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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

22 fevereiro 2018

O Evangelho não Precisa de Marchas, Precisa de Macas para os Feridos

O Evangelho não precisa de Marchas, precisa de Macas para recolher os feridos e os doentes da sociedade. Este é um tempo de muita mídia, com quase nenhuma ação, muita propaganda, sem que se saiba a real intenção. Jesus não era um homem dado ao espetáculo, Isaías diz que ele não gritaria pelas praças nem faria desfiles pelas ruas, sua ação era discreta, no encontro humano, o Reino se torna visível não quando é alardeado do alto de um trio-elétrico, mas quando se dissipa junto as pessoas, em ações de justiça e solidariedade, de forma silenciosa, como sal na comida que não é percebido, mas que torna-se imprescindível para que haja sabor. Evangelizar, ao contrário do que a maioria pensa, não é transmitir uma informação, é demonstrar uma transformação, que adianta sermos o maior país cristão do mundo com as taxas de desigualdades que enfrentamos, que adianta as milhares de igrejas cristãs distribuídas em todas as nossas cidades se elas não são instrumentos de transformação das realidades em seu entorno, de fomento de uma espiritualidade que olhe para o pobre, para o órfão e para a viúva? O chamado do Evangelho é para construirmos consciências, não prédios, saber que “Jesus Cristo é o Senhor” até os demônios sabem, tornar Jesus Cristo, de fato, o Senhor das nossas vidas é que é o desafio. Quando Escolas de Samba, em pleno carnaval, denunciam a exploração e a miséria e a “Marcha para Jesus” faz fanfarrice para a Globo ver, pois imagina-se que aparecer, por 30 segundos, no Jornal Nacional, é motivo de honra e reconhecimento de nosso valor, percebe-se quão grande é o abismo no qual a igreja mergulhou nestes últimos tempos. As “pedras” estão clamando, enquanto a igreja brinca de batalha espiritual e faz corço aloprado para gringo ver. Assista a mensagem e seja edificado!


 

09 fevereiro 2018

Aguente Firme!


“Procura vir ao meu encontro o mais depressa possível”. 2ª Tm. 4:9.

O ano é, provavelmente, 66 d.C, Paulo está preso em Roma e vive seus momentos finais antes do martírio, ele agora é um homem velho, está cansado de toda a jornada, sua visão está muito comprometida e sua alma aflita.

No texto escrito a seu filho Timóteo é perceptível o desânimo e a tristeza, ninguém havia se disposto a defende-lo no tribunal, a solidão é notória, depois de servir e atender a tantos, Paulo agora não encontra solidariedade em ninguém. 

Esse é o homem que gastou parte da vida abrindo igrejas na Ásia menor, alguém que ajudou milhares com suas cartas, que ensinou de casa em casa, de porta em porta, que passou noites insones ouvindo dramas alheios, aconselhando os quebrados da vida, acolhendo desgarrados, levantando ofertas para os famintos, donativos para desabrigados. Paulo é aquele que escreve a Filemon pedindo por Onésimo, um escravo que havia fugido, que cuida de Epafrodito a beira da morte, e o envia, depois, aos Filipenses, para recobrar a alegria, que ensina Silvano, Apolo, Lucas e o próprio Timóteo, além de outros tantos, preparando-os para o ministério.

Quanto custaria a epístola aos Romanos? Qual o preço para ensinar o que é a justificação pela fé? Quanto valeria uma hora de Paulo? Ele nunca cobrou... Mas agora o apóstolo está fragilizado, ele escreve àquele a quem tem como filho e diz “Venha depressa ao meu encontro, estou sentindo a chegada da morte”, numa interpretação livre dos versos 6 e 9 do capítulo 4.

Já encontrei tantos assim, sentindo-se solitários ao final da jornada e sem apoio ou cuidado dos que serviu com dedicação. Sim, o Caio Fábio que o diga, foi de herói a herege dentro de sua própria geração, é dele a célebre frase “A igreja é o único exército que mata os seus feridos”.

Tão diferente de Davi, que chorou a morte de Saul e de Jônatas e lamentou pela grande perda de Israel – “Como caíram os valentes na batalha...”. Nós não olhamos para os velhos, nem para os cansados, nem para os falidos e quebrados. Fomos ensinados que quem é de Deus é “vencedor”, é “cabeça”, e não cauda, é o que come das primícias, não sente medo, nem angústias, nunca fica só ou desamparado, não passa necessidade e tem sempre na mesa a fartura das iguarias dos reis.

