Jesus não tinha uma visão “romântica” da sociedade, nem advogava causas que dissessem respeito a igualdade social, como se ele fosse um marxista precoce.
Diante da politicagem hipócrita de Judas, que recriminou Maria pelo desperdício do perfume de Alabastro utilizado para ungi-lo, declarou sem pruridos: “Os pobres sempre tendes convosco”. Era uma leitura realista de que a humanidade, mesmo que o ideal fosse outro, sempre se organizará em castas, havendo, portanto, ricos, pobres, classe média, estrangeiros, etc.
A mensagem de Jesus, bem como a dos Profetas, priorizou os desprestigiados, denunciava a injustiça, o descaso, a abastança da aristocracia em detrimento da miséria da mão de obra escrava e da população essencialmente agrícola de Israel, a opressão dos governos imperialista, mas jamais reivindicou para si uma ideologia comunista, onde houvesse as mesmas oportunidades para todos.
Na verdade, o Reino de Deus se baseia na justiça, não na igualdade, se baseia na verdade, não na utopia, insta o indivíduo a ser solidário, a se importar com a dor do outro, a repartir o que lhe sobra, a fomentar a dignidade humana, mas não desconsidera o homem em sua natureza caída, nem faz vista grossa a presença incômoda do egoísmo, da ambição, da insensibilidade como marcas indeléveis do pecado na consciência e no coração das pessoas, mesmo aquelas que já foram alcançadas pelo Evangelho.
Há pessoas que defendem que, na igreja primitiva, em Jerusalém, existia um modelo de cristianismo socialista. De certo, aquela comunidade experimentou, por curto período de tempo, um “avivamento” social, onde as propriedades e bens foram vendidos e os recursos acabaram sendo repartidos por todos. Mas o resultado final não se mostrou exitoso, pois, pouco tempo depois, Paulo teve de fazer arrecadações para suprir às necessidades dos irmãos pela carestia que os havia alcançado.
Quem acredita num sistema de igualdade de classes, deve olhar para história da humanidade e perceber que, mesmo desejável, isso jamais foi viável. Agora, no que tange a Deus, penso, fomos nivelados em condições de igualdade em, apenas, duas questões: (1) Todos somos pecadores; e (2) Todos somos chamados a receber o perdão e a reconciliação.
O mais, para mim, enquadra-se na tentativa dos políticos de vender sonhos e tirar vantagens do povo, ou na ideologia de teólogos e filósofos religiosos que propõem mudar o mundo sem, contudo, jamais se levantarem de suas poltronas para fazê-lo.
Carlos Moreira
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