Como pastor
tenho aconselhado muitos casais em crises conjugais e, não raro, em processos
de separação, alguns dos quais litigiosos, outros, mais raramente, amigáveis.
É triste ver
uma família se desfazer, implodir, ruir perante os olhos perplexos, sobretudo,
dos filhos, que quanto mais novos mais sofrerão as conseqüências do litígio.
Como bem disse o Caio Fábio – e ele têm autoridade no tema, não só pelo que viu,
mas também pelo que sofreu – separação é uma amputação, algo que se faz quando
a conjugalidade atingiu um grau onde a convivência se tornou insalubre, ou
seja, viver junto produz morte e não vida. Aí, ou corta a parte “gangrenada”,
ou o corpo todo morrerá por septicemia.
Existem
muitas relações que já estão em estado de putrefação. Elas “fedem” em meio a
mentiras, disfarces, subterfúgios, e toda sorte de arranjo existencial quando
se tenta, sabe-se lá porque, salvar o que é irremediavelmente irrecuperável. Às
vezes é por causa do patrimônio, outras por conta dos filhos, outras por que
ambos já possuem vidas duplas, há também os casos em que a coisa é pura
safadeza mesmo. E por aí vai... Como disse um colega, “desgraça pouca é bobagem”.
Não sou
fundamentalista. Aprendi que a misericórdia de Deus vai além de meus juízos
humanos e minhas exegeses de 3ª categoria de textos bíblicos complexos. Já
deixei a muito tempo de “esfregar” na cara das pessoas coisas do tipo “o que Deus uniu não o separe o homem”.
Minha hipocrisia já não dá para tanto... E isto por um motivo muito simples:
tem coisas que, simplesmente, Deus não uniu. E mais... Creio firmemente que
alguém que vem a Cristo tem a chance de reescrever a própria história. Se
for um escravo, poderá ser liberto; se sua liberdade representa dessignificação
existencial, poderá tornar-se escravo da lei do amor e da graça. Em síntese,
quem conhece a “Verdade” é liberto de todas as suas mazelas e inquietudes. O
mais, é doutrina barata de “igreja”...
Mas,
voltando ao gabinete pastoral, tenho observado um fenômeno social curioso, e
isto não apenas no meio “evangélico”. Homens de meia idade separando-se de suas
esposas, quase sempre de idade próxima, e assumindo relações com mulheres bem
mais novas. Alguém recentemente me disse: “pastor,
troquei minha mulher de 40 por uma de 20” . Aí eu perguntei: “e como está agora? ”.
Ele me respondeu com uma melodia conhecida dos Beatles: “Love, Love, Love... All you need is Love”.
Nas minhas
pesquisas mais aprofundadas, quando converso com a “macharada” mais a sério, o
que ouço é que mulheres de 20 anos são extraordinárias. Em primeiro lugar elas
são facilmente manipuladas por homens mais maduros, sobretudo se houver um
cartão de crédito e um carro bacana. Em segundo lugar porque fazem sexo como
ninguém, estão ávidas por noites ardentes, e são capazes até de “ressuscitar
mortos”, segundo um me comentou. Além do mais, elas não exigem grandes demandas
relacionais, não querem fazer “DR” todo dia, e não tem muito assunto para
conversar, quando muito papo de faculdade. Assim, o tempo é gasto mesmo com
festa, sexo, sexo, festa, festa, sexo e, para variar um pouco, sexo e festa.
Como todos sabem, sou avesso a generalizações. O que trago aqui é apenas a observação de conversas pastorais e a percepção sobre o que vem acontecendo na sociedade como um todo. Nem estou dizendo que todo homem de meia idade quer ninfetas para se relacionar, nem tão pouco que mulheres de 20 ou 25 anos são fúteis, frívolas, ou esvaziados de conteúdos. Sei que existe gente boa por aí, gente que gostaria muito de encontrar o seu “sapato velho”, que aquece o frio e, para tal, basta você o calçar...
