Como estamos nos distanciando, a cada dia, dos ensinos de Jesus e passamos a seguir sofismas ardilosos. No Evangelho não há qualquer menção de caráter ufanista, super-egóico ou pseudo ligado ao insuflamento da autoestima.
A saúde do ser, como se sabe, não está em levantar a moral do indivíduo, mas em pacificá-lo de dentro para fora, restituindo a paz em sua consciência e estabelecendo o bem em seu coração.
Mas a igreja, nestes tempo, precisa afirmar que você é uma “princesa”, que você é “cabeça e não cauda”, que você é “filho do Rei”, que você tem “poder”, que você pode “decretar a bênção”, que você é “ungido”, que você é “autoridade”, que você é “escolhido”, é uma overdose de veneno para a psique humana. São tantas as denominações de caráter preconceituoso e exacerbatório que, obviamente, é impossível viver carregando tudo isso sem passar a se achar melhor do que os outros ou, exclusivamente separado para experimentar “o melhor desta Terra”.
A questão concreta na vida real, todavia, é que só os “pastores” vivem nesta perspectiva, engordados em sua vaidade pelos dízimos de gente simples e fraca de mente, obesos de consciência e engordurados de coração. Sim, são estes que andam de jatinho, que possuem casas suntuosas, contas milionárias, templos faraônicos, que saem em capas de revistas e estão na mídia, todos os dias, pois, que importa que falem de mim, desde que eles falem?
Em Jesus, todavia, nós somos chamados para dar a vida pelos irmãos, pois o maior é o que serve e lava os pés dos cansados e aflitos. Em Jesus não temos espadas nas mãos, nem cetros de poder, mas bacias e toalhas, lavamos a imundice dos homens pela Palavra da Verdade e calçamos-lhes os pés com a preparação do Evangelho da Paz. Está tudo errado!
Minha tristeza é que, talvez, e desgraçadamente, você seja cúmplice disso! Imagine o nível de doença que é produzido num sujeito que sai de casa pela manhã achando que recitar meia dúzia de “mantras” fará com que o demônio se ajoelhe aos seus pés?
Imagine também a frustração de alguém que segue esta cartilha de maldades requintadas, que vive em campanhas, que paga o pedágio da fazenda celestial, que vive reprimindo a carne e negando sua própria humanidade, em almejar ser o que os pastores-lobos dizem que ele tem que ser e, ainda assim, nada está acontece em sua vida?
Imagine, ainda, o grau de ansiedade, de amargura, de conflito interior e desarranjo mental que esta pessoa passa a enfrentar achando que essas coisas não acontecem por que ele não tem fé, ou por que não fez direito a mandinga espiritual receitada como bula de enriquecimento e promoção da felicidade?
Creia, o Evangelho produz saúde e pacificação de alma, mas a religião é capaz de se fazer a igreja se tornar um viveiro de doenças, um lugar tão insalubre que mesmo quem só frequente, sem maiores compromissos, corre o risco de adoecer pela simples contaminação do que está escutando.
Carlos Moreira
Perseverança
Há 6 dias
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