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22 julho 2016

Parece, Mas não É...



Deixe-me lhe fazer uma pergunta: a sua igreja tem um CEP? Tem endereço, rua, número? Tem templo? OK. Então me diga: o que vocês estão fazendo de relevante neste lugar? Sim, o que a igreja simboliza para os moradores da região? O que o bairro tem a dizer sobre vocês? O que os vizinhos de porta acham de seus cultos, reuniões, campanhas e congressos? Qual é o compromisso de vocês com os dramas deste local?

Deixe eu lhe dizer uma coisa, com absoluta certeza: bem próximo a vocês, talvez até aí do lado, existem bolsões de pobreza com gente agonizando a céu aberto, sem educação, saúde ou justiça. Há muitos deprimidos nestes prédios e nas casas no entorno da igreja, e há também uma grande quantidade de idosos abandonados e sem qualquer expectativa para o que lhes resta de vida. Vocês podem discernir estes dramas?

Eu acho curioso o fato de muitos pastores estarem preocupados com questões de natureza metafísica, lutas e batalhas espirituais. Mas com relação ao lugar físico onde está sua comunidade, um total abandono. Portanto, cabe perguntar: vocês mapearam, alguma vez, essa região ou promoveram algum encontro para conversar com as pessoas que lá habitam para saber como ajudá-las? Ao invés de mapear as ditas regiões espirituais, para catalogar “demônios” em álbum de figurinhas gospel, vocês conseguiram mapear a miséria e a dor que lhes cerca?

Me diga mais... O espaço que vocês chamam de templo é usado para quê? O que fazem com ele durante a semana? Ele fica fechado, abrigando anjos sonolentos que voam em torno do “altar”? E as salas? Sim, as salas que poderiam ser usadas para alfabetizar idosos, para fazer reforço escolar para crianças, para ofertar aulas de música para adolescentes, tudo com vistas a afastá-los das drogas e da prostituição, vocês usam apenas na EBD aos domingos? Não seria possível dar outras destinações a tanto espaço?

Uma outra coisa... E as pessoas desta congregação? Talvez algumas centenas delas, ou milhares, quem sabe? São profissionais de mercado? São bem sucedidas? Qual o compromisso delas com os moradores deste lugar? Elas dão algum expediente para atender necessitados? Quem sabe, uma hora por semana? Um clínico geral, um advogado ou uma psicóloga poderiam fazer coisas incríveis se pudessem dispor de um espaçozinho em suas agendas lotadas para doar seus talentos a quem não tem como pagar. Ao invés de só envolver as pessoas em movimentos, não seria maravilhoso conscientizá-las sobre o serviço voluntário e generoso para com o outro, aquele que sofre e não tem como buscar ajuda?

Bem... Talvez sua igreja não faça nada disso porque ela está preocupada com a "salvação" das pessoas. Sendo assim, vocês focam todos os esforços nas questões "espirituais", por isso fazem tantos eventos, seminários, movimentos, tudo com vistas a "evangelizar" os perdidos. Eu sei... E quando estes perdidos se convertem, o que é mesmo que eles fazem? São ensinados, batizados, passam a dar o dízimo, a cantar nos cultos, e pronto!? Pra quê mais, não é mesmo? Eles já estão salvos!! Agora é só esperar a vinda de Jesus!

Olha, me desculpem, com todo respeito, mas vocês acham que nós podemos chamar algo desta natureza de igreja? Vocês imaginam que este tipo de mensagem é o Evangelho? Vocês pensam que podemos ser assim e ainda sermos chamados de discípulos de Jesus? Que bíblia vocês estão lendo? Ah... não estão lendo a bíblia, só escutando sermões? Entendo... Eu sei como esta engrenagem funciona...


Carlos Moreira

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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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