Jesus, em sua forma de ensinar, usou símbolos da cultura judaica, sobretudo, nas suas parábolas.
Foi assim que o vimos falar do grão de mostrada, do cordeiro, do pão, da videira, da água, do óleo, do peixe, todos elementos ligados a agricultura e a pecuária, base de sobrevivência do povo judeu.
Na verdade, o Galileu sabia que era muito mais fácil eles entenderem argumentos doutrinários a partir de imagens projetadas do cotidiano, e ele não se furtou a usar estes recursos.
Mas nada em Jesus é sacralizado a não ser a vida. Sim, pois em seu tempo, havia diversos objetos de culto no Templo, como a bacia, a mesa da proposição, o véu do reposteiro, os candelabros e o altar do incenso. Eram ornamentos belíssimos, obra de artífice, mas não se vê o Senhor fazendo apologia ou adoração a nada que fosse inanimado.
Portanto, ainda que eu entenda que os símbolos nos ajudam a compreender certas verdades, também compreendo que a única coisa que devemos tornar santa é a vida, preciosa que é aos olhos de Deus. A vida é o culto e os símbolos deste culto estão presentes na vida: graça, misericórdia, perdão, bondade, solidariedade.
Eu sei que a tradição da igreja sacralizou diversos símbolos e os tornou objetos de culto a Deus. No cristianismo, como em outras religiões, existe uma enormidade de artefatos sobre os quais se atribui a personificação do sagrado.
Mas, no Evangelho, nós não encontramos nada disso. Para Jesus, sagrado é aquilo que se carrega no coração e na consciência, e não a representação da obra humana em forma de totem.
Não desmereço os símbolos da fé que herdei, mas não os trato com nenhuma reverência que vá para além do reconhecimento de sua historicidade. Eu defendo a sã doutrina, não um crucifixo, defendo os valores do Reino, não um altar de madeira ou de pedra, defendo as Escrituras, não as representações de afrescos e pinturas, ainda que retratem personagens da fé.
Desta forma, os verdadeiros símbolos que os discípulos de Jesus carregam são: o seu Sangue, aspergido em nossa consciência, que propicia a remissão de pecados, o selo do seu Espírito em nossos corações, penhor da salvação e a manifestação dos valores do caráter de Deus, materializados em nossas ações.
Como podemos ver, todos são símbolo invisíveis e intangíveis, para que nada nem ninguém possa roubar a glória que é, única e exclusivamente, de Deus. Desta forma, quem quiser que brigue por causa de símbolos, eu, todavia, prefiro fazer com que o grande símbolo ainda continue sendo o amor...
Carlos Moreira
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