“Pastor, sexo antes do casamento é pecado?”. Se você é um clérigo ou um líder, esta é uma das perguntas que você mais ouve quando está no meio de jovens. Obviamente, a grande maioria responde: “sim, é pecado”. E eu, o que penso sobre o tema? Bem...
Eu penso que
a igreja trata a questão como se ela não existisse, quase com desdém. O
“problema” só se materializa quando aquele casalzinho que senta lá no canto,
acompanhado ou não da família, nos procura no gabinete pastoral para
informar-nos que, em 9 meses, teremos mais um membro para ser batizado na
família de Deus! Aleluia!...
A verdade é
que a igreja, normalmente, faz vista grossa para essa questão. O casal está
ali, juntinho, namorando e, se não der bobeira, se transar com camisinha, se
fizer tudo direitinho, não vai ser muito incomodado pela ortodoxia doutrinária
vigente. Aqui, ali, terá de ouvir coisas do tipo: “fornicação é pecado”; “quem
transar antes de casar perde a benção de Deus”; “masturbação entristece o Espírito”; e por aí vai... Ora, isso tudo,
com um pouco de cinismo e cara de pau, dá para ir levando. Dá?...
Agora,
quando a “bomba” explode, e o bebê está a caminho, aí a coisa muda de figura,
pois todo mundo fica furioso, sobretudo a “fariseada”. Engravidou, tem que
casar! Será?... O casalzinho, coitado, será exposto aos extremos, execrado, em
alguns casos, ficará afastado temporariamente da Ceia, ou, em outros, submetido
a uma “disciplina” maluca qualquer. Quase certamente, sofrerá muito mais do que
seria preciso, contudo se tornará um “exemplo” para todos!
Ora, em tais
situações, as conseqüências, obviamente, virão em curtíssimo prazo, pois, sem
apoio da comunidade, sem orientação e, em muitas situações, sem a ajuda da
própria família, o jovem casal, sem qualquer preparo para a vida conjugal,
estará separado em 1 ou 2 anos no máximo. Estou, neste momento, com um caso
deste na igreja, herdado de outra “comunidade”...
Quer falar
sério sobre o tema? Quer tratar a situação com coragem? Então vamos às
Escrituras. Qual o padrão bíblico para casamento? Vou simplificar: deixar pai e
mãe, ou seja, possuir capacidade de romper os vínculos emocionais e financeiros
com a família; voto público, que é assumir para a sociedade, seja pela via do casamento
civil ou do religioso, que os dois passam a constituir uma família, com todas
as implicações vigentes; e, finamente, manter relação sexual.
Nos dias de
Isaque e Rebeca a coisa era assim, muito simples. O garoto começava a se coçar
demais, olhava as cabras de forma estranha, e aí o Pai, macaco-velho, dizia: “este menino está precisando casar”.
Arrumava-se uma noiva, da parentela mesmo ou da vizinhança, desde que fosse da
mesma fé, o pai doava ao filho um pedaço de terra, meia dúzia de cabras, uma
vaca leiteira e pronto! O sujeito entrava na cabana com sua “gazela” e estava
tudo consumado. Que benção!
E como é
hoje? O menino e a menina chegam aos 15, 16, 17 anos e começam a namorar. Estão terminando o ensino médio e ainda
terão pela frente o vestibular e 4 ou 5 anos de faculdade. Vencida esta etapa precisarão trabalhar,
conseguir um bom emprego. Em seguida, vão comprar um carro legal, depois o
apartamento financiado e, só então, poderão pensar em se casar. E olha que eu estou
falando de jovens cristãos sérios, que começaram a namorar com o propósito de,
um dia, se casarem. Mas, convenhamos, eles são à exceção da exceção da exceção!
Ora, eu sei,
por experiência, que a grande maioria da meninada quer é curtir a vida, “ficar”
bem muito ao invés de namorar, que dá muito mais trabalho, transar o tanto que
puder, pois muitas relações darão mais experiência – trágico equívoco – e, só
quando se estiver chegando na casa dos 30 é que começarão a desacelerar o “motor”
para pensar em constituir algo sério, ou seja, casar.
Agora, uma
questão: pensando no primeiro exemplo, o do jovem casal cristão sério, que
começou a namorar cedinho, o que eles farão para segurar os hormônios nesta
sociedade erotizada na qual vivemos, onde propaganda de pneu tem mulher pelada?
Me responda mesmo: dos 15 até chegarem aos 30 anos, quando estarão em
condições, dentro dos padrões estabelecidos em nossa cultura, para se casar,
como eles lidarão com estas questões? Vão jejuar e orar? Ora meu mano, faça-me
o favor... Você fez isso?
