Minha teologia tem cheiro de gente e rosto de rua, é aplicável ao cotidiano, desvenda a existência crua, analisa o fenômeno, propõe ações, olha a notícia e faz as conexões com a Palavra, implica abraçar a vida para, de alguma forma, materializar a fé.
Ora, toda teologia que se projeta para o céu foge ao seu propósito, pois o Deus em que cremos abandonou os céus para encarnar na Terra como homem. Teologia, portanto, tem que propor um chão, um caminho, deve evitar percorrer as veredas da especulação filosófica, pois Evangelho é encarnação, prescinde que o que se alojou na consciência se desdobre em atos de bondade e justiça.
A boa teologia, portanto, não necessita de sofisticação, uma vez que não trabalha com sistematizações ou argumentos retóricos, o convencimento não é alcançado pela via da razão, antes, é o coração quem discerne a voz que o chama ao arrependimento.
Assim, a Palavra, que um dia já foi texto, se faz vida na vida de quem está para além do verbo, pois a simples leitura não pode produzir salvação, nem são justos os que a ouvem nos templos e catedrais. Só quando a letra se agarra as vestes de quem se deixa gastar no chão dos dias, é que as metáforas e alegorias do escrito sagrado ganham cheiro e sabor, as histórias se transportam das páginas para as calçadas, a doutrina ganha significado porque alcança concretude, se faz graça e misericórdia na existência do meu igual.
A teologia de Jesus foi feita de encontros nas esquinas e poeira no caminho. Ele não se utilizou nem da Lei Romana, nem da Ética Judaica, nem da Filosofia Grega, estava propondo não um teorema, nem uma nova ciência, não se fez protagonista de revelações inusitadas ou se deteve a prestigiar mistérios, não quis ser fundador de uma nova religião, tudo nele era simples, com um sorriso e um abraço, Deus se fez entender, pois um Deus que não fosse capaz de andar com pescadores, para que aproveitaria?
Minha teologia? Não preciso explicar; olhe para mim e você a verá. E se não pode ver, de que serve?
Minha teologia? Não preciso explicar; olhe para mim e você a verá. E se não pode ver, de que serve?
Carlos Moreira
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