Carlos Moreira
A revista Época, publicada no último dia 9 de agosto de 2010, trouxe como matéria de capa o tema: “Os Novos Evangélicos”. Seu conteúdo pode ser acessado através do site Púlpito Cristão no endereço:
www.pulpitocristao.com/2010/08/nova-reforma-protestante.html
A reportagem, produzida pelo jornalista Ricardo Alexandre, trás em suas sete páginas de texto alguns recortes dos bastidores da fé evangélica no Brasil. Cético quanto ao tema, comprei a revista... Li e sofri. Gostei dos quatro primeiros parágrafos, e foi só.
Nesta exígua porção de texto encontrei a explanação de que pequenos grupos de pessoas comuns estão experimentando, através da existencialização dos valores do Reino de Deus, a Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo, com todos os seus desdobramentos e implicações.
A partir daí, num texto fluído, desenrola-se o tema central da matéria que é o desejo dos grupos ligados às Igrejas Históricas de denunciar os desmandos, falcatruas, manipulações e estelionatos do movimento neopentescostal, iniciado no Brasil na década de 1980. Até aí, nenhuma novidade. Tudo está às claras; só não ver quem não quer.
Resumidamente, naquilo que li, achei aqui e ali algumas afirmações interessantes, de gente que, sei, possui consciência e credibilidade. Alegrei-me ao constatar que tenho falado coisas parecidas, como o fato do dogma ser ponto de partida, e não apenas de chegada; que a igreja precisa transmutar-se de sólida para líquida, penetrando nos meandros da sociedade; que a mensagem deve ser ressignificada para o nosso tempo; que nossa herança neo-platônica, dualista, necessita ser banida, pois urge a necessidade de nos “conectarmos” a arte, a cultura, a literatura, aos movimentos sociais e rendermo-nos ao fato de que Deus fala de diferentes formas, e não exclusivamente através de nosso “arraial institucional”.
A matéria ia bem até certo ponto... Foi quando encontrei o que penso ser um exagero desmedido: a tentativa de intitular este “mover” de “Nova Reforma Protestante”. E digo isto, sobretudo, por saber que a primeira Reforma, cultuada como evento dicotômico religioso, foi muito mais significativa do ponto de vista sócio econômico e cultural, do que da perspectiva religiosa. Respeito e reconheço o esforço de homens e mulheres que doaram suas vidas pelo ideal da Reforma, impulsionados pela renascença e sob a égide do iluminismo. Mas, para mim, o que se fez na verdade foi colocar “remendo novo em vestido velho”, ainda que o propósito fosse outro. O resultado final, todavia, e para quem conhece a história, fica em muito a dever em termos de reconstrução da fé.
De fato, o que vi na reportagem, tirando todo o “romantismo”, foi o amálgama de um movimento nascente que tenciona recrutar os que almejam alcançar procurações do céu para o exercício do sagrado na Terra, indo ao encalce dos “apóstatas encapetados” que, além de não possuírem o devido pedigree espiritual – sucessão apostólica, heranças históricas, teológicas, litúrgicas e sacramentais – estão metendo os pés pelas mãos em suas bizarrices, as quais fazem os hereges e bruxas da idade média virarem criancinhas em banco de escola dominical.
Diante deste contexto, seria legítimo perguntar: e Jesus, o que faria? Ora, Jesus jamais se preocupou com a pregação de quem quer que seja, do que quer que fosse, mas apenas em semear a boa semente do amor e da misericórdia. No seu tempo, ao seu modo, também tratou de questões semelhantes... “vocês dizem que o templo é o lugar da adoração. Nós dizemos que é o monte”. Lembra? É a fala da mulher Samaritana, no encontro inusitado com o Senhor que, dentre outras coisas, revelava o eterno embate entre judeus e samaritanos quanto aos direitos autorais de legislar sobre o sagrado. No fundo, é o mesmo arquétipo.
