e no caso de viverem da igreja, que não sejam pesados, pois, não raro, 70, 80% da arrecadação de muitas comunidades são destinadas a pagamento de pastores, algo totalmente desmedido.
No meu modo de ver, a igreja não pode existir para manter o pastor, isso faria com que ela perdesse o seu propósito e significado, ela existe, sim, para, como um Corpo, ou seja, através de todos juntos, anunciar e vivenciar a salvação.
Também, para mim, construir templos é coisa impensável, é dinheiro gasto com tijolo e cimento que poderia ser destinado para abençoar a carência de famílias da comunidade, trata-se de um contrassenso dizermos que somos peregrinos na Terra, que aqui não é nossa morada, e termos um templo plantado no chão.
Despesas com lugares, ao meu ver, deveriam ser mínimas, a estrutura está a serviço da igreja, não a igreja a serviços da estrutura. Um local alugado atende muito bem as pessoas, e isso dentro das possibilidades de cada grupo.
Assim, quem não pode alugar um local, que se reúna nas casas, ou nas praças, empregar dinheiro em construções, só se for de corações e consciências. Jesus não disse aos discípulos: “Ide por todo mundo, ergam catedrais e construam templos para mim, lugares “santificados” para a adoração e a pregação”, antes, estimulou os discípulos a serem andantes, a terem o espírito do verdadeiro Hebreu, um errante, alguém que é livre para ir e vir, assim como também é o Espírito do Evangelho.
A verdade é que, quanto mais estrutura, mais dinheiro, mais manutenção, mas gente para cuidar. Por outro lado, quanto mais simples for o lugar, mais recursos poderão ser usados em obras sociais no entorno da comunidade, e também dentro dela, gente é sempre mais importante que pedra.
Eu sei que esse é um tema nevrálgico, atinge, por um lado, a “casta sacerdotal”, que quer viver dos recursos do templo, e por outro, no extremo oposto, quando você liberta as pessoas da tradição e do dogma, acaba, tristemente, gerando um cinismo e um relaxamento dos membros, o pensamento dominante é aquele que afirma: “já que não serei amaldiçoado por não dizimar, então, não dou mais nada, ou, se der, dou apenas o mínimo possível”.
Eu Teria muito a falar sobre esse tema, mas você pode ir ao meu canal no Youtube e lá ouvir mensagens sobre finanças, um tema riquíssimo, mas, via de regra, muito mal abordado dos púlpitos.
Carlos Moreira