No início do século XX, no ano de 1900, a malandragem botava suas unhas de fora na figura do cantor e compositor Moreira da Silva.
Depois disto, já nos anos de 1940, a malandragem imperava livremente no bairro da Lapa, no Rio, onde Madame Satã dava as ordens e contra-ordens, segundo o jornalista e produtor musical Nelson Motta.
Na sequência, aprendemos sobre a “Lei do Gérson”, que versava: “Gosto de tirar vantagem em tudo”. O slogan de um comercial de cigarro na década de 1970, por ironia, acabou se tornando uma espécie de “lema dos brasileiros”.
Na década seguinte, nos anos de 1980, o insuperável Chico Anysio criou uma personificação da “Lei do Gérson” na pele do Azambuja, um trambiqueiro carioca que vivia passando a perna em todo mundo com pequenos golpes e espertezas.
Passou-se outra década e, em 1994, vimos Cássia Eller brilhar cantando “Eu só peço a Deus um pouco de malandragem”, canção composta por Frejat e Cazuza que Ângela Ro Ro dispensou.
Nos anos 2000, quem melhor introjetou esse “estilo malandro de ser” foi o Zeca Pagodinho, com canções maravilhosas que ficam ainda melhor com linguiça e uma cerveja gelada.
Mas a malandragem do brasileiro ganhou corpo, tornou-se “de maior”, espalhou-se pela nação, deixou de ser apenas verso em canções ou mote em peça de teatro, incorporou-se ao nosso estilo de vida, faz parte da nossa cultura, está presente na maneira como fazemos negócio, no trato com as pessoas, na forma de fazer política e até mesmo nas manifestações religiosas, pois não há malandragem maior do que vender perdão para pecador.
Mas eu tenho uma boa notícia: a malandragem está com seus dias contados. Sim, ela não vai desaparecer da noite pro dia, talvez ainda leve algumas décadas para sumir, mas a sociedade está percebendo que ser malandro é um grande atraso, não só para os indivíduos, mas, sobretudo, para o País.
Cada vez mais, ouço pessoas falarem sobre ética, sobre negócios sustentáveis, sobre responsabilidade social, sobre comprometimento ambiental. No mundo moderno, usar de malandragem é um desatino, empresas estão em busca de funcionários honestos, eleitores almejam por políticos honestos, homens e mulheres desejam estabelecer relações afetivas honestas, ninguém suporta mais a dita malandragem.
O Brasil está mudando, talvez não na velocidade que desejaríamos, mas alegra-me perceber que poderosos estão indo para a cadeia, de empresários a doleiros, de políticos a banqueiros, a justiça não é mais apenas para o negro e o pobre, tem gente de todo calibre na cadeia. Já nos tornamos um modelo? Ainda não. Mas eu creio que estamos num bom caminho.
Acredite, de agora em diante, malandragem mesmo é ser honesto, malandro que se preza – que seja inteligente e arguto – vai agir com integridade e se pautar na honradez, viver de esperteza se tornou démodé...
Depois disto, já nos anos de 1940, a malandragem imperava livremente no bairro da Lapa, no Rio, onde Madame Satã dava as ordens e contra-ordens, segundo o jornalista e produtor musical Nelson Motta.
Na sequência, aprendemos sobre a “Lei do Gérson”, que versava: “Gosto de tirar vantagem em tudo”. O slogan de um comercial de cigarro na década de 1970, por ironia, acabou se tornando uma espécie de “lema dos brasileiros”.
Na década seguinte, nos anos de 1980, o insuperável Chico Anysio criou uma personificação da “Lei do Gérson” na pele do Azambuja, um trambiqueiro carioca que vivia passando a perna em todo mundo com pequenos golpes e espertezas.
Passou-se outra década e, em 1994, vimos Cássia Eller brilhar cantando “Eu só peço a Deus um pouco de malandragem”, canção composta por Frejat e Cazuza que Ângela Ro Ro dispensou.
Nos anos 2000, quem melhor introjetou esse “estilo malandro de ser” foi o Zeca Pagodinho, com canções maravilhosas que ficam ainda melhor com linguiça e uma cerveja gelada.
Mas a malandragem do brasileiro ganhou corpo, tornou-se “de maior”, espalhou-se pela nação, deixou de ser apenas verso em canções ou mote em peça de teatro, incorporou-se ao nosso estilo de vida, faz parte da nossa cultura, está presente na maneira como fazemos negócio, no trato com as pessoas, na forma de fazer política e até mesmo nas manifestações religiosas, pois não há malandragem maior do que vender perdão para pecador.
Mas eu tenho uma boa notícia: a malandragem está com seus dias contados. Sim, ela não vai desaparecer da noite pro dia, talvez ainda leve algumas décadas para sumir, mas a sociedade está percebendo que ser malandro é um grande atraso, não só para os indivíduos, mas, sobretudo, para o País.
Cada vez mais, ouço pessoas falarem sobre ética, sobre negócios sustentáveis, sobre responsabilidade social, sobre comprometimento ambiental. No mundo moderno, usar de malandragem é um desatino, empresas estão em busca de funcionários honestos, eleitores almejam por políticos honestos, homens e mulheres desejam estabelecer relações afetivas honestas, ninguém suporta mais a dita malandragem.
O Brasil está mudando, talvez não na velocidade que desejaríamos, mas alegra-me perceber que poderosos estão indo para a cadeia, de empresários a doleiros, de políticos a banqueiros, a justiça não é mais apenas para o negro e o pobre, tem gente de todo calibre na cadeia. Já nos tornamos um modelo? Ainda não. Mas eu creio que estamos num bom caminho.
Acredite, de agora em diante, malandragem mesmo é ser honesto, malandro que se preza – que seja inteligente e arguto – vai agir com integridade e se pautar na honradez, viver de esperteza se tornou démodé...
Carlos Moreira
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