O Galileu, todavia, alheio a estas questiúnculas, desconstruiu a tradição e respondeu a mulher: “nem lá, nem aqui, nem mais em lugar nenhum, pois Deus nunca se fez refém de nada, nem de nenhum tipo de geografia, nem de heranças espirituais, nem de genealogias, nem de sacrifícios, nem de sacerdotes, pois chegou à hora que os que com Ele quiserem se relacionar terão de fazê-lo para além dos ditames da religião, dos ritos, dos mitos, dos dogmas, das liturgias, das expressões banais, da adoração desprovida de propósitos, dos cultos esvaziados de significados, das ofertas entregues sem entendimento, pois precisarão fazer isto a partir da essência do ser, discernindo os ambientes do coração,e isto em espírito e em verdade”.
Não se engane: Deus é claustrofóbico! Não pode ser aprisionado, domesticado, sistematizado ou deixar-se neurotizar por qualquer demanda humana, para atender ditames religiosos com vistas a aquiescer ou endossar decisões de grupos, estejam eles munidos ou não de “bons propósitos”.
Ele Não pode ser enclausurado num templo, não tem compromisso com métodos, estratégias, estruturas, nem se associa a denominações. Não investe em “ministérios”, não se torna membro de igrejas, e nem mesmo se responsabiliza por aquilo que sai da boca de seus profetas. Além do mais, não se ocupa de cultos performáticos, não se impressiona com milagres forjados, não se associa a auditórios catárticos, não se dobra a coisa alguma, pois, sendo Senhor e Soberano, só faz aquilo que deseja. Por isso, é impossível “conectá-lo” a este ou aquele grupo, pois Ele, simplesmente, age onde quer, usa quem quer, e faz isto da maneira como bem entende.
Sendo sincero, o que vi no texto foi à perigosa tentativa, ainda que subliminar, de mantermos nossas “benesses”, nossos reininhos, nossas igrejolas e instituições. Ali, sinceramente, não discerni a proposta de uma Reforma, com todas as implicações que isto traria, mas apenas uma pincelada de fino verniz aplicado sobre a madeira apodrecida de nossos púlpitos. Ácido ou lúcido?
Você acha os neopentecostais equivocados? Eu também os acho. Profundamente! Contudo, o que dizer de nossas estruturas hierarquizadas, politizadas, de nossos cultos esvaziados, de nossa hermenêutica tendenciosa, de nossa total indisponibilidade para as dores de nosso tempo, de nossa impermeabilidade a outros saberes, de nossos dogmas, de nossa frieza espiritual, de nossa apatia sacramental, e isto para não ter de entrar no “intestino” de nossos sistemas eclesiológicos. Ora, se queremos denunciar algo, vamos tirar primeiro a enorme trave de nossos próprios olhos!
Você já ouviu falar do livro “O Ponto de Mutação”, do físico Fritjof Capra? Num texto extraordinário, Capra compara o pensamento cartesiano – reducionista e voltado ao método científico – ao paradigma emergente do século XX onde, diante de um mundo globalizado, as “percepções” e iniciativas precisam ser holísticas, sistêmicas, indissociáveis, pois estamos diante de um mundo com características diferentes – multifacetado, plurisignificado, interdisciplinar, interconectável.
Em sua análise, as sociedades humanas, e mesmo o planeta, chegaram a um ponto de insustentabilidade, pois os problemas são tantos, tão complexos e diversos, que acabaram por tornar a vida praticamente impossível. E é neste limiar, tomando por referência o que diz o I Ching (oráculo Chinês), que Capra sentencia: “ao término de um período de decadência sobrevém o ponto de mutação”. Ë partindo deste pressuposto que inicia a construção de sua teoria.
Eu não tenho dúvidas em afirmar que a igreja, hoje, está diante do “ponto de mutação”! Nossas estruturas estão exauridas, sofrendo de infecção generalizada. A morte da instituição é algo iminente! Talvez em 2 ou 3 séculos tudo esteja em ruínas. Ou realizamos transformações sérias, ou ficamos na retórica, nos retoques, nas “reformas”, nas mudanças epidérmicas, nos simulacros, nas aparências, no verniz ético, nas exterioridades e conformismos. Que morra a instituição, se tiver de morrer! Mas que sobreviva a Igreja de Jesus Cristo, aquela que está destinada a viver para sempre com Ele.
