O Velho Testamento fala no diabo 35 vezes, aproximadamente. O Novo Testamento, por assim dizer, cita-o 7 vezes mais, cerca de 140 ocorrências e isso certamente por influência das crenças persas e gregas que moldaram a cultura de certo período do mundo antigo.
Na verdade, o diabo foi se tornando mais glamoroso à medida que o pensamento humano foi evoluindo, ele foi se desenvolvendo tanto mais as percepções e inquietações dos indivíduos se adensaram. O terreno onde o diabo mais cresce é na mente das pessoas, onde há medo, angústia e ansiedade, há também ambiência fértil para que o diabo se “materialize”.
Portanto, é o homem que faz o diabo a imagem e semelhança do que pior existe em si mesmo e esse diabo varia de acordo com os "diabos" que estão dentro dele! Assim, o diabo do homem é do tamanho de sua culpa e é por isso que gente perdoada, que bebeu nas fontes da misericórdia, não tem medo nem de diabos nem de assombrações.
Eu não nego a existência do mal, nem tão pouco a de Satanás, mas não acredito em quase nada que lhe é atribuído pela religião. Esse diabo de "igreja" é por demais caricato, é o diabo de Dante Alighieri – do Inferno de Dante – um ser bestializado sob medida para assustar gente tola.
O diabo, mesmo, é muito mais sofisticado e sutil e, por isso, tão mais perigoso. A Escritura não se refere a ele com chifres e tridentes, mas como anjo de luz! Sim, tem gente que se assustaria se visse o diabo como ele é, não de medo, mas de estupefação!
Cristãos que imaginam que o diabo está distante, despachando no inferno, se enganam redondamente. O diabo, acredite, está sentado nos bancos de suas igrejolas, dando risada das aloprações que presencia, se deliciando com tanta ingenuidade e meninice...
Carlos Moreira