Impedir uma pessoa de ser Batizada ou tomar a Ceia por causa de questões existenciais e comportamentais é, sem dúvida alguma, uma das ações mais perversas que já vi a igreja cometer.
Tristemente, conselhos de igreja, chefiados por coronéis da fé, gente preconceituosa e vestida de hipocrisia, acham-se no direito de negar esses sacramentos a divorciados, gays, casados com uniões estáveis, mas sem contrato cartorial, dentre outros, os quais não se encaixam no manequim religioso denominacional, que varia de agremiação para agremiação.
Ora, Jesus não negou a Ceia a Judas, que o havia traído horas antes, e Filipe batizou o Eunuco Etíope sem exigir preenchimento de formulário de conduta, para avaliar a aptidão do mesmo, ou fazer perguntas sobre suas práticas e crenças, mas apenas afirmou: “Se creres, é lícito”.
A igreja quer se arvorar a ser “o caminho a verdade e a vida”, ela quer ser a Porta do Reino, o Tabelião do Céu, filtrando quem pode e quem não pode entrar, quem está apto a se relacionar com Deus, quem deve e quem não deve ser perdoado, quem é santo o suficiente para se tornar membro da confraria e quem não atende aos requisitos comportamentais da agremiação.
Ora, como sabemos, a santificação é um processo que acontece em cada um de nós por ação do Espírito Santo, é um lavar regenerador da consciência, e isso leva tempo! Deus não destrói quem eu sou, mas reconstrói minha natureza, de forma gradual e misericordiosa.
Portanto, impedir alguém de participar destes meios de Graça é abuso de poder, é querer legislar em terreno onde apenas o amor e a fé podem se manifestar, é proselitismo denominacional, é acepção doutrinária em função do preconceito comportamental.
Por isso afirmo: quem pode dizer que é digno de participar da Mesa do Senhor? Ora, é por isso que Paulo manda que nos examinemos antes de comer o pão e beber o vinho, pois é no exame sincero que reconhecemos nossa indignidade e pedimos perdão ao Pai. Quem é justo o suficiente para ser Batizado? Ninguém! O que o Evangelho me ensina é que o requisito é “Quem crê”, a despeito de qualquer outro.
Eu prefiro abrir portas, para que os homens entrem na presença do Senhor, ao invés de colocar empecilhos, pois, lembrando as palavras de Jesus, quem assim o faz nem entra, nem deixa os outros entrarem...
Carlos Moreira
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