Eu não tenho “peso” para conclamar mudanças. Mas você que me lê – apóstolo, arcebispo, bispo, líder, presidente de denominação, ou seja lá o que for – saiba, é urgente a necessidade de repensarmos não só o sistema eclesiológico no qual estamos inseridos, mas sobretudo a mensagem que estamos pregando – forma e conteúdo. Sem isto, viveremos em igrejas cheias de pessoa vazias, comunidades sonâmbulas, “com muito movimento e pouca consciência”.
Por mim, quem quiser que pregue heresias. Jesus disse que Suas ovelhas ouviriam a Sua voz. Se estivéssemos fazendo diferença no mundo, com frutos de justiça, todo simulacro religioso seria estelionato visível a olhos nus, e qualquer pessoa, por mais tola que fosse, iria imediatamente discernir. Não quero eliminar o ministério profético, desejo apenas redirecioná-lo.
Está mais do que na hora de voltarmos à simplicidade da mensagem do Galileu, pois só ela é capaz de atingir as massas esgotadas pelo capitalismo selvagem, esmagadas pela cultura da imagem, pela ética dos descartáveis. Estamos diante de homens e mulheres áridos de alma, desprovidos de significados e propósitos existenciais. Eles possuem olhos opacos, mentes embotadas, corações petrificados, mas, creia-me, é gente desejosa de ter uma experiência com o sagrado, transcender, gente sedenta de desenvolver uma espiritualidade sustentável, proativa, instigante, consistente, que materialize no chão da vida novos valores e verdades.
Do jeito que a coisa está, toda proposição vira apenas disputa filosófica. Na Grécia antiga, era comum o cidadão ir a Ágora – uma espécie de praça pública – para assistir aos embates entre os sábios. Houve um tempo em que estes debates eram feitos pelos Sofistas, mestres itinerantes, tidos por muitos como mercenários. O Sofista utilizava-se da argumentação lógica para atingir o seu objetivo, que era vencer o adversário através de suas proposições, e isto independente de ser ou não verdade aquilo que proferia.
Deus nos poupe de cairmos nesta falácia! Encalhar no mar das argumentações, das acusações, perdendo tempo com disputas teológicas, analisando modelos eclesiológicos falidos, presos a eterna verborragia retórica, e assim, esquecermo-nos do principal, das pessoas, de suas dores e dramas.
Neste tipo de disputa, todo mundo perde, e o “espetáculo” fica triste e trágico. Na melhor das hipóteses, o que iremos assistir será, de um lado, com viola e pandeiro na mão, os “novos evangélicos” cantarolando: “ado, ado, ado, cada um no seu quadrado” e, do outro lado do “corner”, equipados com seus trios elétricos e muita “pirotecnia gospel”, os neopentecostais replicando: “tô nem aí, tô nem aí, pode ficar no seu mundinho eu não tô nem aí”. Quem viver, verá!
S o l a G r a t i a !
Carlos Moreira
Introdução
“Dark Side of the Moon” é, sem dúvida, o melhor trabalho do Pink Floyd. Lançado em 1973 tornou-se o terceiro disco mais vendido de todos os tempos, ficando 14 anos consecutivos entre os melhores na parada da Billboard.
Eu, que sempre fui apaixonado pela banda, tive contato com o álbum aos 11 anos de idade, mas só vim entender sua proposta tempos mais tarde... Em suma, tratava-se de um disco conceitual que buscava abordar temas existenciais da década de 1970, entre eles: tempo, dinheiro, drogas, loucura, guerra e morte.
Sem muitos rigores, “Dark Side of the Moon” poderia ser traduzido como “O Lado Escuro da Lua”. Não sei se é mito, mas conta-se que a inspiração para o título veio de uma afirmação do guitarrista Syd Barrett, um dos pioneiros do grupo, que de certa feita afirmou: “todo mundo pode ver a face clara da lua; mas quem pode ver o seu lado escuro?”.
Não é sem motivo que a frase de Barrett sempre me fez lembrar da “Parábola do Publicano e do Fariseu”. De forma livre, “amplificada” por alguns comentários próprios, transcrevi o texto tomando por base a narrativa do Evangelho.
