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18 fevereiro 2016

Discriminação Emocional



O deprimido, no meio religioso, sofre uma discriminação sem precedentes, é tratado como crente de segunda classe, alguém sem fé, sem coragem, um indivíduo que está amarrado por satanás.

Em se tratando deste contexto, já vi de tudo, do bizarro ao irresponsável, do sujeito subir no monte para expulsar o “espírito da depressão”, até aquele que deixa a medicação acreditando na profetada recebida no “culto de oração”. Trágico!

Negar a condição humana é especialidade de toda religião autofágica, aquela que faz com o que o indivíduo se alimente de si mesmo, e não de Deus. Ora, toda tentativa de ignorar nossas fraquezas desemboca, irremediavelmente, na composição de um psiquismo adoecido, o qual torna superlativo todo tipo patologia emocional, da ansiedade ao pânico.

Assim, ignorar a depressão como enfermidade da alma, atribuindo-lhe uma fenomenologia espiritual, é manter um tipo de ignorância incompatível com o tempo em que vivemos. Na idade média, muitos foram exorcizados e outros tantos trancafiados em hospícios por causa de distúrbios totalmente tratáveis em nosso tempo, como a bipolaridade e a esquizofrenia. E sabe quem mediava tudo isso: a religião!

Ora, hoje, com todo o ferramental disponível na psicologia e na psicanálise, é impossível ler as Escrituras sem perceber a depressão de Jacó, após a “perda” de José, a depressão de Davi, depois do adultério com Bate-Seba, a depressão de Jó, em pele osso e somatizações, a depressão de Jeremias, nu num calabouço sombrio, a de Paulo, sentindo-se só no final da jornada, e a de Jesus, antevendo a Cruz, no Getsemani, quando afirmou: “Minha alma está abatida até a morte”.

Tenho reverência pela dor do deprimido, pois sei que sua enfermidade não é visível, não deforma o corpo, mas faz sucumbir à mente em meio à aridez de sonhos e esperanças. Mas eu creio num Deus “que faz forte aos cansados e multiplica as forças dos que não tem nenhum vigor”, que levanta o caído e consola o destroçado de espírito.

Contudo, e não menos, também creio, concomitantemente, na ciência, pois sei que a Graça de Deus inspira médicos e cientistas em pesquisas e na criação de medicamentos para aliviar a dor humana. Portanto, seja por que caminho for, a glória é sempre de Dele!


Carlos Moreira

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