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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

26 abril 2017

O Absurdo de Deus num Mundo em que é Absurdo Existir

Olhe para o mundo a sua volta: o que lhe parece? Ande pelas ruas de sua cidade, observe o que se passa ao seu entorno, você percebe o que está acontecendo? Leia as manchetes dos jornais de hoje, analise o que elas expressam, dá para discernir a gravidade do que está dito? Sim, está claro, vivemos em meio ao caos e estamos à beira de um colapso definitivo. O mundo, neste exato momento, sofre com diversos tipos de ameaças: catástrofes no ecossistema global por ações exploratórias desenfreadas dos países ricos; iminência de guerras continentais com a possibilidade do uso de armas atômicas; epidemias globais de vírus que estão, cada vez mais, resistentes aos medicamentos; exploração humana e corrupção generalizada nos países do terceiro mundo; ceticismo religioso com a irremediável falência das instituições ligadas a fé; terrorismo internacional utilizado pelos países do Oriente como mecanismo de insurreição. Convenhamos, viver neste planeta é algo totalmente inviável, por isso, diante de um quadro tão assustador, o ser humano implode em si mesmo, a psique do indivíduo não suporta o peso das pressões externas, explodem, assim, disfunções psicossomáticas, depressões, pânico, transtornos de ansiedade, dependência de diazepínicos, tudo visa, de alguma forma, amortecer a realidade. Estamos vivendo na sociedade da fuga, existimos com medo, temos terror de olhar pela janela e constatar o que nos espera no dia seguinte. Diante de tudo isso, contudo, lembro de forma esperançosa das palavras do profeta Miquéias: “Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá”. Mq 7:7. Eu confesso: tenho receio de colocar meus pés na rua, temo pelo que pode sobrevir contra as pessoas que amo, sofro com o que acontece no meu país em termos político, econômico e social. Mas constato, também, que não dá para viver assim! Por isso afirmo que, num mundo absurdo, a existência só se torna possível se crermos no Deus que é absurdo! Só a fé naquilo que é intangível e a convicção da existência de um amor que é inexplicável pode nos dar a capacidade de andar num caminho que é pura contradição. Como bem afirmou Tertuliano, pensador do segundo século da era cristã: “O Filho de Deus morreu, o que é crível justamente por ser inepto; e ressuscitou do sepulcro, o que é certo porque é impossível”. Com essas certezas, há um terreno onde a consciência pode descansar, pois no chão do coração passa a repousar a paz que viabiliza o ser. Assista a mensagem e se permita ser consolado pela paz que excede todo entendimento.


 

25 abril 2017

Se Não Tem Tu, Vai Tu Mesmo!



A sabedoria popular afirma que "é melhor viver só do que mal acompanhado", mas a realidade existencial, por vezes, revela o contrário, ou seja, é melhor viver mal acompanhado do que só. Aliás, Vinícius, o poetinha, afirmou certa feita, despudoradamente: “É melhor o amor que não compensa do que a solidão”.

Como pastor, estou acostumado a ouvir os dramas relacionais das pessoas, separações e crises conjugais fazem parte do meu cardápio cotidiano, além, obviamente, de novas relações que se estabelecem após estações outonais. Me parece, todavia, que a partir dos 40 anos fica mais difícil construir relações duradouras e qualitativas, a esmagadora maioria das pessoas chega a esta etapa da vida com, no mínimo, uma separação e um filho, o que, convenhamos, é uma dificuldade extra.

Recorrentemente, confesso, tenho me deparado com reclamações de que o “mercado” de solteiros é escasso e de baixa qualidade, os homens não querem nada sério e as mulheres preferem investir na profissão do que num novo casamento. A verdade é que vivemos no tempo dos “líquidos”, como afirmou Bauman, somos a sociedade da impermanência, nada sólido ou duradouro sobrevive aos nossos dias.

Diante deste contexto complexo, observo, também, que muita gente partiu para o que expõe, mais uma vez, a sabedoria popular, ou seja, “se não tem tu, vai tu mesmo!”. E assim, relacionamentos de alto risco se estabelecem, pessoas se juntam para aplacar suas carências, sejam elas sexuais, emocionais, e, não raro, financeiras. Ficar só não parece para estes uma boa opção, portanto, é melhor viver pela metade, do que amargar um final de semana de televisão e edredom.