O Fariseu e o Publicano – Lucas 18:9-14
Jesus apresentou essa estória a algumas pessoas que se achavam boas e que por isso pensavam ser capaz de promover sua própria salvação, desprezando assim aos demais.
Dois homens se dirigiram ao templo para um momento de oração. Um deles era um simulacro religioso. O outro, gente comum, gente como a gente.
O primeiro, uma espécie de traficante do sagrado, posicionou-se num lugar de destaque e, em voz alta, fez um discurso fraudulento, eloqüente, de si, para si mesmo.
Na sua apologia, tratava de feitos “reluzentes” e agradecia por não ser como os “normais”. Já perto do fim da reza vazia, olhou para trás e viu ao fundo a figura desbotada do homem que com ele viera pelo caminho.
Não satisfeito pelo incômodo já causado ao Divino, para arrematar a pantomima, passou então a comparar-se a “triste figura” dizendo: “Deus, quero ainda te agradecer por não ser como este desqualificado, recebedor de propinas, homem de conluios, adúltero, pois, como bem sabes, sou ser religioso, íntegro nos meus caminhos, jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de todos os meus bens”.
E continuou Jesus... O segundo homem, por outro lado, perfilava-se cabisbaixo e introspecto. Encharcado de dores e dramas, achando-se indigno de aproximar-se do altar, preferiu ficar à porta do templo. Com voz baixa e embargada, recitava sua oração como um mantra e dizia: “Deus, sê propício a mim pecador”.
De fato, ali estava alguém com muitas contradições, um filho da terra, caminhante da vida. Tinha nos pés a poeira da miséria humana, era um escrevente de histórias desconexas e protagonista de muitos equívocos.
O absurdo da parábola, entretanto, e contra toda lógica, é a maneira singular como Deus trata os dramas da alma humana...
E continuou Jesus... Estes dois homens vieram a esta catedral em busca de uma aproximação com o sagrado. Um veio movido pelo desejo de exibir seus “experimentos” religiosos; o outro tragado pela necessidade de ter uma experiência com o transcendente.
O primeiro é reflexo da perpetuação da religião sem significados, calcada em exterioridades, produtora de ritos ocos, portadora de palavras de lisonjas, mas incapaz de materializar algo de concreto na vida. Munido de supostas boas obras, imaginava ter o seu proceder autenticado pelo céu e, em função disso, percebia-se tão reluzente como a lua cheia.
Eis a desgraça perpetrada pela religião: a produção de manequins travestidos de “espiritualidade”, arquétipos da fé institucionalizada. Na sua insensatez, vomitou o que de pior havia em seu ser, expurgou sombras profundas sobre o altar. O que para ele parecia ser luz, para Deus eram apenas trevas.
O segundo homem, por sua vez, é um ser em transformação, que tem na reconstrução de sua consciência seu melhor momento existencial. Percebendo a si mesmo, enxergou-se portador de muitas mazelas. Nem ousou comparar-se a nada em baixo na terra, nem se deu ao desplante de requerer qualquer vantagem do céu. Despido de suas máscaras, nada pediu, a não ser um pouco de paz e perdão.
E Jesus concluiu... Ambos vieram em busca de justificação, mas apenas o segundo foi saciado de sua ânsia de vida. O outro, por sua vez, auto-justificado, indulgente consigo mesmo, portador de uma mente cauterizada pela caducidade da “letra morta”, possuidor de um coração pedrado pelas futilidades da existência, tornou para seu caminhar cheio de si mesmo e esvaziado da presença de algo sagrado.
O que expôs as suas trevas, revestiu-se de luz. O que forjou para si a luz, encobriu-se de sombras, injetou veneno na alma e mergulhou em profunda escuridão.
A pergunta é simplista, mas tem seus porquês... É que no mundo pós-moderno fomos obrigados a viver baseados na “cultura da imagem” a qual, alterando nossos valores, fez-nos existir na perspectiva da “sociedade da aparência”. Desprovidos de conteúdos, nos revestimos de opulência ótica para camuflar nossa miséria ética. Parecer é nosso sonho de consumo! Ser, a agonia-nossa-de-cada-dia.
