Durante 20 anos
ministrei louvor na Igreja. Sinto-me privilegiado por ter tido por referência
toda uma geração de músicos e cantores que mudaram o sentido e o significado da
utilização da música como meio de adoração a Deus.
Cresci ouvindo
estes homens maravilhosos e suas músicas encantadoras! Guilherme Kerr, Jorge
Camargo, João Alexandre, Sérgio Pimenta, Gerson Ortega, Asaph Borba, Adhemar de
Campos, Benedito Carlos e Nelson Bomilcar. Com eles aprendi sobre o significado
de rendição, quebrantamento, humildade, espírito sacrificial, paixão, coisas
que se tornaram obsoletas quando tratamos da música em nossos dias...
Já faz oito anos
que não ministro louvor. Mas no meu entendimento, há pelo menos
quinze o ministério da adoração perdeu totalmente o seu propósito e
significado. Música no meio cristão tornou-se artigo de entretenimento. Músicos
viraram mercadores, cobram cachê para tocar, seja onde for, seja em qualquer
lugar; cantores agora são “astros pop”, saem ovacionados dos estádios, tem
produção profissional, vendem milhões de cd’s e dv’s no eletrizante mercado da
música “gospel”.
Tenho apenas 44
anos, mas sou do tempo em que os jovens se reuniam para ir a um ginásio
assistir a um culto com a presença dos Vencedores por Cristo. Ali ouvia-se boa
música, com letras que exaltavam a Deus e glorificavam a Cristo. Havia conteúdo
teológico nas canções, não as baboseiras que ouço hoje. Foi cantando estas
canções que aprendi sobre o Sangue, a Cruz, a Justificação, a Santificação, o
Nascer de Novo. Nas músicas recitadas agora você chama Jesus para dançar, exige
restituição do que é seu, declara que receberá tesouros na terra. É tanta
asneira e tanta falta de entendimento que eu não sei como essa moçada consegue
fazer “sucesso”.
“E levaram a
arca de Deus, da casa de Abinadabe, sobre um carro novo; e Uzá e Aió guiavam o
carro”. 1ª. Cr. 13:7. Não sei se você conhece esta passagem. Ela trata da
tentativa de Davi de levar a Arca da Aliança de Quiriate-Jearim, que estava em
Judá, para Jerusalém. A intenção de Davi era boa, mas seu entendimento sobre
como realizar tal feito era nenhum.
A passagem
completa pode ser lida no capítulo 13 do livro de 1ª Crônicas. Davi havia
acabado de ser conclamado Rei e teve o entendimento de que deveria trazer a
Arca “pois nos dias de Saul não nos valemos dela”. O Rei sabia que
aquele artefato era muito mais do que uma obra de artífice, mas tinha o
significado da presença de Deus no meio do Seu povo. E Davi não queria começar
a governar sem que o Senhor estivesse entronizado na tenda da congregação, no
meio do tabernáculo.
Mas como se diz
por aí, “de idéia boa o inferno está cheio”. Ao invés de consultar os
Rolos Sagrados para averiguar como Deus havia ordenado que a Arca fosse levada,
Davi partiu para a “inovação”. Enfeitou um carro de boi novo, colocou um bocado
de penduricalhos, e depositou a Arca em cima dele. E fez mais: para dar um tom
ainda mais imponente ao cortejo, pôs dois sacerdotes paramentados para
comboiarem a procissão. O resultado foi trágico! O carro de boi tropeçou numa
pedra quando, a caminho de Jerusalém, passava por um riacho, e Uzá, sacerdote
do Deus altíssimo, tentando dar uma mãozinha a Ele, colocou a mão na Arca para
que ela não se despedaçasse no chão. Foi o suficiente para acender a ira do
Todo-Poderoso, o que fez com que ele fosse fulminado e morresse ali mesmo
imediatamente.
Naquele episódio
funesto, houve três problemas. O primeiro é que a arca não podia ser levada num
carro de boi, mesmo sendo ele novo e emperiquitado. A Arca tinha de ser levada
por pessoas, alçada sobre seus ombros. O segundo problema é que a Arca não
podia ser conduzida por qualquer um, mesmo que estes fossem sacerdotes, mas
apenas pelos levitas, que eram os únicos qualificados e separados para tal ofício.