Obrigado, Paulo, por que mesmo morto serves de exemplo e consolo para quem, como eu, se sente esmagado pela vida. Obrigado por revelar-nos sua humanidade, sua fraqueza e até seu desatino, por nos ensinar que a vida dos homens de Deus é feita de ambiguidades, “Tanto de fartura como de fome, assim de abundância como também de escassez”.

Termino com um apelo: olhe para o lado, alargue seus horizontes, saia do seu eixo, do seu comodismo, deixe seu egoísmo, talvez tenha gente a seu lado gemendo, agonizando em tristeza, sucumbindo em necessidades. Sim, você pode não ser a solução, mas pode ser alívio, estenda a mão e toque nessa dor, seu toque pode ser a cura que tanto se espera, quem sabe um telefonema, uma visita, uma conversa no fim do dia. 
A gente acha que não pode fazer nada por que não tem grana, mas há tanto que podemos realizar mesmo sem abrir a carteira – um conselho, uma indicação, uma oportunidade. Está nas suas mãos! 

Saiba, meu amigo, ninguém se deprime porque quer, a angústia não chega com hora marcada, não há como precaver-se, a dor não suporta fila de espera, a gente morre em pé, escorado na pilastra da desilusão. "Aguente firme!", é o que digo a você que está no vale da sombra da morte, o socorro está chegando, o teu socorro vem do Senhor, ele “Faz forte aos cansados e multiplica as forças dos que não tem nenhum vigor”, como disse Isaías, e o salmista afirma: “Por que estais abatida ó minha alma? Espera em Deus!”. Sim, por vezes, esperar é tudo o que se pode fazer...


Carlos Moreira


06 fevereiro 2018

A Religião muda a Forma, o Evangelho muda a Fôrma

A mensagem de João em seu Evangelho não é biográfica, como a de Mateus, não é uma pesquisa histórica, como na narrativa de Lucas, nem muito menos carrega a objetividade factual de Marcos. João escreve um texto com a preocupação de explicar a mensagem de Jesus, não há preocupações com as cronologias envolvidas, mas com os significados mais profundos. Olhando desta perspectiva, quero lhe convidar a vir as Bodas de Caná da Galiléia, no episódio descrito no capítulo 2 e, na sequência, vamos para Jerusalém, a Cidade Santa, onde o Galileu expulsou os cambistas do Templo. Apesar de juntos na mesma perícope, um acontecimento dista do outro 3 anos, um é no início do ministério de Jesus, o outro, no final, mas ambos só encontram seus mais amplos e reais significados quando concatenados, motivo pelo qual o apóstolo os colocou de forma sequencial. Assista esta mensagem e aprenda como superar a mecânica religiosa, calcada em ritos e símbolos, para abraçar a liberdade e leveza do Evangelho que se revela nas dinâmicas próprias de cada dia.

 

03 fevereiro 2018

Cristianismo sem Cristo



O modelo do cristianismo nunca foi se espelhar em Jesus. Sim, o modelo não é a manjedoura, mas as catedrais góticas, não são as vestes de louvor, mas as capas dos reis medievais, não são as línguas de fogo do Espírito, mas as mitras que se assemelham as coroas dos monarcas europeus, não é lavar os pés dos irmãos, com bacia e toalha, mas ser servido e reverenciado, ser tratado como ungido e receber uma titulação.

O modelo do cristianismo não é o da comunhão, mas o da gestão hierarquizada, não é a oferta generosa e responsável, mas o imposto do dízimo associado a maldições aos infratores, não é a liberdade de consciência, mas a mordaça doutrinária comportamental, não é o ajuntamento simples de dois ou três, mas as mega-construções apinhadas de gente que, sequer, sabe o nome de quem está ao lado. 


O modelo do cristianismo não é o discipulado, é a marcha pra “Jesus”, não é a adoração comunitária, é o show gospel, não é a sã doutrina, é o catecismo da denominação, não é evangelizar demonstrando uma transformação, é jogar pérolas a porcos transmitindo uma informação.

O modelo do cristianismo não é ocupar mentes, é ocupar prédios, não é fazer da Cruz um sinal, é fazer o sinal da cruz, não é buscar uma nova forma, mas fazer apologia a Reforma, não é transformar a Santa Ceia em concretude existencial, repartindo o pão com o faminto e o vinho da alegria com o quebrado de alma, mas transformá-la num memorial oco, egoísta e despropositado. 

Sejamos honestos, o cristianismo não tem nada a ver com Jesus, os símbolos nos altares foram copiados das pratarias da nobreza, os púlpitos vieram das tribunas das academias, as imagens dos santos dos panteões grego e romano, as procissões dos desfiles triunfalistas dos generais com seus exércitos, tudo tem a ver com Constantino, com império, com poder, com riqueza, com institucionalização, com controle.