Deus ama a luz, pois tudo o que é luz traduz-se em vida. Por isso Jesus disse que a nossa luz deveria brilhar em meio aos homens. A afirmação, contudo, está para além de nossa hermenêutica simplória. É que luz, em nossos conceitos, está associada apenas a coisas boas, ações meritocráticas – dar esmola a velhinhos, visitar pessoas enfermas, ir a velórios, e até algumas tidas como “espirituais”, como dar o “dízimo”.
Luz, na perspectiva de Jesus, é tudo aquilo que irradia verdade e vida. Tanto boas obras, tiradas do tesouro do coração, que pela via da reconciliação foi pacificado, como também medos, dores, angústias e contradições. Todas estas matizes, ao vir à luz, revelam em nós o que em nós é verdade e, por assim ser, aniquilam a possibilidade de virmos a nos constituir estelionato existencial.
É assim que pulsões, taras, síndromes, ódios e todas as sombras incrustadas em nossos labirintos profundos se desgrudam de nós, pois tudo o que não produzir saúde e paz acabará sendo expurgado pela luz. Alegoricamente, seria como abrir as janelas de um velho porão para que os raios de sol pudessem entrar. Luz, que tudo revela, lançada sobre a alma, dissipa toda escuridão. Só assim os “ambientes interiores” podem, novamente, reencontrar a paz e a alegria de existir.
Por isso, creia-me, o pior tipo de falsificação sócio-existencial é aquela que tenta produzir luz artificial, e isto com vistas a camuflar a imensa escuridão que há em nós. A sedução para produzir esse tipo de “luz” nos projetará apenas como hologramas caricaturados, e, por fim, acabará nos levando a não reconhecer o que, de fato, somos: “metamorfose ambulante”.
Conclusão
O que eu aprendi com a parábola do Publicano e do Fariseu é que Deus é capaz de ver o lado escuro das pessoas, mas, ainda assim, continua amando-as profundamente. Para Ele, toda escuridão desaguada sobre a luz acaba transformando-se em vida, pois inicia no ser o processo de construção de uma nova consciência, uma “reinvenção” de nós mesmos, de dentro para fora, e isso, no desdobrar da vida, produz uma espiritualidade saudável e uma existência sustentável.
Syd Barrett tinha razão, pois qualquer um pode ver o lado claro da lua. Qualquer um pode ver o que é aparente, opulente ou reluzente. Isso, todavia, tratado da perspectiva dos seres humanos, pode revelar que, não raro, aquilo que parecia ser luz, é trevas, e, aquilo que parecia ser trevas, sendo ressignificado, pode transformar-se em luz.
É certo que Deus sabe que nossa matéria é feita de contradições e nosso coração de ambigüidades. No fundo, somos substância composta de bem e mal, ternura e tormento, sombras e silêncio. Um dia, todavia, seremos como Ele é...
Mas, para o hoje, para o agora, a proposta é vivermos na luz! Viver a vida que tem que ser existencializada na integralidade do que somos. Se for assim, parafraseando Nietzsche, nunca nos renderemos à encenação, como se estivéssemos num baile de máscaras. No palco da nossa vida, os holofotes jamais produzirão dissimulações, pois, como atores desta grande “peça”, nos comprometemos a representar apenas aquilo que, de fato, revela o que o ser é.
Por isso, fuja de toda a possibilidade de se tornar um personagem num teatro de marionetes, pois, saiba, seu significado existencial é ser “barro encarnado”, sangue e suor, mas seu destino eterno é, ressignificada sua consciência, passar de existente a gente, transmutar-se do não ser ao ser de fato.
E não se esqueça: você foi convidado a sentar à mesa, apreciar o cardápio e degustar tudo o que lhe vier como vida, e isso com coração agradecido. Não se furte a nada, pois luz e trevas lhe sobrevirão, dias de sol e de escuridade, mas, com toda certeza “tudo valerá a pena se a alma não for pequena”. E quem entender diferente disto, penso eu, ainda não compreendeu o porquê de Deus gerar seres humanos sobre a Terra.
S o l a G r a t i a !
Carlos Moreira