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13 julho 2015

Perdas & Danos do Apagão Religioso




Em tempo de doutrinas espúrias e igrejas insalubres, doença pouca é bobagem. Sim, é impossível ser exposto a estas coisas e não se contaminar para o mal, não adoecer alma e coração. Um sem número de pessoas me procura com os sintomas do que eu chamo de “apagão religioso”, uma síndrome contemporânea que se manifesta após o contato com o suposto sagrado.

A religião sempre foi o abrigo dos oprimidos e refúgio dos desesperados. O indivíduo que está vivendo dores existenciais não pensa ou age da melhor forma, sobretudo, quando se trata de discernir enganos. Igrejas são hospitais, bem sabemos, acolhe moribundos e “feridos de guerra”, mas cresce assustadoramente o número de instituições que se tornaram manicômios, lugares que não recuperam ninguém para a vida e, pior ainda, ajudam a aprofundar as patologias pré-existentes e fomentam novas anomalias.

Na verdade, quanto mais tempo a pessoa ficar exposta às dinâmicas destes lugares – cultos, programas, campanhas – tanto mais sofrerá os danos. Os conteúdos inoculados, ministrados por “sacerdotes qualificados”, não passam de doutrinas sincretizadas, interpretações fraudulentas, manipulações cirurgicamente preparadas para iludir e domesticar o sujeito levando-o a se tornar uma commodity na igreja-fábrica. O objetivo final é a serialização total, a padronização de comportamentos e a unificação de pensamentos.

Para veicular este tipo de alucinógeno espiritual, é necessário um ambiente adequado. Sim, quanto mais você excita o indivíduo, tanto mais ele poderá responder a esses estímulos de forma “satisfatória”. A mente religiosa é condicionada para só se satisfazer em meio a uma overdose de sensações e sentimentos, tudo é feito para exacerbar emoções, é o clímax da alma, mas não há absolutamente nada para a mente e a razão.

Cultos catárticos, com manifestações pseudo espirituais, onde anjos e demônios aparecem com frequência e onde curas milagrosas se proliferam, faz qualquer um imaginar que está pisando em solo sagrado, que o mediador que ali está é imantado por Deus, que tudo agora é apenas uma questão de fé, pode acontecer, o milagre está a caminho. Ora, quem pode sobreviver a algo desta natureza, quem pode ficar são inalando este veneno?

O dano mental se dá, sobretudo, porque a mente que foi hipnotizada pela religião fica viciada neste processo que explicamos. Libertar alguém desta prisão dá trabalho. Quase sempre, a readaptação à vida normal leva tempo. O indivíduo religioso, ao ver-se livre dos condicionamentos aos quais foi exposto, sofre em muitos casos da síndrome pós-traumática da liberdade culposa, ou seja, demora a agir normalmente porque ainda acha que tudo o que pensa ou faz é pecado.

O tempo que leva para que haja uma rearrumação da psique é proporcional ao tempo de exposição ao qual a pessoa foi submetida a estas dinâmicas. É triste, mas em muitos casos, esses danos são irreversíveis. O sujeito alvejado de forma intensa, passa a sofrer de diversos tipos de transtornos, tais como: delírio religioso, pânico, psicose, neurose, depressão e, desgraçadamente, jamais consegue se recuperar totalmente. Psiquiatras e psicólogos sabem muito bem do que estou falando.

A premissa do Evangelho de Jesus é: “conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”. O chamado é para uma profilaxia de alma, para o quebrantamento do coração e para a transformação da mente, reajustada a novos valores e princípios que produzem paz e bem na vida. A luz da revelação de Deus, em nós, produz esperança, aponta-nos o Caminho de reinvenção de nós mesmos, da morte de quem fomos para a ressurreição de quem seremos.

© 2015 Carlos F. S. Moreira

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