Como todos sabem, sou avesso a generalizações. O que trago aqui é apenas a observação de conversas pastorais e a percepção sobre o que vem acontecendo na sociedade como um todo. Nem estou dizendo que todo homem de meia idade quer ninfetas para se relacionar, nem tão pouco que mulheres de 20 ou 25 anos são fúteis, frívolas, ou esvaziados de conteúdos. Sei que existe gente boa por aí, gente que gostaria muito de encontrar o seu “sapato velho”, que aquece o frio e, para tal, basta você o calçar...
Mas o fato é
que a banalização das relações afetivas chegou ao seu limite. Homens e mulheres
relacionam-se hoje sem que haja, por vezes, qualquer tipo de sentimento envolvido.
É apenas sexo pelo sexo. Como diria o poetinha, numa das poucas frases dele que
não concordo: “é melhor está mal
acompanhado do que só”. É o que eu chamo de “tirania do está a dois”, ou
seja, tantos são os preconceitos e as questões que envolvem estar sozinha(o)
que a “moçada” acaba “pegando” qualquer coisa apenas para não aparecer só num
barzinho, num casamento, num clube, num aniversário de criança, e por aí vai. É
o típico caso de dois que jamais fazem-se um...
Garotas de
20, 25 anos são fantásticas para viver com homens da mesma idade, envoltos nos
mesmos dilemas, partícipes dos mesmos dramas, contradições e desafios. Eles
possuem linguagem comum, sabem o que é Blog, Twitter, Facebook, Orkut, coisas
que muitos quarentões não sabem, pois não raro não tem “saco” de ver ou usar.
Não estou afirmando que não existam mulheres novas com cabeças mais maduras,
mas essa exceção, estatisticamente, é muito baixa.
Por outro
lado, mulheres de 40 anos ou mais são fascinantes! Eu tiro pela minha, que
quanto mais velha, vai ficando melhor. Acho que ela aos 80 estará no auge da
forma, e eu serei um velho cheio de rabugices... Mulheres na faixa dos 40 ou
mais são mais sofridas, são mais vividas, são mais “espertas”. Elas já andaram bastante e sabem o que querem. Dificilmente você as verá colocando “remendo novo em vestido velho”, ou seja,
estou cansado de ouvir: “pastor, o
“mercado” está muito ruim, prefiro ficar só”. E eu retruco: “melhor só que pessimamente acompanhada”.
Mulheres de
40 são fascinantes porque tem conteúdo, porque dá para tomar um vinho e
conversar sobre dimensões da vida que as de 20 ainda não viveram. Elas
transitam bem em todos os temas, desde política, passando por cultura geral,
religião, filosofia, cinema, etc. Já notei que mulheres de 40 gostam muito de
ler, gostam de ver filmes, gostam de teatro, gostam de museus. Elas já estão em
outra fase da vida, onde a plasticidade neurótica das academias de ginástica
foi substituída por um bom programa com uma pessoa que valha a pena sentar na
mesa e conversar, ou por uma tarde no parque, ou por um cineminha básico.
O sábio do
Eclesiastes me ensinou que tudo na vida tem o seu tempo. Acho o texto perfeito.
Se pudesse fazer um pequeno retoque, incluiria apenas: “tempo de namorar mulheres de 20 e tempo de namorar mulheres de 40” . É que tudo na vida tem um tempo determinado, até o
amor precisa ter suas estações próprias...
Eu não
gostaria que as mulheres de 20 ficassem com raiva de mim pelos comentários
deste texto. Vocês são maravilhosas, fantásticas, mas para uma “outra turma”.
Para nós, quarentões vivendo crise de meia idade, é necessário mulheres que
entendam a vida do ponto de vista de nossas inconcretudes, inseguranças, de
nossos medos bobos, de nossas contradições, máscaras, vivências existenciais
que não se aprendem vendo filmes, mas apenas experimentando e degustando os
sabores e aromas da vida, as sombras e silêncios, as cinzas e o pó do caminhar
pela terra.
Carlos Moreira