Aí vem a
igreja, e seus ilustres representantes, naquela santidade medieval, e diz para
o casalzinho: “olha, vocês devem se
guardar um para o outro. Sexo antes do casamento é pecado, viu?”. E fica a
meninada com a pulha na cabeça: transar ou não transar, eis a questão! E ainda
tem umas almas sebosas que dizem: “quem
estiver abrasado, então que se case”. Ótima solução! Quero eu lhe dizer que
o sujeito não está abrasado não, ele está em chamas já há muito tempo! Isso é
que é fogo!
Na verdade,
em determinadas circunstâncias, só existem dois caminhos: como pastor, sei o
que estou afirmando: ou o cara deixa a namorada “em paz” e vai para a internet
ver sacanagem de todo tipo e, como o pecado só se aprofunda, pois “um abismo chama outro abismo”, mas cedo
ou mais tarde ele estará com prostitutas em sua cama, ou vai transar com a
“irmãzinha” e ficarão os dois num complexo de culpa sem fim, pois recairá sobre
eles toda a ortodoxia protestante dogmática e fundamentalista pregada e
inoculada em suas mentes durante anos. Estou exagerando?!
“Alegre-se, jovem, na
sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde
seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas saiba que por todas
essas coisas Deus o trará a julgamento”. Ec. 11:9.
Estou eu
aqui aconselhando os casais de namorados a transar? Não coloquem palavras em
minha boca! Sou defensor de uma teologia liberal e por isso não levo em
consideração os preceitos de santidade das Escrituras? Vocês não me conhecem
para afirmar isto. Então, o que estou querendo dizer, afinal? Duas coisas:
discernirmos o tempo em que vivemos, com todas as suas idiossincrasias, e
investirmos na formação de uma geração que tenha uma consciência compatível com
o Espírito do Evangelho. O mais, queira me desculpar, é tapar o sol com a
peneira, é tratar da conseqüência, e não da causa, é jogar o “lixo” para debaixo
do tapete.
O texto de
Eclesiastes nos dá uma dica do que podemos fazer! Ensinar os jovens! Podemos
dizer-lhes “façam suas escolhas, tracem
seus caminhos, sigam suas rotas, construam seus mapas, aproveitem a vida! Mas
saibam: tudo na existência humana tem conseqüência, pois há um princípio
bíblico que afirma que aquilo que o homem semear, isto também ceifará”. Fato
é que Deus criou o sexo e o casamento com um propósito e, só imersos em Sua
vontade, nos realizaremos em nossa sexualidade e conjugalidade.
Olha moçada,
namorar com 10, 20, 30 pessoas diluirá sua alma, banalizará em seu coração o
significado de relacionamento, tornará o sexo coisa trivial e não aquilo para o
qual ele foi concebido. Você perderá todas as referências sobre lealdade,
amizade, cumplicidade e, dificilmente, será capaz de construir uma família
sadia, um casamento bem sucedido, uma relação para toda a vida, pois a frase “que seja eterno enquanto dure”, fica
linda do ponto de vista da poesia, mas, existencialmente falando, é um desastre
sem precedentes.
Se eu tenho a solução? Ora, isso é um problema que cada um deve lidar, pois cada um construirá na terra seu caminho com Deus e isso conforme sua própria consciência. Fico impressionado como crente gosta de fórmulas feitas para resolver suas questiúnculas. Agora, quanto a mim, perdoem-me a sinceridade, prefiro engolir o mosquito e, de preferência, com Coca-Cola.
Carlos Moreira
6 comentários:
Sexo é porco, é nojento, é imundo. Isso é uma pratica que só deveria ser praticada para dar continuidade da especie.
Parabéns, Carlos!
Até que enfim uma pessoa PRUDENTE e MODERNA falou sobre o assunto!!
Aa condições impostas há séculos atrás não podem ser vistas da mesma maneira em 2013!
Sou Pastor e venho me solidarizar ao seu artigo e compartilhar o que Paulo disse:"Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados".
1 Coríntios 11:31
De modo que nos faita honestidade ao falarmos sobre assuntos tão relevantes, e mais agimos como Pedro que queria impor aos Gentios um coisa que Jesus havia abolido.
Quanto ao mais acredito que Deus não irá levar idiotas pro Céu, sem querer entrar nos méritos de Deus fonte de toda Sabedoria.
Paz!
Ótima mensagem. Há muitas questões como essa que deixam jovens e adultos confusos. Graças a Graça de Deus e sabedoria Dele por está usando sua vida como mediador da palavra, da qual é viva e eficaz, que faz discernir pensamentos e propósitos do coração, que nos faz enxergar a graça do Pai sobre nós e escolhermos qual evangelho queremos seguir... como tenho aprendido o "evangelho da praça ou o evangelho da Graça?"
obrigada pela mensagem.
Tainá de Miranda Cabral - PIB vale das Pedrinhas
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