Tenho constatado que, para alguns, o Facebook tornou-se o espelho mágico do conto de fadas da Branca de Neve. Essas pessoas fazem suas postagens e dizem: “Facebook, Facebook meu, há no mundo alguém mais interessante do que eu?”.
É uma espécie de masturbação da alma que capta a luz da tela e se satisfaz consigo mesma. Trata-se de uma patologia que chamo de narcisismo virtual, à necessidade compulsiva de obter cliques e curtidas para tudo que se publique, um desejo obsessivo pela admiração do outro.
Na verdade, o que há por trás desta volúpia de olhares é uma alma esvaziada de significados para a vida, a qual desenvolveu um ser egocêntrico, compulsivo de aplausos, com um apetite insaciável para o elogio, um devorador da atenção alheia, um voyeur digital.
A primeira vista, pode-se pensar que o distúrbio passe com o tempo, pois o comportamento adolescente revela, sobretudo, uma imaturidade de consciência. Contudo, há de se ter atenção nos desdobramentos do problema, pois a alma tem a tendência de se viciar na overdose de sensações e sentimentos produzidos pelo ambiente virtual.
Narcisistas “normais” necessitam de elogios em doses homeopáticas, mas os narcisistas virtuais acabam se acostumando a doses cavalares de exaltação do eu. São tantos comentários que o indivíduo não consegue deixar o computador.
E assim, movido por esse impulso infantil, ele publica o que for necessário para receber “likes”, perde o senso de ética, do ridículo, de privacidade, pois descobriu que, quanto mais esquisito ou inusitado for o que posta, mais chances tem de receber, em porções exageradas, sua dose de veneno diário.
Não devemos esquecer, todavia, que o o espelho mágico do Facebook quase nunca diz a verdade, tem um problema incurável: mentir sem qualquer tipo de pudor. Mas, para quem vive do irreal, postagem pouca é bobagem...
© 2015 Carlos Moreira
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