O jejum, no meio evangélico, é uma espécie de “Espinafre do Popeye”, o sujeito faz uso dele como um suplemento espiritual com vistas a se fortalecer, tornar-se mais ungido, mas destemido na sua luta contra o diabo, é algo travestido de sobrenaturalidade, não obstante não passe de uma prática supersticiosa e vazia.
Sim, o Jejum de Jesus foi feito como preparação para a oferta de si mesmo ao mundo, portanto, correlatamente, ele deve ser algo que aguça a consciência e fortalece o coração para a ação solidária e generosa com o outro no chão da vida.
O jejum tem, sim, esse poder de nos mover para fora de nós mesmos, ele leva a fixar o olhar para o que está no entorno, para as realidades dramáticas que nos cercam, como a dor, a miséria e a injustiça contra aquele que é nosso igual.
Isaías, no capítulo 58, já advertia a Nação de Israel quanto a esse jejum ascético, auto-indulgente e meritório, que visa fazer chantagem emocional com a divindade com vistas a tirar proveitos dela. Já ali, numa sociedade experimentando um desequilíbrio social grave, há a denúncia do abandono dos pobres em detrimento do exercício de uma espiritualidade oca, que imaginava que Deus desejava que o abastado se privasse de pão por um ou dois dias, enquanto o faminto agonizava sem ter o que comer.
O único jejum que agrada a Deus é aquele que você faz para o benefício do outro, um jejum que remove a lepra da alma para torná-la sensível ao sofrimento humano, o jejum que traz algum proveito alimenta o coração de solidariedade, move mãos e pés na direção dos indigentes da terra, dos esquecidos e soterrados sem qualquer esperança.
Tudo o mais, para mim, é só fuleragem, não é necessário se fazer um curso para aprender o óbvio! Com o que está dito aí, você já está diplomado em jejum, não precisa de mais nada...
Carlos Moreira
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