A igreja que o Galileu propôs não tem paredes, pois o templo se faz no coração, não tem altar, pois o lugar do serviço é a vida do meu semelhante, não tem cargos, pois o maior é o que serve, não tem púlpito, pois a tribuna é a tapeçaria da vida, não tem riqueza, pois a arrecadação é destinada ao pobre, a viúva, ao órfão e ao estrangeiro.

Parem com esta panaceia, desçam de seus castelos, coloquem a cara no pó, rasguem suas vestes pomposas, chorem um choro de contrição, coloquem a mão na face ruborizada de vergonha, curvem-se a autoridade da Palavra, arrependam-se e talvez ainda haja esperança!

Desperta Igreja! Nem no Vaticano nem em Westminster adorareis, os verdadeiros adoradores fizeram um templo para Deus em suas consciências, despiram-se de toda vaidade, abraçaram a fé com todas as implicações, pois importa se parecer com Jesus e não com uma potestade humana qualquer, importa adorar a Jesus, não as pedras de uma construção, importa seguir a Jesus, não a catecismos e confissões, importa obedecer a Jesus, não a tribunais religiosos, importa andar como ele andou, e não na soberba opulenta desta igreja que, diante dos homens, é gloriosa, mas, diante de Deus, é pobre, cega e está nua...



Carlos Moreira









01 fevereiro 2018

"Cura Gay" ou "Surra Gay"?



Eu atendo homossexuais e afins há, pelo menos, 10 anos, alguns dos quais, pastores.

Neste tempo, nunca recebi um caso de alguém que queria mudar sua sexualidade para ser hétero, não obstante, imagino que deva existir os tais. Quando um gay procura um pastor, ou um profissional da psicologia/psicanálise, via de regra, ele quer ajuda, sim, mas não para deixar de ser gay, mas para ser aceito assim como é.

É certo que, num primeiro momento, em muitos casos, nem ele mesmo percebe isso, pois a angústia é tal e o sofrimento acumulado é tanto, que melhor seria se livrar deste “mal” amputando algo, como se fosse possível cortar a carne e extirpar o “aleijão”.

Mas numa conversa honesta, sem manipulação, sem imputação de culpa religiosa, sem chantagem existencial, o indivíduo logo percebe que seu problema não é a sua orientação sexual, que na maioria dos casos é nata do sujeito, ou seja, já nasceu com ele, mas seu desejo de aceitação, de ser amado e reconhecido pelo que é e pelo que faz, não pela forma como usa sua genitália no íntimo de suas relações afetivas.

Creia, as “chagas” que esta gente carrega são incontáveis e, não raro, incontornáveis: rejeição familiar, profissional, religiosa, social, agressões de todo tipo – verbais, físicas, emocionais, são tantas as questões que, dificilmente, uma alma alvejada assim não se desconfigure para a vida.

Eu tento entender o drama... Percebo as origens do fenômeno, sua complexidade, ajo com reverência pela vida daquele que está diante de mim, em frangalhos, vestido de lágrimas e suspiros profundos que revelam um deserto sombrio no ser.

Seria fácil, confesso, indicar uma solução simplista, receitar uma bula medicamentosa composta de oração, jejum, cultos de libertação e seções de descarrego, mas não seria correto, não seria ético, eu sei que nada disso vai libertar o sujeito, ao contrário, construirá nele um ódio insuperável contra Deus, pois, pare ele, nem mesmo o Todo Poderoso foi capaz de livrá-lo de tamanho mal.

A solução, é óbvio, não poderia ser outra que não fosse o amor. Sim, amar é acolher, é respeitar, é compreender é suportar, é dar ao outro a chance dele existir mesmo que não tenha abraçado o meu ideal de vida, que não siga o meu script, que não reze na minha cartilha nem compartilhe daquilo que julgo ser a verdade.

Se eu creio em “Cura Gay”? Não, não creio, creio, sim, em “Surra Gay”, em gente que foi agredida e esfolada pelo preconceito e pela insensatez de quem diz que Ama a Deus, mas é incapaz de amar o outro, pois o outro insiste em ser diferente dele mesmo, o que, para ele, é insuportável.

Se Deus pode mudar a natureza de um gay e torna-lo hétero? Claro que pode! Mas essa não é a questão, a questão é: por que Deus faria isso? Você quer que eu responda? Bem, eu não tenho respostas para tudo...


Carlos Moreira


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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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