Paulo era um homem com uma mente para além de seu tempo, certamente era o indivíduo mais qualificado intelectualmente do primeiro século.
Não obstante todo esse saber, tanto da filosofia grega, quanto da lei romana e da teologia judaica, ele prefere afirmar que considerou tudo isso como “esterco”, com vistas a alcançar um tipo mais excelente de sabedoria, a sabedoria do alto, aquela que nem carne nem sangue podem desenvolver, pois ela só se constrói por meios espirituais.
Ora, é por isso que escrevendo sua carta aos Coríntios, Paulo afirma que nós temos “A Mente de Cristo”, que é o que nos capacita a pensar de outra forma. Diferentemente, todavia, do que alguns inocentemente imaginam, a “Mente de Cristo” não é uma mente superdotada, com poderes cognitivos avançados, uma mente para além daquela que possuía Eistein ou Steve Jobs. A “Mente de Cristo” é uma mente que foi reconfigurada pelo Espírito Santo, ela recebeu o down load dos valores éticos do Reino de Deus e das Verdades do Evangelho com vistas a aparelhar a todo aquele que a possui a discernir coisas espirituais.
Portanto, quem tem a “Mente de Cristo” olha a vida com os olhos de Jesus, percebe as coisas como ele percebia, pensa como ele pensava, age como ele agiria. Mas não é só isso! Até a própria leitura e interpretação das Escrituras não pode prescindir deste “novo olhar”, pois sem esta capacidade de perceber o texto para além da letra, o que sobra é a interpretação caduca do código de regulamentação religioso.
Sim, o mesmo Paulo afirma que essa forma de crer produz morte, pois a letra precisa do Espírito para ganhar significado e propósito. Fora disto, o que sobra são regras infindáveis, liturgias ocas e sacrifícios tolos, os ditames de uma espiritualidade mórbida, algo tão bizarro que levou Jesus a perguntar a Nicodemos, o velho ancião do sinédrio, em tom sarcástico: “Você é mestre em Israel?”.
Já há algum tempo, tenho evitado discutir sobre a interpretação das Escrituras. Há mentes que se tornaram tão fechadas, danificadas que foram pelo espírito da letra, que não podem mais discernir nada para além do mandamento de Moisés.
Argumentar com tais pessoas é como falar de física quântica com uma criança, algo sem qualquer proveito ou benefício. Assim, estou certo, os que são de Deus ouvem a sua voz e se alegram com toda canção de paz. Os que não são, todavia, continuam nas praças esperando a velha cantiga religiosa, pois nada mais os alegra ou motiva.
Eu sei que pensar assim é algo totalmente desconforme, mas eu não sei mais pensar de outro jeito. Como bem afirmou Nietzsche: “E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”.
Carlos Moreira