Acolhendo pessoas, na escuta pastoral terapêutica, o que mais encontro são indivíduos esburacados de alma, gente que falta pedaços, que ficou atrofiada de sentimentos, que, em função da carência ou da total falta de afeto, tornou-se aleijada emocionalmente. Sim, somos seres sentimentais, precisamos de amor, de cuidados que nos façam sentir importantes e desejados. Quando, pelas dinâmicas da vida, estas questões são negligenciadas, ou mesmo desprezadas, tornamo-nos vulneráveis a desenvolver patologias relacionais, sentimo-nos como se estivéssemos competindo com o outro, todo o tempo, que somos menos qualificados, que não somos interessantes, que não temos capacidade de realizar, que não temos competência para tornar alguém feliz. São tantas as questões e são profundos os dramas, mas há apenas uma causa: a privação de amor. Sem a lubrificação do coração em amor, a alma desidrata, seca, os dias se tornam áridos, a boca amarga, os olhos lacrimejam, tudo é solidão. E quais são os desdobramentos disto? O que pode ser feito para curar essa dor? Qual a anatomia do fenômeno? Nesta mensagem, retorno ao Gênesis para fazer uma análise surpreendente do de como os processos de adoecimento da alma se iniciam em nós.