Embora eu goste das festas de fim de ano e aprecie as luzes coloridas iluminando as ruas, estou também convencido de que elas são muito propícias à hipocrisia e a futilidade. As festas de final de ano são como máscaras que usamos para dissimular o que de fato somos.
Pessoas que nos fizeram mal o ano inteiro abraçam-nos cinicamente com cara de Maria Madalena arrependida aos pés da cruz como se nada tivessem feito. Esquecem que o ano vai, mas as lembranças ficam!
Não que nós sejamos incapazes de perdoar uma ofensa sofrida ou alguém que nos feriu; o problema é que essa reconciliação momentânea, tão comum nas festas de final de ano, não passa de um gesto mecânico e irrefletido que em pouco tempo se mostrará como tal. É uma mera formalidade.
Além disso, há ainda a superficialidade dos votos de “muito dinheiro no bolso e saúde para dar e vender”. Essa frase é egoísta e mesquinha e leva-nos a crer que apenas essas duas dimensões da existência (a financeira e a física) são capazes de levar o ser humano à plena realização o que é um engano grosseiro.
Quantos mortos-vivos estão agora mesmo com os bolsos cheios de dinheiro e “saudavelmente” vazios por dentro. Enquanto o homem entender a existência em termos meramente materiais jamais se encontrará como ser vivente, responsável e com uma missão a cumprir aqui na terra.
Por isso neste final de ano eu desejo a você o que também quero para mim: QUE VOCÊ SE CONQUISTE EM 2011. Dentro de nós há um mundo muito maior do que tudo lá fora esperando para ser desbravado e conquistado; em nosso interior está em curso uma luta feroz da qual precisamos sair vencedores!
Para falar a verdade, conquistar-se é trabalho de uma vida e não de um ano; não quero lhe iludir. Entretanto, é preciso começar a nossa reconquista agora mesmo. Comece já.
Por onde começar? Comece olhando para você mesmo, comece se estudando, se analisando, prescutando o seu íntimo, perguntando se faz sentido fazer o que você faz, correr atrás das coisas que você corre. Impossível começar olhando para fora, é preciso olhar para dentro, para a alma.
Aliás, antes mesmo de nos auto-analisar é preciso deixar de lado as ilusões que nutrimos acerca de nós mesmos. Quem se acha muito bom, muito piedoso ou muito inteligente não vê necessidade de se conquistar.
A conquista de si mesmo é um processo lento e doloroso que começa com uma crise de segurança e leva-nos a um profundo sentimento de solidão que vai esmagando-nos lentamente. É preciso sentir-se só e desamparado para mudar; contudo como disse o sábio: “um grande sofrimento provoca uma grande reação”.
Que 2011 nos traga consciência, ou seja, um conhecimento profundo de nós mesmos e do mundo. Só a vida iluminada por uma consciência desperta nos salva a tempo de não naufragarmos no mar opressor e voraz dos hábitos mesquinhos do cotidiano e dos valores estéreis fomentados por quem não tem valor algum!
Em 2011 comece a conquistar você mesmo, diga não ao automatismo de uma existência desprovida de sentido, mas que insiste em brindar com o melhor champagne a passagem do ano quando na verdade não há nada a comemorar.
André Pessoa via Século XXI
1 comentários:
Olá Carlos Moreira,
Shalom!
Excelente e verdadeiro o seu texto.
Parabéns!
Feliz 2011 para você e toda a sua família.
Pr. Carlos Roberto
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