Você sabe o que são Gárgulas? Trata-se de esculturas que eram colocadas na cobertura dos prédios, sobretudo aqueles em estilo gótico, justamente no encontro das calhas de drenagem das águas das chuvas. Serviam, na verdade, como um recurso arquitetônico e artístico, mas acabaram se projetando para muito além disso... Na idade média, as Gárgulas elas eram vistas como figuras demoníacas e monstruosas, em formato meio humano, meio animal e, segundo crenças antigas, foram colocadas nas Catedrais Cristãs para agir como uma espécie de amuleto para afastar o mal, como se fossem guardiãs da igreja com vistas a manter espíritos malignos à distância. Outra crendice atribuída as Gárgulas era a de que elas serviam como protetoras dos sacerdotes e dos crentes contra seres malignos que quisessem entrar no santuário, era uma tentativa de fazer medo ao demônio com seu próprio veneno. Talvez para nós, que fazemos parte da sociedade contemporânea, esse tipo de crença seja algo totalmente incompatível, ainda que não raras correntes religiosas trabalhem com elementos mágicos e místicos em suas liturgias e ofícios. Mas, há 10 séculos atrás, essas crenças eram sustentáveis, ainda que nos pareçam contraditórias. A questão é: como compreender a presença de demônios na fachada da igreja? Que tipo de fé pode suportar a convivência pacífica entre as imagens dos santos, do lado de dentro das catedrais, e de monstros, do lado de fora? Que tipo de espiritualidade bizarra é essa que faz as coisas de Deus se travestirem com a aparência daquilo que é atribuído ao diabo? Convenhamos, o mal não pode ser combatido com o próprio mal, nem as trevas com a escuridão! Não se expulsa Satanás em nome de Belzebu, nem se combate a maldição com o agouro! Mas o fato é que o engano religioso tem esse poder de produzir na vida das pessoas uma enorme contradição, ou seja, o indivíduo é levado a praticar um tipo de fé na qual Deus fica parecido com o diabo e onde as práticas realizadas em seu nome nada têm a ver com Jesus e com o Evangelho. Seu Deus se parece com quem? Essa é a questão que trataremos nessa mensagem. Assista!