Eu comecei a lidar com computadores há 31 anos atrás. Vi a geração dos mainframes morrer e os microcomputadores assumirem seu lugar.
Coisa ainda comum nos dias de hoje, há décadas passadas os computadores travavam absurdamente, ou por erro do sistema operacional, ou por problemas de disco e memória, ou por conta do processador, por vezes, as três coisas juntas.
Reiniciar máquinas é tarefa fácil, quase sempre funciona, ou seja, elas voltam ao normal. Difícil é reiniciar pessoas... Sim, gente quando “trava”, quando dá “tela azul”, quando perde o encanto, a noção, quando quebra por dentro, ou fica sem chão, quando deprime, sucumbe, não reinicializa facilmente.
Eu nasci numa família de depressivos, convivi com a depressão desce muito cedo em casa, vi meu pai e minha mãe morrerem deprimidos, eles estavam “travados” para a vida, já não era possível reinicializá-los.
Ora, por que estou falando sobre isso? Por que vejo uma geração inteira acostumada a acionar botões e ver resultados imediatos. Vivemos no tempo dos cliques, desde aquele que aciona o controle remoto da TV, até o botão que dispara a foto no celular, tudo é instantâneo, basta você clicar!
Mas as pessoas não reagem a partir de “cliques”, a alma não pode ser reindexada automaticamente, não se ressensibiliza um coração machucado pela dor, pela humilhação, pela exploração ou descaso, num passe de mágica.
Quando as pessoas “travam” é preciso cuidar delas com paciência, pois a melhora é lenta, os passos são curtos, as falas são frágeis, os gestos são tênues. Portanto, lembre-se: botões foram feitos para as máquinas, as pessoas precisam de toques, de afagos e abraços, de palavras suaves, de incentivo e confiança.
Diferente dos computadores, que podem ter suas memórias trocadas, pessoas precisam lidar indefinidamente com tudo o que está gravado na alma, não há como dar “deltree”, ou reformatar, a única saída é ajuda-las a recuperar os “setores” danificados, e isso leva tempo... às vezes, uma vida inteira. Por isso, se seu computador travar, reinicialize, mas, se alguém próximo a você "travar", sensibilize-se...
Carlos Moreira
0 comentários:
Postar um comentário