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13 fevereiro 2017

Me Proíbe que Eu Gosto!



A Assembleia de Deus de Pernambuco, que recentemente proibiu seus membros de lerem livros de teologia reformada, baixou agora uma portaria onde impede que os adolescentes (10 a 13 anos) que frequentem suas igrejas, namorem.

Quando eu tinha essa idade, ouvia relatos dos amigos que possuíam carro que as mulheres mais loucas com as quais eles haviam transado eram da “Bréia”, pois o recalque sexual, o tesão reprimido, as castrações comportamentais, os pudores de ocasião, a santidade construída a fórceps, tudo conspirava para que o fetiche crescesse na mente e os excessos viessem a tona como larvas de vulcão.

Obviamente, estas mulheres não eram adolescentes de 13 anos, mas um pouco mais velhas, acima dos 18, contudo, eram subproduto do mesmo meio, haviam crescido dentro desta ambiência de pudores e pruridos sexuais.

Pois bem, 37 anos se passaram e a gente fica com a expectativa que a cabecinha desta gente tenha se aberto, evoluído, comece, enfim, a pensar. Mais que nada... Na sociedade da internet, do sexo virtual, da “ficada”, do preconceito com quem é “BV”, da pílula do dia seguinte, das uniões sexuais heterodoxas, dos “50 Tons de Cinza”, da Miley Cyrus, os crentes imaginam que proibindo a garotada de dar selinho, ir no cinema, usar biquíni e sentar no banco da praça da igreja de mãos dadas vai ajudar em alguma coisa.

Ao invés de lerem Levítico, para se apropriar dos ditames da Lei, das regras comportamentais e dos ascetismos, tudo extinto em Jesus, esses pastores deveriam ler “Totem e Tabu”, de Sigmund Freud, escrito em 1913, que trata dos mecanismos de castração sexual com seus desdobramentos na psique dos indivíduos.

Ora, não é possível que a esta altura do desenvolvimento humano ainda não se tenha entendido que, quanto mais impomos controles, mais estimulamos a contravenção, quando mais mordaça, mas compulsão, quanto mais lei, mais pecado! Isso deveria estar claro lendo-se a carta de Paulo aos Romanos, capítulo 7, onde o apóstolo ensina que a Lei foi dada apenas para aviltar a transgressão, para que todo mundo fosse culpado diante de Deus, tendo na Graça, no Sangue e na Cruz a única alternativa de Salvação.

Vocês não tem ideia da quantidade de tara que se desenvolve nestes lugares opressores. Aconselho gente, inclusive pastores, que desgraçaram a vida por conta de compulsões sexuais que afloraram em meio as cercas de arame farpado imposta pela doutrina denominacional.

A igreja, neste tempo, transformou-se numa espécie de estatal imperial do Reino de Deus, legisla com mão de ferro e dita como deve ser a vida das pessoas. É uma invasão de privacidade, uma vez que a Escritura nos ensina que cada um deve fazer o seu próprio caminho com Deus, com boa consciência e fé, pois quem é maduro em Cristo não precisa nem de policiamento, nem de repressão.

Portanto, esse tema dos adolescentes está sob o domínio dos pais, não da secretaria da igreja, nem pastor nem bispo deve interferir nestas questões.

Ora, a AD não é a única instituição a proibir o namoro entre seus jovens e adolescentes, outras tantas denominações o fazem sob o manto do “Eu Resolvi Esperar”, que é outra maluquice destes dias. O que a AD fez foi normatizar oficialmente a questão publicando a determinação em reunião do “alto clero” e mandando que, quem tem juízo, siga a legislação eclesial.

E assim, mordaça posta no corpo, tampão nos olhos, fones nos ouvidos, bucha na boca e grades na mente, segue a vida como se nada fosse acontecer... Quanta ilusão! Só Deus sabe como essa meninada, que vive numa sociedade erotizada, onde propaganda de pneu de carro tem mulher pelada, vai lidar com a proibição. Acredite, se masturbação gerasse pontos para o ENEM, vestibulando da AD, e destas outras denominações que promovem castrações sexuais, bateriam todos os recordes de aprovação. E assim, diante de tanta doença, só nos resta dizer: “Me proíbe que eu gosto!”...


Carlos Moreira


* O Documento que está na foto acima é uma circular interna da ADPE com decisões tomadas no final do ano de 2016 e que começam agora a entrar em vigor. Perceba que o tema da proibição consta de uma das últimas postulações. Consultei uma pessoa de dentro da instituição, que ocupa cargo na igreja, e tive a informação confirmada. A fonte pediu para não ser identificada.



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