Na verdade, o que percebo em tais arranjos é que, na esmagadora maioria dos casos, eles se revelam desastrosos em pouquíssimo tempo. A pessoa desarruma a vida inteira, às vezes desaloja filhos, muda de apartamento, realiza adaptações profissionais, tudo para tentar fazer caber o new love no espaço apertado que a alma dispõe. Todavia, como esse “Romeu” está mais para “Romero”, ou seja, não era bem isso o que eu desejava, em curto espaço de tempo os problemas se revelam maiores que a capacidade de administrá-los e aí, o desfecho final já está traçado, é só questão de oportunidade...

São muitos, portanto, os casos de pessoas que se entregaram a novas relações que acabaram por se constituir mais adoecedoras do que a que elas possuíam no passado. A tirania da solidão, um mal deste tempo, acaba obrigando o indivíduo a estar acompanhado a todo custo, ainda que essa companhia produza o que poetizou Cazuza – solidão a dois.

Estar só, imagino, é uma merda, pois não há nada melhor do que ter alguém para amar e dividir alegrias e tristezas da vida. Estar acompanhado de alguém que não lhe completa, contudo, parece-me algo ainda pior, pois além de impedir que alguém bacana chegue na antessala do coração, e nos arrebate o ser, faz-nos viver na melancolia do “quase”, ou seja, não é o que eu queria, mas é o que tem para hoje! Como bem disse Chico Buarque, em 1979, na canção “Sob Medida”: “Meu amigo, se ajeite comigo e dê graças a Deus”. Só que não...

Carlos Moreira



10 abril 2017

Eu Não Quero...



Eu não quero ser escravo de qualquer máquina que me chantageie com avisos sonoros, recados falantes e imagens instigantes, não preciso me tornar seu refém estando obrigado a responder tudo o que ela me manda, com e sem propósitos, nem ter que viver “conectado” a algo que não tem conexões em mim.

Eu não quero ser dependente de redes sociais virtuais que me obrigam a exibir em selfies e vídeos uma vida que não é minha, demonstrando uma alegria que não passa de brilho de aluguel, expondo cenas que são construções plásticas, liberando intimidades que são encenações flagradas para agradar ao freguês.

Eu não quero viver sobre a bandeira da ideologia partidária, achando que o mundo se divide entre “nós” e “eles”, rechaçando o bem que é feito pelo outro por causa da cor da sua bandeira, ou das letras de seu partido, negando a verdade de fatos irretocáveis por causa de suas origens políticas, invalidando discursos óbvios por não se respaldarem nos meus teóricos de bolso e em minhas filosofias de gaveta.

Eu não quero seguir uma religião que se acovarda entre quatro paredes de um templo mórbido, onde a gordura da consciência impede a ação solidária em favor do meu igual, não tenciono viver preso a liturgias que reverenciam Deus em formas estéticas, mas que não transformam a vida em culto libertário e o próximo em altar para o meu serviço amoroso, não desejo existencializar uma fé que fecha o céu para quem não crê igual a mim nem segue as doutrinas que construí para meu desplante, já sei, desde sempre, que meu Deus é mais indulgente comigo do que com os outros.

Eu não quero ser um cidadão de mente sedentária, manipulado por uma mídia perversa, que tem na agenda os interesses de predadores da alma humana, não posso fazer vista grossa para o que me diz respeito e está no entorno da minha casa como se fosse apenas um problema do Estado, nem desejo me fossilizar como um teórico que sonha em mudar o mundo, mas não tira a bunda do sofá da sala de estar.

Eu não quero ser um escravo do desejo, nem um indivíduo preso na coleira do consumo, viciado em comprar o que não preciso e tornando-me um acumulador de supérfluos tecnológicos, eu não vou viver exibindo o que se constitui a “última moda”, nem vou possuir o modelo mais usado pelos gestores dos padrões e etiquetas culturais, aqueles que vivem uma vida performática, os que debaixo de suas maquiagens e grifes agonizam em angústias noturnas, tendo que amargar o personagem que os consome o ser.

Eu não quero ser vítima de relações abusivas, nem ser chantageado em nome de um amor que vicia, não preciso que ninguém trague a minha alma nem estupre o meu coração, ou faça de mim o seu objeto de consumo tedioso, eu não sou coisa, sou gente, não posso ser usado e descartado, meu espírito é infinito, não pode ser jogado no lixo do cotidiano.

Eu não quero poder dizer que não quero por causa de partido político, igreja, pessoas, ideologias, modismos culturais, tendências tecnologias, filosofias existencialistas, pensadores libertários, ou qualquer outra coisa que me torne refém de algo que não esteja em mim, não faça parte de mim, ou que em mim não aconteça como verdade e amor. Simplesmente, não quero...


Carlos Moreira


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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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