Finalmente, o terceiro problema é que, não havendo discernimento da parte de
ninguém, perdeu-se totalmente a percepção do que a Arca simbolizava, ou seja, a
presença do próprio Deus! Esse foi o motivo de Uzá ter morrido, pois ele tocou
não apenas num artefato religioso, mas na santidade do próprio Deus!
Há muitas lições a
serem aprendidas nesta passagem. Quisera eu que os cantores e músicos de nossos
dias pudessem compreendê-las. Vejo o que fizeram com o louvor e a adoração com
tristeza e até pavor. Transformaram o que deveria ser um culto em um show, com
direito a fumaça, luzes, som de última geração, marketing, produção, e toda a
pirotecnia utilizada pelas bandas seculares. É o “carro de boi novo”, a
parafernália “gospel” tentando compensar a falta de graça e unção com som
estridente e plasticidade performática.
Em lugar de
“levitas”, gente consagrada e separada para a adoração, ainda que não nos
moldes do velho testamento, é claro, temos agora astros e estrelas de grande
popularidade. Eles precisam de figurinistas, maquiadores, cabeleireiros, personal trainer, todo um
aparato periférico para que possam brilhar quando subirem ao palco. Brilham
mais do que Jesus! A eles, então, seja dado todo louvor e toda a adoração!
Confesso que nunca fui a um show destes. Tenho pavor de que Deus derrame fogo do céu e consuma tudo o que estiver embaixo. Tenho medo de “tocar na Arca” sem morrer. Essa gente, devo admitir, ou tem muita coragem ou é totalmente cega de entendimento. Eles banalizam o sagrado, roubam para si aquilo que não lhes pertence – pois a glória é honra para Deus, mas veneno para o homem. Quem dela se alimentar morrerá em meio a seus próprios devaneios. Aliás, o simples fato destes falsários não perceberem o que fazem já é o atestado de que há muito estão mortos em seus próprios pecados e cobiça.
Talvez você me pergunte: “há exceções?”. E eu lhes digo: “há. Mas são pouquíssimas...". Eu gosto de alguns grupos, e acho que eles fazem um bom "trabalho". Mas são periféricos justamente porque não "jogam o jogo", não pagam "jabá", não compram canções de poetas ateus e agnósticos, não se deixam produzir por figurões da cena musical nacional. Sim, gosto de gente como Vineyard, mas sei que eles não vendem aos milhões nem enchem estádios. Sou músico, já gravei, já produzi, sei do que estou falando. Aqui não está um teórico que fez uma pesquisa na net para escrever um artigo bobo. Conheço este meio, já comi poeira nesta estrada...
Confesso que nunca fui a um show destes. Tenho pavor de que Deus derrame fogo do céu e consuma tudo o que estiver embaixo. Tenho medo de “tocar na Arca” sem morrer. Essa gente, devo admitir, ou tem muita coragem ou é totalmente cega de entendimento. Eles banalizam o sagrado, roubam para si aquilo que não lhes pertence – pois a glória é honra para Deus, mas veneno para o homem. Quem dela se alimentar morrerá em meio a seus próprios devaneios. Aliás, o simples fato destes falsários não perceberem o que fazem já é o atestado de que há muito estão mortos em seus próprios pecados e cobiça.
Talvez você me pergunte: “há exceções?”. E eu lhes digo: “há. Mas são pouquíssimas...". Eu gosto de alguns grupos, e acho que eles fazem um bom "trabalho". Mas são periféricos justamente porque não "jogam o jogo", não pagam "jabá", não compram canções de poetas ateus e agnósticos, não se deixam produzir por figurões da cena musical nacional. Sim, gosto de gente como Vineyard, mas sei que eles não vendem aos milhões nem enchem estádios. Sou músico, já gravei, já produzi, sei do que estou falando. Aqui não está um teórico que fez uma pesquisa na net para escrever um artigo bobo. Conheço este meio, já comi poeira nesta estrada...
Sinto saudade das
“velhas” canções do MILAD e dos Vencedores por Cristo! Sinto saudade dos hinos
cantados nos cultos dominicais, herança histórica da igreja. Nada contra novos
ritmos, instrumentos diversos, letras contextualizadas e melodias modernas,
muito pelo contrário, sempre amei o rock’n roll. Mas no fundo o que eu gostaria
mesmo era de ver “vinho novo” em “odres novos”, e não “odres novos” com “vinho
velho”. Aliás, para ser sincero, este “vinho” já virou vinagre faz tempo – arg!
E os “odres”, Deus me livre, há muito que se tornaram vasilha vazias...
Carlos Moreira