Bem falou Exupéry, “O essencial é invisível aos olhos”. De fato, as coisas mais significativas da vida são sentidas muito antes de serem vistas, elas nascem, primeiro, no coração e na consciência e, só depois, ganham materialidade e podem ser perceptíveis aos olhos.
Paulo trata deste tema se referindo também aos fatos de natureza espiritual, ele afirma que há coisas na vida que só podem ser compreendidas se discernidas espiritualmente. Foi exatamente isso que aconteceu com os que estavam no Templo de Jerusalém no primeiro Natal.
Naqueles dias, José e Maria foram, conforme o costume da Lei, apresentar o menino recém-nascido diante de Deus. Eles entraram no “lugar sagrado”, ali estavam acontecendo todas as liturgias e rotinas da religião, sacerdotes ofereciam sacrifícios pelos pecados do povo, levitas faziam suas oblações, transeuntes traziam seus dízimos e os depositavam nos gazofilácios, os objetivos cúlticos estavam em seus devidos lugares, havia canções e orações sendo proferidas, mas ninguém notou que o Salvador do Mundo adentrou aquele espaço.
Eles serviam a um Deus a quem jamais conheceram, desenvolveram para si um tipo de espiritualidade que cega a consciência e endurece o coração, não podiam discernir, viam apenas as exterioridades, o essencial não podia ser compreendido porque a Revelação não havia acontecido.
Lucas narra este fato no capítulo 2 de seu Evangelho. Ainda que ali estivessem milhares de pessoas, só Simeão, um homem piedoso da cidade, e Ana, uma profetiza velha e viúva, entenderam que o Messias havia chegado, a Encarnação de Deus, na figura de um menino, estava ali, diante de todos, mas a maioria deles não podia ver, seus olhos estavam embotados.
Como bem disse Tertuliano: “credo quia absurdum” – creio porque é absurdo! Eu lhe desejo, com todo afeto, um Feliz Natal! Sim, lhe desejo um Natal onde Jesus possa ser sentido em seu coração, um Natal onde sua Mensagem possa ser discernida em sua Consciência e um Natal onde o Seu Espírito lhe habite trazendo a revelação de quem, de fato, ele é.
Eu não sei se você frequenta um local de culto religioso, não sei se está envolvido com rotinas eclesiásticas ou mesmo se é um sacerdote, ou líder, o que sei é que este é um tempo de Templos cheios e almas vazias, onde a esmagadora maioria das pessoas sabe quem é Jesus, do ponto de vista da historicidade da fé, mas jamais teve um encontro pessoal com ele nas ambiências do coração.
Naqueles dias, nem mesmo os rabinos, os doutores da Lei e os escribas puderem perceber o que estava acontecendo, pois eles sabiam tudo sobre a Letra, mas nada compreendiam sobre o Espírito, os Magos, do Oriente, fizeram a leitura correta, mas os teólogos de Jerusalém passaram batido, estavam entretidos com o negócio da religião.
Contudo, diz o apóstolo João, “Mas, a todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de serem chamados Filhos de Deus”! Que o Pai lhe dê, neste Natal, o maior de todos os presentes, que é a revelação de que Jesus está presente, ele habitou entre nós, se fez um de nós, viveu como um de nós, morreu como um de nós, mas Ressuscitou, como haveremos de ressuscitar todos nós, os que cremos em seu Nome!
Um beijo carinhoso neste dia da Festa do Amor!
Carlos Moreira
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